Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta. (Einstein) But the tune ends too soon for us all (Ian Anderson)
domingo, 31 de maio de 2015
quarta-feira, 27 de maio de 2015
Reflexao-Alberto Gonçalves
Língua estufada
Quase nem valeria a pena lembrar o que aconteceu à língua inglesa. Durante séculos, foi falada e escrita de maneiras diferentes na Inglaterra e na Irlanda, na América e na Austrália, na Libéria e no Gana. Não era uma simples questão de cor local, mas uma tragédia que levava um sujeito de Norwich, em Norfolk, a rabiscar colour e um sujeito de Norwich, Connecticut, a preferir color. E nunca os governos dos referidos países, inspirados por académicos e cidadãos responsáveis, impuseram um padrão comum, que unisse a grafia de Monróvia, Uganda, à de Monrovia, Califórnia. Se houve gente sensata a propor a união, ninguém a ouviu. O resultado é o que se sabe: o inglês definhou e hoje apenas subsiste, para consolo de nostálgicos e excêntricos, no cinema, na televisão, na música popular, na Internet, nos jogos de vídeo, na diplomacia, em muita literatura contemporânea, em boa parte dos ensaios científicos e no jargão das ruas do Ocidente. O desleixo paga-se caro.
Felizmente que em Portugal não se brinca com coisas solenes. Por cá, a prevenção manda e mandou consagrar aquilo que, na alma navegante de cada lusófono, constituía uma necessidade gritante: um acordo ortográfico (AO) para o português. A ideia, inicialmente mastigada por duas dúzias de génios nos seus imensos tempos livres, tornou-se oficiosa em 1991, mereceu a aprovação do prof. Cavaco em 2008, subiu a regra nos documentos do Estado em 2012 e fez-se obrigatória há dias.
Não imagino que sanções se aplicarão aos prevaricadores daqui em diante (sugiro açoites na praça ou a digestão dos discursos da dra. Edite Estrela). Sei que o AO se mostrou fundamental na afirmação do português no mundo. À semelhança de um grupo coral de afónicos, uma língua repleta de "cês" mudos, por exemplo, não convenceria ninguém. Falo (e escrevo) por experiência própria: sempre que narrava um "facto" trivial a um estrangeiro, o fulano olhava-me com desprezo ou troça. Desde que passei a contar-lhe "fatos" é vê-lo encolher-se perante a pujança da expressão. E quem respeitava os acentos agudos nas paroxítonas? Sem acentos, o português -língua fica igual ao português -povo da gesta marítima: heróico, perdão, heroico.
Por enquanto, o AO permitiu que o idioma que já se praticava maravilhosa mas obscuramente nos romances, na academia, no jornalismo, na retórica política, nos programas televisivos e nas "redes sociais" indígenas alcançasse projecção, desculpem, projeção internacional. Em breve, graças às desenfreadas exportações livreiras (crescimento de cerca de 0% em seis anos, segundo a Porto Editora) e ao contágio do tipo ébola, a projecção, chiça, projeção vai transformar-se em domínio: os anglófonos, francófonos e etc. irão abdicar dos seus dialectos, mau Maria, dialetos e, enfim, ceder ao verbo de Natália Correia e Marco António Costa.
Não tarda, a Terra toda escreverá e falará como nós. Excepto, agora a sério, alguns países lusófonos que ignoram o AO, para irritação dos que, na língua, se afligem mais com a forma do que com o conteúdo. São os mesmos que, em matéria de livros, gostam de os cheirar, tocar e dormir com eles – e depois não lêem, irra, leem nada que preste. É tara de semi -analfabetos, raios me partam, semianalfabetos.
O BOM
A revolução em marcha
Há quatro anos que activistas e o dr. Soares rezam para que o povo saia enraivecido à rua. Em vão. O povo não se maça excessivamente com impostos, "cortes" salariais, o BES e a troika. Pelos vistos, a única coisa que enfurece as massas é o Benfica ser campeão, um mistério quando as massas em questão gostam do Benfica – cujas vitórias, para adensar a intriga, são conhecidas por estimular a economia, ao menos nos sectores cervejeiro e vidraceiro.
O MAU
Um argumento infantil
Apesar da recriação em Lisboa e Guimarães dos motins de Baltimore, a indignação da semana prende-se com o polícia maluco que desancou um adepto. E se a actuação do agente sugere vocação mais adequada às "claques" do que à ordem pública, não percebo o argumento que invoca a presença de uma criança em cena. Aparentemente, fazer-se acompanhar do filho oferece completa imunidade. É melhor que os criminosos a sério não descubram este vazio legal.
