domingo, 28 de janeiro de 2018

Desporto - Roger Federer

E vão 20 com o Open da Austrália! É que não há mesmo palavras para definir atletas como este. A idade que exibe aliado às acções e reacções em campo, à personalidade que emana das declarações do visado em qualquer fórum, tudo é sintomático do extraordinário atleta e homem que ali vemos.
Quando recordo o tempo que nos media ocupam os jogadores e/ou treinadores de futebol e o que daquelas bocas regurgita, não posso deixar de reflectir na sociedade que alguns insistem em manter...
Estou como o outro: "não vou por ali"...

Dom Sancho - Visita Instalações C. da Marinha


Em 27.01.2018 visitámos as Instalações Centrais da Marinha


Dom Sancho - Visita Museu Militar

Em 20.01.2018 visitámos o Museu Militar






Reflexão - António Barreto (DN)

O Presidente da República tem uma maneira muito própria de intervir: exibe o seu optimismo, garante que o que deve ser feito está a ser feito e afirma que o governo está a tomar conta. Este comportamento tem vantagens e riscos. Os ganhos são evidentes e já tivemos várias experiências, a começar pelos incêndios e Tancos, por exemplo. O governo assobiava, mas perante a acção do Presidente teve de passar ao acto. Toda a gente ficou a ganhar. Mas os perigos são também evidentes. Com efeito, se vier a verificar-se que o governo não faz, o PR passa por mentiroso e fica na obrigação de tomar medidas excepcionais.
De qualquer modo, vivemos um período fascinante. O governo estabeleceu uma coligação inédita, fez uma aliança estranha e encontrou uma solução inovadora. O Presidente, por seu turno, definiu um estilo próprio, um comportamento singular e uma actuação imaginativa. Ambos, presidente e governo, estão a contribuir para a reforma política e para a criação de variedades constitucionais. É obra importante.
Não sabemos se este processo tem um fim feliz ou infeliz. Logo se verá. Mas, para compensar, há outros desenvolvimentos que podem ter desenlaces nefastos. A começar pela impunidade nas áreas dos grandes negócios e da corrupção.
Entre parcerias e aventureiros, há centenas de pessoas que lucraram com decisões dos governos, com medidas tomadas pelas administrações dos bancos e de empresas privadas e públicas, medidas essas e decisões aquelas pensadas para defraudar e roubar bens empresariais ou públicos. Há gente que enriqueceu, sem criar valor, só porque recebeu crédito sem garantias. Há gente que concedeu esses créditos e recebeu prémios. Há políticos e gestores públicos nessa condição. Há gestores privados, banqueiros e empresários nessa situação. Há sobretudo as decisões formalmente lícitas, que fizeram a ruína do sistema financeiro português! As designações de "crédito malparado" e de "imparidades" são eufemismos que, na maior parte dos casos, significam fraude, corrupção, gestão danosa, destruição deliberada de valor e locupletação indevida com cumplicidade política! Onde está esta gente? Onde estão os dinheiros que desapareceram?
São todos honestos até ser provado o contrário. São todos inocentes até se ter a certeza de que são culpados. Mas vai ser tão difícil, tão complexo demonstrar a culpa! As decisões dos governos que aprovaram projectos inviáveis, apoiaram créditos impossíveis, garantiram compradores inexistentes, deram aval a negócios improváveis e viabilizaram empreendimentos ruinosos serão sempre decisões políticas lícitas, com boas intenções e com a certeza da procura do bem comum. Demonstrar que tudo isso era uma armadilha e um assalto à riqueza pública vai ser praticamente impossível. E se tal for demonstrado, a incapacidade da justiça, os poderes dos advogados, a influência dos partidos e as artes imaginativas dos recursos e garantias farão que a maior parte desta gente nunca sinta a culpa, muito menos o castigo. Foi tudo a bem do povo. Mas entretanto faliram empresas, arruinaram-se bancos, desapareceram milhares de milhões volatilizados, foram dados sinais de que se pode capturar o Estado, vender papel que nada vale, oferecer crédito sem retorno, financiar obras sem viabilidade e apoiar projectos sem utilidade.
Estamos perante uma situação confrangedora de incompetência de polícias e de ladrões, quer dizer, de inspectores, procuradores, magistrados, secretários de Estado, ministros, gestores e banqueiros. Tire-se da cabeça a ideia ou a esperança de poder ver, um dia, na presente ou na próxima década, explicações cabais para o que se passou, esclarecimentos dos mistérios ocorridos, julgamentos e condenação de criminosos! De recurso em recurso, de adiamento em adiamento, de chicana em chicana, de impossibilidade em provar, de dificuldade em demonstrar, não haverá responsáveis nem culpados!

