quarta-feira, 22 de julho de 2015

Reflexão- Debate sobre o ateísmo

Debate entre Christopher Hitchens, Richard Dawkins, Dan Dennett e Sam Harris em 2007

terça-feira, 21 de julho de 2015

VetVals 14.07.2015


1-Carlos Amorim, António Sobral, Manuel Piedade, Luis Miranda, Mário Guerra, Carlos Barroso e Luis Costa
2-Zé Azevedo (de costas), Manuel Maria à direita, eu, João Valsassina, António Pires
3-Zé Azevedo, Manuel Oliveira e Alfredo duarte

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Reflexão (LBC)- Campeonato do Mundo de Andebol

Acabei de ver, no YouTube, a final do último Campeonato do Mundo de Andebol, disputado no Qatar, entre a França e o Qatar.

E se o Qatar tivesse ganho? O Qatar?, interroguei-me eu, enquanto via o jogo. A explicação veio depois. Na equipa do Qatar, apenas sete dos dezassete jogadores, tinham nascido no Qatar. Todos os outros eram "naturalizados". Desde espanhóis a egípcios, passando por sérvios, franceses, cubanos, bósnios, etc.

A França ganhou por 25-22. Mas, e se não ganhasse? Se a equipa do Qatar, constituída por jogadores de tantos países, tivesse conquistado o troféu?

Será que o dinheiro tem de comandar tudo neste mundo?
E se amanhã o Qatar, ou outra daquelas nações que vive de ter petróleo, e mata, ou manda matar, por não saber ter liberdade, compra os Messi e os CR7 deste mundo para fazer uma equipa maravilha e apenas para inscrever o seu nome na lista dos Campeões?

Há muito que não torcia tanto por uma equipa francesa.

E que dizer daqueles guarda redes? Daquela defesa do "guarda redes katarino" nos últimos segundos da primeira parte numa jogada aérea? Do único golo, em apoio, do Jerome Fernandez, 36 anos, na sua última participação enquanto jogador num Campeonato do Mundo?

 

Como é que as pessoas, e sobretudo os responsáveis, insistem em escamotear a realidade? Não querem ver? Tapam o sol com a peneira? Como é que se explica que uma nação que subsiste à custa do petróleo, queira subverter a verdade desportiva? Porque é disso que se trata, afinal. Convencer, através de um encaixe financeiro chorudo, uma dúzia de jogadores a representar um país do meio do deserto. E no final, depois da derrota, vai tudo para casa....



Claude Onesta, le sélectionneur de l'équipe de France, sacrée championne du monde dimanche, a avoué qu'il aurait «été peiné » que le Qatar, avec tous ses joueurs d'origine étrangère, gagne cette finale. «J'aurais été peiné, parce que ça veut dire qu'on aurait perdu. Mais j'aurais été peiné aussi, parce que je trouve que ce n'est pas le message qu'on doit envoyer.» «Je considère que quelqu'un qui a fait la démarche de demander la nationalité d'un pays, qui y vit, qui élève ses enfants dans ce pays, a tous les droits de jouer une compétition», a-t-il ajouté.

«Je trouve que ce n'est pas le message qu'on doit envoyer»«Mais quand vous avez des passeports temporaires pour une compétition, c'est un contournement de la règle», a-t-il estimé. «Je ne jette pas la pierre à l'équipe du Qatar qui est rentrée dans la règle, mais il serait dommageable de rester dans cette direction.» L'équipe finaliste du Qatar était composée de seulement deux joueurs nés sur le sol national et de 14 joueurs d'origine étrangère (Bosniens, Cubains, Égyptiens, Espagnols, Français, Iraniens, Monténégrins, Syriens ou Tunisiens).

Luiz Boavida Carvalho

 

 

Séries revisitadas (Game of Thrones 1 a 4)












LBC (côro da OE)









A inauguração da Exposição da Nicole, em 24.06.2015 na sede da OE, proporcionou a actuação do côro e, consequentemente, a minha segunda participação.

Pacheco Pereira (Biblioteca na Marmeleira)
























segunda-feira, 6 de julho de 2015

Reflexao-Hugo Gonçalves (DN)