O VILÃO
Ai Jesus!
Antes de me desinteressar por futebol, deixei de ligar a clubes (era do Benfica) quando percebi que o objectivo dos adeptos é a humilhação do adversário: não importa a vitória dos "nossos", mas o prazer que retiramos da derrota dos "outros". Não sendo santo, prefiro reservar esse gozo a outras áreas da vida. Na bola, hoje, a minha única convicção é a seguinte: um País que disseca e venera cada frase do sr. Jorge Jesus é tão admirável quanto o próprio.
Alberto Gonçalves na Sábado (20.05.2015)
segunda-feira, 25 de maio de 2015
domingo, 24 de maio de 2015
Filme-Imparável (Tony Scott)
Já antigo, mas cheio de actualidade e emoção. Ou não fosse um filme do falecido Tony Scott, irmão desse outro grande realizador que é Ridley Scott.
quinta-feira, 21 de maio de 2015
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Reflexão-LBC
terça-feira, 19 de maio de 2015
Reflexão-LBC A "Festa do título" de 2015
(ou porque cada vez mais, vejo menos futebol!)
Ontem, em Guimarães, no estádio D. Afonso Henriques, o SLBenfica empatou com o clube Vimaranense. Aproveitando o empate do FCPorto no Estádio do Restelo, sagrou-se campeão, a uma jornada do fim.
Comemorou-se de maneira variada, como de costume...
Mas as que mais me sensibilizaram, para lá de antes do jogo nas imediações do Estádio, passaram por uma zona do Recinto Vimaranense e pelo Marquês de Pombal.
Sei que este fenómeno da violência, é extensivo a outros países, e paradoxalmente, bem mais desenvolvidos do que o nosso. Mas não entendo! Enquanto que a maioria dos adeptos deseja apenas estar com os seus semelhantes a comemorar um momento bem saboroso e, neste caso, parece-me pelo que oiço, merecido, existem outros, "pseudo-adeptos" que, sistematicamente, aproveitam para desestabilizar tudo à sua volta, exteriorizando todos os males que lhes vão na alma, nomeadamente o do ódio de estimação à civilização.
O assalto a que se assistiu no Estádio, a uma zona aparentemente reservada e fechada, não se entende. Queriam "vingar" o facto de o Guimarães ter feito o seu jogo, e não se deixar atemorizar com o momento? Ou fizeram aquilo, apenas por ser um clube do Norte? Ou aproveitaram a oportunidade? Ou, simplesmente, assistiu-se a mais um momento de violência gratuita de um sector de uma claque de futebol, que inclui um conjunto de rapazotes e adolescentes crescidos, recalcados, que deviam estar todos presos, ou numa instituição apropriada??
Ouvi, depois, incrédulo!, um dirigente do Guimarães, não só dizer que o Presidente do SLB se tinha oferecido para pagar os estragos (ainda bem que não morreu ninguém...), como remeter a culpa para a Polícia, pelo facto de não ter estado no local. Como? A Polícia? Então e quem cometeu os desacatos, não é "o" culpado? Não entendo.
Depois, em Lisboa, assisti pela televisão, com o queixo em baixo, ao despovoamento forçado do Marquês, a mais cenas entre as forças de segurança e alguns "adeptos", e mesmo de acordo com as notícias, entre adeptos!!?? É óbvio que não é a Polícia que é a culpada. Só quem quer enganar o pagode, e tapar o sol com a peneira é que pode concluir isto. Nas reportagens, é ver "a rapaziada" a atirar pedras e tudo o que tem à mão, para perceber onde está a origem da questão. Eles querem o confronto, eles provocam! E depois quando são apanhados, lamentam-se da "brutalidade policial".
Enquanto não se monitorizarem os movimentos dos cabecilhas das claques, enquanto não se mudar as cabeças da generalidade da população relativamente ao fenômeno desportivo em geral, mas ao futebol em particular, enquanto o "fenómeno do futebol" (...) não for reequacionado, enquanto as festas dos títulos não se limitarem aos estádios dos titulares e não ao espaço público, finalmente, enquanto a cultura continuar a ser apenas para alguns, vamos continuar a assistir e a lamentar acontecimentos como estes últimos.