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Música - Face of a Faith (Nelly Mackay)


You are the light I follow
You are the face of a faith I love
Oh, my darling believe in me

You are the hymn I cover
You are the king of an Indian dove
Oh, my darling the fever in me

I wait for a while, I know
But I let it go, yes, I let it go
My fear is gone

You are the hope I cherish
You are the care of a prayer I love
Oh, my darling believe in me, in me
Believe in me

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Reflexões - Vários

...
Ao que eu respondo que as escolas de Economia entraram num profundo défice de formação quando os cursos se encurtaram e os estudantes de Economia deixaram de aprender política, saindo de lá convencidos de que as economias funcionam num universo socialmente abstracto e não em contextos sociopolíticos perfeitamente definidos. E ignorando que sem perceber adequadamente estes contextos, como funcionam e interagem, não sabem como funciona a economia. Não é por acaso que a vetusta LSE inglesa se chama efectivamente London School of Economics and Political Science.
A tudo isto acresce o défice congénito da classe política, que sabe muito de politiquice mas muito pouco de ciência política e sobretudo de geopolítica. E que por isso não consegue sequer perceber o que está em jogo no futuro do país. Por isso, o Estado (e grande parte das elites) não tem pensamento estratégico e o país não tem um Conceito Estratégico Nacional propriamente dito.
Vitor Bento (DN 20.01.2018)


...A Comissão Nacional de Eleições zela por nós com um desvelo de jardim-escola, definindo o que devemos e não devemos fazer no dia das eleições. Nada de futebol nesse dia; nem sexo, nem carnes vermelhas, nem saltar ao eixo – só eleições. Qualquer outra atividade pode “potenciar a abstenção”. Como somos gente que se distrai por tudo e por nada, o governo prepara-se para “proibir espetáculos desportivos em dia de eleições” – o que se aceita desde que, no resto do ano, se proíbam políticos de se ameijoar na tribuna dos estádios a dar abracinhos aos dirigentes do futebol. Peço humildemente ao governo que na sua lei não se esqueça de mandar encerrar os cinemas e os teatros, bem como livrarias, cervejarias de bairro, restaurantes tailandeses e bares de strip-tease. Em caso de eleições durante o estio, vede-se o acesso às praias ou expulsem-se os banhistas a partir do meio-dia; durante a invernia, as autoridades podem perfeitamente proibir a chuva e os passeios à Serra da Estrela (para onde, já agora, serão desterrados os que faltarem a sessões no parlamento para ir ver jogos de futebol).

Francisco José Viegas no blog "A origem das espécies" (Set2017)



...Terça-feira. A PSP coloca um aviso na sua página de facebook explicando aos jovens que não devem engolir cápsulas de detergente. Isto é Portugal em 2018: o Governo proíbe as crianças-pais de comerem queques nos bares dos hospitais já a PSP faz comunicados explicando às crianças-filhos que não devem engolir cápsulas de detergente.
Ao confundirmos a sociedade do bem estar com um estado-recreio acabámos desconcertados num mundo em que os governos, para mais se socialistas, determinam desde os ingredientes das sandes à composição sexual dos conselhos de administração das empresas e em que consequentemente proliferam a desresponsabilização e a imbecilidade.
(Helena Matos no Observador 21.01.2018)

