-https://www.youtube.com/watch?v=1xpUjG9vREk
Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta. (Einstein) But the tune ends too soon for us all (Ian Anderson)
Série alemã de 4 episódios, baseada no romance de sucesso de Dorte Hansen, que acompanha três mulheres de três gerações em busca de um novo lar
Três mulheres, três gerações. Uma quinta na pitoresca e idílica região de Altes Land é o cenário de uma história comovente e pouco convencional, uma notável adaptação literária sobre a Alemanha das nossas mães e avós, e sobre o trauma da fuga e exclusão que ainda hoje afeta muitas famílias.
Vera vive uma vida isolada numa quinta na região de Altes Land e só mantém algum contacto com Hinni, o vizinho mais próximo. Aí permanece na casa onde ela e a mãe ficaram alojadas como refugiadas de guerra, quando fugiram da Prússia Oriental em 1945. No funeral do pai adotivo, Karl, Vera reencontra a meia-irmã Marlene, mas o encontro abre velhas feridas. Vera fecha-se na velha casa da quinta com os dois cães até que a sobrinha Anne lhe aparece à porta, com o filho de quatro anos Leon, à procurar de um lar onde criar raízes. Vera fica cética, mas reconhece a situação de Anne e o que é sentir que não se pertence a lugar nenhum. Vera e Anne são estranhas uma para a outra, mas têm muito mais em comum do que poderiam imaginar...
(LBC - Tanta luta, tanta reivindicação, tantas manifestações, tantos exageros mas, depois, não ligam ao que é verdadeiramente importante e INJUSTO)
Os republicanos na Casa dos Representantes iniciaram, esta semana, mais uma etapa da luta que têm vindo a travar contra as atletas transgénero nos Estados Unidos da América.
Na terça-feira, o congressista republicano Jim Banks submeteu uma petição para reforçar a proposta de Lei pela Proteção de Mulheres e Raparigas no Desporto, com o objetivo de impedir as atletas transgénero de competirem no escalão feminino das competições desportivas.
Esta proposta de lei foi introduzida em 2021 pelo também republicano Greg Steube, mas ainda não foi aprovada. O movimento ganhou força novamente depois de Lia Thomas, uma atleta transgénero nascida inicialmente com o sexo masculino, ter conquistado uma medalha de ouro no campeonato universitário de natação feminina no mês de março.
A petição conta, segundo o Daily Mail, com 62 assinaturas de congressistas que pretendem que a proposta de lei seja votada antes de novembro. Contudo, são necessárias 218 assinaturas — ou seja, a mesma vai ter que contar com o apoio de democratas — para que a proposta de lei seja discutida antecipadamente.
Jim Banks afirmou que os republicanos “devem fortalecer a proteção das atletas femininas ao forçar os democratas a declarar publicamente se apoiam os direitos das mulheres a competir em terreno igualitário“.
Pemitir que homens biológicos compitam nos desportos femininos é anti-ciência e uma afronta às atletas femininas em todo o país”, defendeu também o republicano Greg Steube. “Temos visto esta prática impedir atletas talentosas de alcançarem os seus objetivos, retirando-lhes títulos e bolsas de estudo.”
Em janeiro, a Associação Nacional de Atletas Universitários estipulou que as entidades reguladoras das modalidades é que são responsáveis por dar o aval, ou não, a um atleta transgénero para competir. Com esta norma, a Associação de Natação dos EUA permitiu a Lia Thomas competir na modalidade feminina uma vez que esta já tinha completado um ano de tratamento hormonal. Mais tarde, a associação alterou esta norma, passando o período mínimo de tratamento hormonal de um ano para três.
(sublinhados meus)
Will Thomas vestiu o disfarce de Lia, e numa brincadeira de Carnaval, infiltrou-se nas competições femininas de natação, e, por e simplesmente, bate recorde atrás de recorde.
Este subtítulo podia muito bem ser uma mera sátira referente a uma partida carnavalesca, mas infelizmente, apesar do tom irónico implícito nele, na realidade a sátira não é de todo descabida.