Claro que no meio disto tudo, calhou que nem ginjas as imagens de um polícia a bater de uma forma completamente desproporcionada e desequilibrada, num adepto e num velhote, que não pareciam exactamente nem líderes de claque, nem adeptos dos "no name boys", nem assassinos contratados. Isto enquanto uma criança de nove anos assistia! Isto, claro que não ajuda à imagem das forças policiais...
Nem isto, nem saber que houve dezasseis (?) polícias feridos...
Mas isto vale o que vale: um polícia está para as centenas de colegas que honram a profissão, assim como uma centena de fdp está para as centenas de milhares de adeptos do SLB que queriam comemorar o título em paz.
Onde vamos parar? Ou será que...já parámos??!
Ainda se eles, as diversas claques entenda-se, "batessem uns nos outros"...
Reflexões
Se a tendência dos últimos tempos se mantiver, o filme que se perspectiva para depois das legislativas é uma sequela em tons cinzentos do que conduziu ao pedido de resgate em 2011. Tal como acontece na maioria das sequelas, o filme arrisca-se a ser de ainda pior qualidade do que o original, mas num aspecto não devem restar dúvidas: o final será muito semelhante. Caso venha a ser colocado em prática, o guião do regresso ao passado será uma receita para o desastre depois das próximas legislativas.
André Azevedo Alves no Observador (15.05.2015)
Nessa altura, dezenas de portugueses resolveram ir observar aquele paraíso "dólarizado", em que a classe média se prostituía e eles se pavoneavam fumando charutos e frequentando as praias, os bares e os restaurantes para turistas. Suspeito que gostaram; e sei que nenhum abriu a boca para contar o que vira. Agora, com a hipocrisia do costume, acordaram para um mundo diferente. François Hollande, essa criatura abjecta, foi logo fazer a sua corte ao velho senil e assassino Fidel. E, em Roma, Raúl Castro, hoje o homem forte da ditadura, anunciou que se preparava para rezar ao Altíssimo por S.S. o papa Francisco, que tanto tinha ajudado Cuba. A esquerda cá de casa delirou. São os mesmos de sempre.
Vasco Pulido Valente no Público (enviado pelo MVasquesO)
segunda-feira, 18 de maio de 2015
quinta-feira, 14 de maio de 2015
Cartoons
Reflexão-LBC
Hoje, 12.05.2015, fui ao Décathlon comprar uns calções de banho para as minhas aulas de hidroterapia. Demorei praticamente duas horas. E porquê?
Porque me recordei de uma outra história, esta passada há cerca de quarenta anos. Andava eu na altura entusiasmado com o voleibol, enquanto Junior, ou pré-sênior, do NVLGV. Precisei de uns sapatos de ténis adequados para o efeito. Ora, na altura, não havia lojas de desporto, a não ser uma da Adidas na R. Forno do Tiljolo, logo ao princípio, mas que não tinha sapatos de vôlei. Os únicos sapatos de ténis eram da marca Onitsuka, misteriosa e selectivamente comercializados num escritório da Lacoste, ali num primeiro andar da R. Filipe Folque, mediante se dizer que "se vinha da parte do professor Nuno Barros". Quase que uma seita! A última vez que lá fui, comprei dois pares, com a cor branca, listas azul e encarnada, daqueles que se dobravam todos, com uma sola finíssima, pesando pouquíssimo. Um achado! Uma compra milagrosa, cada um custando 300 escudos, creio.
Ora hoje de manhã lembrei-me dessa aventura. Entrei na loja da Décathlon, e antes de comprar os calções de banho, passeeie-me, demoradamente, pelas dezenas ou centenas de prateleiras de tudo o que se posso imaginar ligado ao desporto.
É, aliás, curiosa a diferença que existe neste meio, e que tanto me sensibiliza; desde o ambiente, à iluminação, passando pela multiplicidade da oferta, pelas cores, pela variedade dentro da especificidade do produto, tudo me fez demorar para apreciar um pouco mais pausadamente, o que hoje em dia esta nova sociedade, e neste ramo, nos oferece.