...Mas não é preciso sequer pensar muito para se perceber que nem os jogadores que compõem o atual plantel do Sporting nem o futebol do clube têm um passado recente de muitas vitórias. As exceções serão Coentrão e, até certo ponto, Mathieu. Os outros, mesmo que a política desportiva do clube tenha mudado com Bruno de Carvalho, podem mesmo ter desenvolvido um determinado nível de resignação próprio daqueles para quem não ganhar é o mais normal e, por isso, aceitável. Rui Patrício é um guarda-redes de classe Mundial, já é o segundo jogador que mais vezes representou o Sporting - e em breve será o primeiro -, mas não sabe o que é ser campeão nacional. Como não o soube Luís Figo, como o não souberam Cristiano Ronaldo ou Nani.
Como se muda isto? Com todos os defeitos que tem, sobretudo na comunicação obsessiva e muitas vezes incorreta acerca dos adversários, Bruno de Carvalho tem feito por isso. Passou a recusar a saída dos jogadores antes de atingirem um determinado nível de serviços prestados. Está a reforçar a equipa de uma forma massiva, apetrechando-a de soluções que, em termos futebolísticos, lhe adivinham melhorias. Se é uma aposta consciente ou uma fuga para a frente, capaz de levar o clube a grandes dificuldades, o futuro o dirá - e este texto nem é acerca disso. Mas tomara o Sporting que mais jogadores tivessem sentido os índices de revolta de Coentrão depois do empate em Setúbal, ainda que sem partir nada. E tomaram os sportinguistas que ser "feito de Sporting" fosse aquilo e não as promessas tantas vezes repetidas de "levantar a cabeça" e esperar com resignação por dias melhores.
(António Tadeia no DN 20.01.2018)

...Algumas das 88 propostas do pacto da justiça têm o seu interesse, outras não fazem qualquer sentido. Mas a ideia que subjaz ao pacto é uma ideia perversa. Ao exigir-se que os operadores judiciários se ponham de acordo para, depois, os políticos executarem esse acordo, está-se a enfraquecer a capacidade reivindicativa dos profissionais e a contribuir para irresponsabilizar os agentes políticos na área da justiça. Na verdade, os consensos obtidos entre entidades com sensibilidades muito diversas são, normalmente, apenas sobre questões vagas, impedindo assim a resolução das questões verdadeiramente importantes. O pacto da justiça corresponde, por isso, a uma solução neocorporativa, totalmente inadequada a uma democracia avançada. Os advogados e os cidadãos podem fazer uma simples pergunta: a sua situação melhorou ou piorou em consequência das medidas do pacto da justiça anterior? A meu ver, a resposta é que piorou consideravelmente. E o mesmo se vai passar em resultado do pacto agora assinado.

(Luis Menezes Leitão in jornal "I" 23.01.2018)

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

sábado, 20 de janeiro de 2018

Reflexão - Obras (Costa de Caparica)

Há não muito tempo, esta cobertura foi erigida para um parque de estacionamento perto do paredão da Costa de Caparica. Está neste estado. Quem terão sido os pobres que terão estacionado debaixo da linha de oxidação que se vê nas imagens?




Séries - Jericho


Sobre a construção de um dos viadutos mais conhecidos na Grã-Bretanha, mas longe das expectativas criadas com os primeiros episódios. Contradições, pontas soltas, nada que se pareça com uma produção daquelas ilhas.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Reflexão - António Barreto