Hugo Gonçalves no DN

O que resta do teu sangue

Não tenho nenhuma fotografia tua em minha casa e, no entanto, conheço de cor a sagacidade do teu olhar, a farda da Guarda Fiscal tão irrepreensível como os fatos de três peças com que sempre te vi e que levariam Don Draper a perguntar quem era o teu alfaiate. Eras bem mais bonito do que alguma vez fui ou serei, no entanto, quando a memória da tua mulher se converteu num caleidoscópio nublado, sem cronologia ou capacidade de reconhecimento, ela ainda colocava a minha cara entre os seus dedos velhos e retorcidos e, como se regressasse a uma aldeia raiana da Beira Alta no início do século passado, dizia: "És a cara chapada do teu avô." Temos as mesmas mãos, a mesma forma de andar, a mesma curiosidade, dizia ela, que te conheceu criança, nas ruas cobertas de neve onde miúdos descalços e mulas de carga coexistiam com o analfabetismo e o contrabando. Cresceste no lado certo da lei, mas tinhas irmãos contrabandistas, donos de cavalos que atravessavam a fronteira durante a noite com café, trazendo tabaco de volta - só os portugueses faziam essas viagens, os espanhóis ficavam quietinhos, e sempre me questionei se os outros eram maricas ou espertalhões, se os nossos eram bravos ou se apenas estavam mais aflitos. Gostava de perguntar-te isso e muito mais, mas era tão pequeno quando me disseram, à entrada de casa - as escadas de mármore reverberando a minha confusão, os dedos procurando outros dedos (da minha mãe?) para conseguir escalar os últimos degraus: "O teu avô..."
Lembro-me dos tubos e da imobilidade do quarto de hospital, a tua cara com mais rugas, o cabelo menos escuro, o murmúrio e os silêncios entre os graúdos, uma desesperança que a intuição de um miúdo podia descodificar pela inédita tristeza que, de repente, começava a infiltrar-se na candura do seu sangue.
Tu emigraste, o teu filho emigrou, o teu neto emigrou. Todos regressaram a casa. Quando voltaste, já com a farda da Guarda Fiscal, deixaste um primo cruzar a fronteira - a decência e a insurreição no equilíbrio certo -, alguém deu com a língua nos dentes, a PIDE foi falar contigo e despachou-te para o desterro de um posto no Alentejo, onde os teus filhos pequenos não tinham com quem brincar e a paisagem parecia o faroeste antes da chegada dos colonos. Andei por lá há uns anos, tentando descobrir o posto da Guarda. Parece que foi tudo afogado após a construção de uma barragem.
Já pouco resta de ti entre os vivos e, talvez por isso, ou pelo orgulho infantil que sentia sempre que a avó dizia "até a andar são iguais", olho para as minhas mãos e imagino as tuas - manobrando um volante quando decidiste aprender a guiar um carro após os 60 anos, segurando-me ao colo nas fotografias, cavando valas e erguendo paredes para construir um negócio que todos diziam ser uma loucura e que ainda hoje prospera. Quando visitei a aldeia onde nasceste em 1910, as pessoas falavam de ti como alguém que, educada e elegantemente, tirava o chapéu quando uma senhora passava na rua, um descobridor, um visionário. Talvez não fosse apenas a simpatia do exagero dos meus anfitriões, porque, antecipando o Skype, costumavas dizer que, no meu tempo de vida, as pessoas ainda haveriam de falar cara a cara pelo telefone.
Fazias o teu próprio vinho. Certa tarde, fui o teu colaborador. Enchias as garrafas na pipa e eu tinha de levá-las para a cozinha, onde o meu irmão lhes colocava uma rolha. Em cada viagem, eu dava um golinho, até que fui apanhado, e, em vez de castigador, celebraste a minha audácia, passando a contar a história a toda a gente. Nesse dia pareceu-me que gostavas de mim.
Por mais visionário que fosses, eras, afinal, um homem do teu tempo, crescido na rudeza de um país isolado que mais vezes preferiu dizer-te não do que sim. Voltavas a insistir sempre, apurando a resiliência, mas desarticulando o carinho e o amor. Era como se quisesses muito, mas não soubesses como. O coração amarrado puxava os netos para ti com uma autoridade que os olhos, mais ternos, por vezes não conseguiam acompanhar.
Parece que não eras uma pessoa fácil, mas nada poderei saber ao certo, o que resta de ti é aquilo que fui construindo de acordo com esta ideia, talvez ingénua, de que, por mais aleatória e curta que seja a vida, algo passa, algo avança, um movimento tão insignificante como a nossa existência se comparada com o tempo e o tamanho do universo - um propósito mínimo, mas épico, de ir para a frente com a ajuda do que veio antes. Já não sou um miúdo, tal como já não há ninguém vivo que te tenha conhecido em criança e que possa comparar-nos e aproximar-nos. Não me lembro sequer como andavas, mas, por vezes, sinto que, a cada passo que dou, estou a continuar o teu caminho todos os dias.



Livros-Bad Pharma

Ler um livro de Ben Goldacre, britânico, médico de profissão, aparentemente paladino da ética em tudo o que diz respeito à Medicina, é, verdadeiramente, uma pedrada, não  no charco, mas nesta sociedade que insistimos em desconstruir.