Claro que nem tudo é positivo. Num artigo que li ontem ou anteontem, começa-se novamente a regressar às raízes, ou seja, a reconhecer a mediocridade da oferta do produto "ginásio", em comparação com a gratuitidade e riqueza da prática ao ar livre. O que quer dizer que as pessoas tardam, mas reconhecem, que o que nos é oferecido encerra, por vezes, uma vacuidade e uma superficialidade de conteúdo, que não traz qualquer vantagem, de qualquer ordem, ao indivíduo. Ao que comercializa, não. Esse, tenta vender, por todos os meios, o barrete que ali está. Veja-se, a propósito, a mudança de política nos ginásios: deixou de haver obrigatoriedade em estar dois anos, oferecem agora a primeira mensalidade, semanas à borla, etc. E, claro, ginásios a fechar, são muitos. A velha história que tantas e tantas vezes aqui no blog tenho abordado.
Mas voltando ao Décathlon, e apesar de vacinado contra esta doença da obsolescência que vinga em todo o lado, sou obrigado a reconhecer o bom ambiente do local! Quanto ao produto, é necessário ir com a lição bem preparada para não se trazer, em vez de uns calções da banho, enfiar uns chinelos, uns óculos , uma pulseira para as pulsações, uma toca, uma toalha, etc...
(Apesar de não ter uma foto formal dos sapatos da Onitsuka, vou tentar incluir neste post uma foto tirada em Kieldrecht em 1981, onde estou com uma imperial dentro de um deles, deitado, a descansar.)
Quanto aos calções, e depois de muito procurar e experimentar, mas tendo em conta que ainda tenho três da Lacoste onde eu ainda me meto (...), foram baratos: seis euro. Experimentei outros por 3.95, em promoção, mas receei que depois da primeira lavagem, ficassem de outra cor, inclusive transparentes, o que no meio da piscina, confesso, me deixaria atrapalhado :)
segunda-feira, 11 de maio de 2015
Reflexão-LBC
Fosse quando tinha doze ou treze anos, no antigo cinema Politeama, quando encontrei uma nota de vinte escudos (S. António) e a entreguei ao pica bilhetes da entrada no cinema, ou quando em 1980, em Kieldrecht, no Torneio onde fomos jogar voleibol, e já com 27 anos, encontrei uma carteira recheada com mais de vinte mil francos belgas e o entreguei ao director do torneio, originando o reconhecimento público no último dia do torneio (há portugueses diferentes!...), fosse num ou noutro caso, escrevia eu, como eu reconheço esta história!
Cinco euros. A nota que valeu um louvor a duas crianças
domingo, 10 de maio de 2015
The Economist - train stations instead of train lines!
The future of Union
Liceu Gil Vicente 100 anos (10.05.2015)
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Livros lidos
"Le Futur"é um extraordinário livro de Al Gore. Foi comprado ainda na Argélia, naquela livraria, naquela espécie de Centro Comercial (onde ainda vi uns tapetes!), perto do (único?) monumento em betão das três folhas de palmeira, em que eles têm ainda, bem presentes, os fantasmas da guerra, com os franceses, pela independência.
O livro é uma perspectiva actualizadíssima dos males que nos assolam, bem como dos nos poderão ainda vir a assolar. Acusa as classes dirigentes, apenas movimentadas pelos interesses económicos (da ganância, esclareça-se) de terem contribuído para o tipo de sociedade que temos. Há muito tempo que não lia, de um político tão mediático, uma reflexão tão lúcida e descomplexada sobre o que se fez de mal, e sobre o que se poderá corrigir.
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Vicente-fotos
O punho esquerdo assim fechado, é uma coincidência! Asseguro!
Reflexão-Adriano Moreira no DN (06.mai2015)
O culto da impersonalidade
Num estudo, já de 2011, Mathieu Duchâtel, investigador dos problemas da Ásia, nas Sciences Po, usou o conceito do "culto da impersonalidade" para traçar a caminhada de Hu Jintao até reunir nas suas mãos e vontade a herança do pensamento legado pelo inovador Deng Xiaoping. Também nos ocidentais encontramos exemplos dessa política de apagamento da visibilidade, ao mesmo tempo que, entre outras práticas, procuram reservar a capacidade de falar ao ouvido do príncipe, com a imagem "de um tecnocrata apagado e consensual". É de admitir que a globalização tenha multiplicado os fenómenos assimiláveis, designadamente nas vastas redes burocráticas cuja constituição anda, até pela complexidade, afastada dos olhares das populações dos numerosos países que se congregam, e que frequentemente eles próprios usam o método da política furtiva, isto é, longe da intervenção ou do conhecimento dos eleitorados e dos parlamentos nacionais.