A inocência perdida
A nomeação, pelo Presidente da República e sob proposta do governo, do procurador-geral da República é dos actos mais sérios do elenco de competências dos titulares de órgãos de soberania. A seriedade deveria ser a regra, o que não exclui debate. Transformar aquela designação, a quase um ano de distância dos prazos devidos, numa cena de intriga não é próprio de uma República decente. Governantes, partidos, jornalistas e gente avulsa já se encarregaram de estragar a próxima nomeação, de que alguém sairá mal.
Como é evidente, há, em teoria, várias soluções para o problema. O mandato pode ser sem renovação. Ou só com uma, ou duas ou três. Ou sem limite. Há em Portugal soluções para todos os gostos: o Presidente da República, os presidentes de câmara e de junta de freguesia, os juízes do Tribunal Constitucional, o procurador-geral da República, o Provedor de Justiça, o presidente do Tribunal de Contas, o governador do Banco de Portugal e outros. Quando o legislador quis estabelecer limites, estes ficaram explícitos. Se não estão, é porque não há. Gostemos ou não. Todas as soluções são legítimas e legais desde que expressas na lei. Cada um pode gostar mais de uma ou de outra, é seu direito. O que não se pode é divagar sobre as intenções do legislador conforme as conveniências pessoais. Mas parece que é por causa disso, das divagações, que há tantos juristas e gente que sabe tanto de direito!
Por mais legítima que seja, por mais racional e cuidada que venha a ser, qualquer decisão ficará sempre marcada pela intriga. O próximo PGR nascerá estigmatizado por uma espécie de reserva de desconfiança. A escolha ficará para sempre sob suspeita. Para salvar ou condenar Sócrates? Para liquidar ou ressuscitar Salgado e o Grupo Espírito Santo? Para ocultar ou trazer à luz do dia administradores do BES e do GES que se têm mantido na sombra? Para ajudar ou prejudicar os socialistas? Para sentenciar ou poupar Granadeiro, Bava, Vara, Penedos, Vicente, Oliveira e Costa, Lalanda, Macedo e outros? Para afastar do horizonte ou renovar a questão da lista das 200 personalidades dos Panamá Papers de que tanto se fala? Para arredar de uma vez por todas ou trazer à superfície o persistente rumor sobre as gravações alegadamente nunca destruídas das escutas telefónicas de Sócrates e de muitos políticos e empresários?
As razões para desconfiança são muitas. Mas uma coisa é certa: a próxima nomeação não será inocente. A escolha será feita por causa dos boatos. Qualquer que seja a decisão, haverá desautorização, cedência, recuo ou derrota de uma ou várias figuras centrais do Estado: ministra, primeiro-ministro, procuradora e Presidente da República. Não é muito saudável.
A renovação do mandato da actual procuradora (que parece ter feito excelente trabalho) ou a sua substituição têm de resultar da vontade explícita do governo e do Presidente da República. Creio que nunca saberemos o que pensam a ministra, o primeiro-ministro, a procuradora e o Presidente da República. Só sabemos que há gente interessada em liquidar o fim do mandato da actual procuradora, em tornar ilegítima a nomeação futura, em fragilizar o Presidente da República e em perturbar o curso de alguns dos mais difíceis processos da história do país dos últimos cem anos!
Aliás, não passou despercebida a coincidência, no tempo, entre a intenção de substituir a procuradora, a recordação dos "casos das adopções da IURD" e a apresentação, ao Presidente da República, de um primeiro rascunho para um Pacto de Justiça proposto pelos corpos e sindicatos.
É cada vez mais possível que nunca haja julgamento das figuras importantes da política, do Estado, dos partidos, da economia e da banca. Que nunca haja legislação eficaz sobre corrupção. Que a crise da Justiça se desenvolva. Que o Pacto de Justiça, já hoje mal nascido, seja enterrado. Este debate sobre a nomeação da procuradora é desnecessário, extemporâneo e muito prejudicial, além de perversamente orientado. É um atentado à Justiça.

domingo, 14 de janeiro de 2018

ANO 2017 ( RESUMO )

- Decisão da Segunda Instância do Tribunal da Relação condenando a Consulgal e reiterando a decisão do Tribunal do trabalho Maio 2017
- Nasceu o Francisco na Suíça 12 Maio 2017
- Leilão do recheio da Carlos Mardel pelo Palácio da Memória em Maio 2017
- (Adiamento sine die da Operação ao ombro esquerdo).
- Festa da Universidade D. Sancho em 03 e 04 de junho no Teatro Azul (peça de Romeu Correia - As 4 estações)
- Côro da Ordem dos Engenheiros em Albufeira (Maio), Cinema Roma (Maio), Igreja da Madre de Deus, Penha de França, Ordem dos Engenheiros
-o incêndio de Pedrógrão Grande e o roubo de armamento de Tancos
-orçamentos vários para as obras da Carlos Mardel
-perda de memória súbita entre 13.07 e 14.07, em Lisboa no apartamento dos pais da Isa, no dia anterior ao da partida para Caldas de Felgueiras, com ida à CUF Infante Santo
-mini férias em Caldas das Felgueiras
-obras na Carlos Mardel iniciadas em Setembro 2017
-A Bela e o Monstro (peça de teatro musical com encenação do Diogo Novo) estreada no Fórum Romeu Correia em Almada em 12.11.2017, com mais sete representações em 07, 09 e 10.12.

Reflexão - LBC

(a propósito das respostas de Rui Rio e Santana Lopes às perguntas sobre arte que lhe foram colocadas na televisão)


1 - Ouvi ambas as entrevistas e as respostas que eles deram e a que na reportagem se referem. 

2 - Nem todos os que não vão ao teatro como Rui Rio, ou confundem as épocas históricas, como Santana Lopes são "menores" de espírito por...não terem em conta as artes como outros as têm. 

3 - Têm todo o direito - porque não só estamos em democracia, como os gostos são de cada um -, de se alhear das coisas da cultura. 
Gostarão certamente de outras. Não os critico por isso. Prefiro esse posicionamento do que a hipocrisia da maioria dos que nos (des)governam a tentar colar-se às coisas da cultura porque...parece bem...

4 - Critico os "exclusivistas" das artes quando apontam as baterias a políticos que não seguem o que, de acordo com eles, deveriam seguir. De acordo com aqueles, quem não gosta de teatro, ballet, cinema ou outra forma qualquer é um ser inferior (vidé o caso de Pacheco Pereira). 

Finalmente, sabemos onde essas obsessões por vezes nos levaram... 

bjs

(Fala quem, como bem sabes, gosta e pratica várias facetas das artes)

Reflexão - (LBC) sobre o PSD

Com tantos novos valores que o PSD tem, porque é que se tem de escolher Rui Rio (ou Santana...) para líder??
Com uma mente como Carlos Moedas, Miguel Moreira ou até Paulo Rangel, esta insistência em "velhos" intriga-me sempre.


sábado, 13 de janeiro de 2018

Reflexão - Nuno Garoupa

A inexistência de conflitos de interesses em Portugal resulta da confluência de três explicações que se reforçam. Primeiro, ao arrepio das boas práticas internacionais e de outras culturas, só há conflito de interesses se a lei diz que há. Portanto, se a lei não proíbe, então não há conflito de interesses. A moral pública coincide perfeitamente com a lei - tudo o que a lei não proíbe já sabemos que é ético e moral. A fim de evitar as estéreis discussões sobre moralidade e deontologia, que incomodam outras sociedades, em Portugal, felizmente, combinou-se que, desde que não haja um ilícito, tudo é louvável. Segundo, pessoas honestíssimas nunca enfrentam conflitos de interesses. Logo insinuar que há uma situação de conflito de interesses implica naturalmente suspeitar da honestidade do sujeito. Ora, basta ser um membro da elite portuguesa para tal insinuação ser gravíssima. Por exemplo, se Jorge Coelho e Silva Peneda, para dar dois exemplos de figuras públicas de partidos distintos, atestam publicamente que Vieira da Silva é uma pessoa honestíssima, imediatamente devem cessar quaisquer dúvidas sobre conflitos de interesses. Generalizando, em Portugal, só poderia haver um qualquer indício de conflito de interesses quando a pessoa em causa não estivesse certificada como honestíssima pelas figuras públicas. Terceiro, impondo-se um princípio de presunção de inocência, só podemos identificar conflito de interesses quando ficar amplamente demonstrado que o sujeito do dever público cedeu indevidamente perante um interesse privado. Ou seja, apenas podemos saber que o conflito de interesses existiu depois de provada (e transitada em julgado) a corrupção. Como se ambas fossem a mesma coisa.
Na verdade, as elites portuguesas convivem com os conflitos de interesses há séculos. A tradição dos múltiplos chapéus, da acumulação de sinecuras, da plasticidade de nomeações, das amplas portas giratórias entre o Estado e o mundo económico é, em si mesma, o cimento de uma cultura que tolera e estimula os conflitos de interesses. Isso distingue as elites inclusivas e produtivas de outras sociedades daquilo que sempre foram as nossas elites predadoras e rentistas.