A evolução da União Europeia, designadamente na política do alargamento e da segurança e defesa, tem um passado refletido em muitos dos desafios que a inquietam, mas, nesta data de crise, a questão parece fazer crescer outro aspeto, talvez não novo mas subitamente avultado, no que toca às eleições para os cargos e encargos da governança interna que pertence à soberania sobrante de cada um. Um dos elementos desta situação é de expressão antiga, mas ganhando relevância a partir da crise, que é a substituição do conhecimento da identidade e das capacidades dos eleitos para os Parlamentos em listas partidárias, as quais tornam ignorados os candidatos pelo facto de ser a identidade do partido que avulta no chamamento e na determinação de voto do eleitorado. Muitas reformas do Estado, de tempos a tempos lembradas mas não concretizadas, fazem que permaneça um culto de impersonalidade que provavelmente priva a gestão do Estado de concorrência de capacidades que não apreciam o processo. Mas a questão agrava-se quando a disputa diz respeito a cargos individuais, aos quais é de esperar que concorram individualidades independentes, que podem querer preservar essa independência mesmo quando, em alguma época, passaram pelas exigências da habitualidade do sistema, que pode ele próprio estar frustrado quanto às intenções dos legisladores que o desenharam. Nestes casos, por toda a Europa, vai-se verificando que a intervenção dos meios de comunicação é dominante e que o comentarismo vai desempenhar uma função criativa no sentido de construir a imagem do candidato, eventualmente sem vida política relevante, e reserva no que respeita à sua intimidade.
O resultado, com probabilidade de não ter sido querido ou programado, é que o eleitorado seja chamado a votar numa imagem apressadamente criada, porque as pregações são curtas e as matérias são escassas, mas não sobre a realidade humana, insubstituível, discreta, que a cada um pertence. Os rituais das manifestações públicas pertencem mais ao Estado-espetáculo do que ao interior das coisas, e os desastres que temos visto destruir o projeto dos fundadores da União Europeia encontram aqui uma parte da causalidade, como que oculta, que os determina: os decisores que governam a União, pela maior parte não são do conhecimento personalizado do povo europeu. Ora, não faltam avisos de que o risco em que as sociedades europeias, e mundiais, vivem está em crescimento e não em regressão, pelo que o "culto da impersonalidade" não é o mais indicado: nem para os programas, nem para os proponentes, nem para os candidatos a qualquer das parcelas da responsabilidade e do poder de governar. Isto porque não chega assumir as teorias que são capazes de certezas de caminho único, também é indispensável conhecer a realidade dos candidatos. E nisto os meios de comunicação social, sobretudo em relação a casos de independentes, são um amparo indispensável dos eleitores, não do Estado-espetáculo.
Adriano Moreira no DN (07.05.2015)
Reflexão-João Lopes no DN (maio 2015)
No contexto português, há outra maneira de colocar o problema. E passa, inevitavelmente, pelo aumento galopante do número de filmes lançados nas salas, semana após semana. Sem qualquer exagero, pode dizer-se que esse número passou a ser, no mínimo, de sete títulos. Assim, por exemplo, para a próxima quinta-feira, 7 de maio, estão anunciadas nove estreias; para o dia 14, mais dez; para 21, outras dez...
Escusado será dizer que não se trata de deslocar a questão para qualquer avaliação dos filmes como "bons" ou "maus". Importa apenas colocar uma pergunta muito básica: onde é que está esse espectador utópico que tem disponibilidade e recursos financeiros para ir trinta ou quarenta vezes por mês ao cinema? Isto no país em que, em média, cada cidadão não chega a comprar dois bilhetes de cinema... por ano!
João Lopes no DN (Maio2015)
O simples facto de existirem filmes como A Humilhação significa que os tecnocratas do marketing dos "super-heróis" não conseguiram anular os valores mais primitivos de Hollywood. E que, mesmo no mais inapelável negrume, ainda há um cinema de atores.
João Lopesno DN (07mai2015)
sexta-feira, 1 de maio de 2015
Vicente
Chegou o Vicente. E com uma boa disposição inusual! Já imagina o que o espera, de forma que, toca de rir...A Ana ainda ficou combalida com a operação. Mas vai recuperar. Ou não fosse ela - e ele! - praticantes daquela modalidade que enrijece os mais empedernidos, o Yoga (ATENÇÃO - pronuncia-se Yôga!). Na visita que lhes fiz no Cuf Descobertas, e mesmo apesar das dores dela, era evidente a satisfação! Vai ser um "menino na mão das bruxas", ainda por cima neto único do lado dela.