Reflexão (LBC) - Rui Rio

Sempre tive um sentimento contraditório quanto à candidatura de Rui Rio. Que não quanto à sua personalidade, ao seu carácter, ao percurso político, ao profissionalismo e à maneira de estar! Estes são, pelos anos que já levo,  e no meu modesto entender, intocáveis senão modelares
Se por um lado desejava que o fizesse, esperançado na vitória do "último"  representante sério da classe política nas próximas legislativas, alimentava, por outro, a secreta esperança que ele não o fizesse, já que assim preservaria a ideia de que ele não se "mistura" com a vulgaridade e mediocridade exibida pelos pares.
Se há mais de 25 anos que não voto devido a não gostar de ser consecutivamente enganado, estou agora indeciso quanto a sair de casa nas próximas legislativas para votar. Em Rui Rio, claro!
Aguardemos pelos próximos episódios


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

TKM - Dom Sancho (Hosp. Capuchos)

Visita em 09.01.2018 ao Hospital dos Capuchos, ao Museu de Dermatologia Dr. Sá Penella.





quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

sábado, 6 de janeiro de 2018

Reflexão - Alberto Gonçalves

Uma crónica mais ou menos sobre futebol (Alberto Gonçalves)

Por regra, misteriosamente ausente das recomendações da Protecção Civil e da Direcção-Geral da Saúde, fujo das televisões nacionais com o afinco com que corro da gripe. Não escapei de nenhuma. Há dias que consumo quantidades inusitadas de lenços de papel e há dias que não me sai da cabeça certa reportagem.
A propósito das trafulhices em que o nosso portentoso futebol é pródigo, um canal qualquer passava em repetição as imagens do que presumi ser um convívio, talvez já antigo, entre o presidente do Benfica e uma data de deputados da nação. Numa sala vasta, o tal presidente passeava bigode, soberba e classe, o exacto tipo de classe que, inspirados por sofisticação paleolítica, os “agentes desportivos” têm vindo a aprimorar. Os deputados, de todos os partidos, passeavam devoção e aquele tipo de excitação que atinge a plebe da Coreia do Norte ante a proximidade do Líder. À passagem de Sua Excelência, que mal lhes dirigia um olhar, aqueles bonequinhos derretiam-se em sorrisos e precipitavam-se para disputar a honra de um cumprimento. Os mais ousados arriscavam uma “selfie”. Era evidente a importância que atribuíam ao momento. Também era evidente que a espécie humana dificilmente consegue descer tanto.
Esclareço que, para mim, é irrelevante o “benfiquismo” do repulsivo evento acima. Suponho que haja eventos similares, e similarmente repugnantes, com deputados do Porto e do Sporting (dado que a raça aprecia notoriedade, é pouco provável que muitos parlamentares compareçam em pândegas do Arouca). Embora descenda de jogadores e treinadores da bola, goste de rever habilidades de Pelé, Cruyff ou Futre e goste imenso de jogar a ocasional partida (a extremo-direito, sem surpresas para os detractores desta coluna), dedico aos clubes um desinteresse só comparável ao dos meus cães pelo Orçamento de Estado (é nulo, para não restarem dúvidas). Em criança, dizia-me, sei lá porquê, “do” Benfica. Hoje, sei lá porquê, prefiro que ganhe o Porto, desde que isso não me obrigue a ver jogos e, Deus misericordioso me livre e guarde, a discuti-los.
Sou, aparentemente, um caso raro. E, dado que nunca ouvi os meus amigos discutirem futebol, estou aparentemente rodeado de casos raros. A norma, pelo menos a acreditar no universo dos canais “generalistas”, é as pessoas não fazerem outra coisa. Quando não se empenha em louvar o governo, publicitar os “afectos” do Presidente ou, na CMTV, dissecar crimes suburbanos, a programação televisiva é quase integralmente preenchida pelo “fenómeno” futebolístico. O fenómeno, no sentido que se dava às atracções de circo, é inegável. Metade do tempo é investido a transmitir a bela retórica de dirigentes, “místeres” e adeptos, as deslocações dos autocarros de sítios para sítios e, nos canais que não pagam os “direitos”, quatro ou cinco pasmados a relatar um jogo inteirinho. O tempo que sobra (cerca de 40 horas por serão) é para a “análise”.
A “análise” é peculiar. Nela, deputados, “politólogos”, juristas, médicos, músicos, empresários, jornalistas, ex-praticantes e o que calha tentam provar a superioridade divina do clube da respectiva preferência e, por extensão, a sua própria superioridade. No processo, indivíduos adultos trocam o que julgam ser argumentos a propósito de penáltis, foras-de-jogo, cartões amarelos e, em suma, a relevantíssima “questão” da arbitragem. Um leigo olha para os árbitros e constata apenas que usam nomes esquisitos, gel e patilhas fininhas. Os especialistas gastam dias a fio na interpretação de cada apitadela e, recentemente, de cada intervenção do VAR, acrónimo alusivo ao “vídeo-árbitro”, de facto um sujeito com gel a fitar um ecrã. A intervalos regulares, os especialistas lembram que a missão dos árbitros consiste em obstar à glória do clube deles. Porém, lembram de seguida, nada os vergará no caminho para o “título” e acabarão a “época” a celebrar a profunda vileza da porção da humanidade que não simpatiza com o Benfica/Porto/Sporting (riscar os que não importam e, aliás, deviam ser exterminados a golpes de “very-light”). Às vezes, um especialista que fracturaria o fémur num desafio de dominó, entra em franca alucinação e começa a imaginar-se membro da equipa que apoia: “Eu perdi por culpa do bandeirinha”; “Eu joguei impecavelmente”; “Eu serei campeão”; “Eu chamo-me Napoleão”; etc. Conversa de café? Com certeza, se o café em causa for o do Magalhães Lemos.
Não quero insultar ninguém, mas é plausível que quem se presta a figuras idiotas seja realmente idiota. Alguns nem esse estatuto atingem e, ao que consta, precisam que terceiros lhes escrevam as “opiniões” que exibem com orgulho. O futebol falado atrai tanta gente justamente por ser simples e permitir a criaturas igualmente simples a ilusão de que dominam um assunto. Se disserta sobre os refugiados sírios ou o sufoco fiscal, a maioria dos comentadores produz um amontoado de clichés capaz de envergonhar uma criança. Nas tretas da bola, os clichés dão pontos e a vergonha é conceito obscuro. Os especialistas em futebol são “especiais” na acepção politicamente correcta do termo. E se não são, parecem.
Na perspectiva optimista, há nisto um estimável potencial de integração: enquanto “debatem” as “polémicas” da jornada, os tontinhos não andam na rua e na droga. A perspectiva pessimista nota que os tontinhos são inúmeros e, o que é pior, andam no Parlamento e em lugares de poder e influência. A perspectiva apocalíptica desconfia de que a proliferação de tontinhos exige um vasto público que os consome e legitima, um público que essencialmente não se distingue dos participantes do “Mais Bastidores” e do “Dia Seguinte”, um público representado na perfeição pelos deputados que elege, um público cuja aptidão para engolir a palha futebolística é aquela que o leva a engolir tudo a pretexto de tudo, um público que define uma sociedade e um país que não batem bem da bola.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Séries - W Pines


Já há uns tempos que não desistia de ver uma série a meio.
A paranóia de inventar novos argumentos, inovadores, completamente diferentes de tudo o que apareceu até à data, tem limites. Pelo menos para mim!