A ideologia de género já nos habituou à imposição da aceitação das mais esdrúxulas e extravagantes formas de moldar e adulterar o sexo humano, mas neste momento importa traçar uma linha encarnada, uma vez que a liberdade da expressão destas pessoas e desta agenda começa a agredir implicitamente o modo de vida alheio. Will Thomas, ou, como na gíria agora lhe chamam, Lia, é admitido nas competições de natação universitárias femininas dos EUA, e, assim que chega à altura de nadar de um lado ao outro da piscina, bate todas as rivais e vai colecionando recordes atrás de recordes. Tudo seria absolutamente justo e meritório, não fosse na verdade Lia uma pessoa do sexo masculino que, fazendo uso da liberdade de autodeterminação que lhe é conferida pela lei, realizou um procedimento de reconfiguração de género para adotar certas características físicas que a fazem parecer-se mais como uma mulher. De acordo com a ciência e a biologia, Lia não deixou de ter o seu sexo definido pelo par de cromossomas XY, no entanto foi aceite na competição destinada às mulheres em nome da “igualdade”. Mas haverá verdadeiramente justiça nesta decisão?
Vamos aos factos, algo que a ideologia de género tanto detesta, mas não poderemos deixar de analisar este problema sem recorrer ao que a ciência nos diz: de acordo com o artigo “Transgender Women in the Female Category of Sport: Perspectives on Testosterone Suppression and Performance Advantage” publicado no periódico neozelandês Sports Medicine “as pessoas do sexo masculino têm uma massa muscular maior e mais densa, assim como um tecido conjuntivo mais rígido”. Têm igualmente “massa gorda mais reduzida e distribuição diferente da gordura corporal e massa muscular magra”, além de que têm também “uma estrutura esquelética maior e mais longa” e “uma função cardiovascular e respiratória superior”. Analisados estes factos concluímos que uma pessoa do sexo masculino tem “uma relação aumentada de potência/peso e a forma dos membros superiores e inferiores em desportos onde isso pode ser um determinante crucial de sucesso”. Analisadas estas circunstâncias, é clara a vantagem que os homens têm face às mulheres em modalidades deste tipo. Ao analisarmos o caso específico de homens que passaram por tratamentos hormonais para redefinição de género, como a supressão de testosterona, o mesmo estudo diz o seguinte: “Dada a manutenção da densidade mineral óssea e a falta de um mecanismo biológico plausível pelo qual a supressão de testosterona possa afetar as medidas esqueléticas, […], concluímos que a altura e os parâmetros esqueléticos permanecem inalterados em mulheres transgênero e que a vantagem desportiva conferida pelo tamanho esquelético e a densidade óssea seria mantida apesar das reduções de testosterona em conformidade com as diretrizes atuais do Comitê Olímpico Internacional.” Importa ainda dizer que um outro estudo, com o título de “Transsexuals and competitive sports” publicado em 2004 mas que continua a ser frequentemente citado a nível de fisiologia do exercício e biomecânica em 2022, conclui que: “a supressão de testosterona em mulheres transgénero não reverte o tamanho do músculo para os níveis feminino.”
Analisada esta discussão à luz dos factos e da ciência fica clara a absoluta injustiça e falta de ética que configura a aceitação de “mulheres transgénero” em competições desportivas femininas. É igualmente chocante que muitos setores do movimento feminista permaneçam em completo silêncio perante uma nova tendência social que constitui um enorme atentado à igualdade entre mulheres e homens. O acto de permitir que homens entrem em competição na categoria feminina só porque passaram por tratamentos hormonais de reconfiguração de género constitui uma grosseira violação da verdade desportiva e um enorme vazio de ética e deontologia no desporto pois torna completamente desnivelada toda e qualquer prova que se realize nestes moldes. Certamente não nos imaginaríamos a ser adeptos de uma modalidade desportiva em que um ser humano compete com um extraterrestre com capacidades físicas muito superiores, em que o humano, fizesse o que fizesse, nunca o conseguiria vencer …. Então, que sentido e interesse tem, ver uma competição desportiva onde um dos participantes tem uma vantagem física explícita e cientificamente comprovada, e onde a sua vitória é garantida em condições normais de competição? O Futebol teria tanto interesse e tanta procura se de um lado jogassem 11 jogadores e do outro lado jogassem 6?
A Ideologia de Género e a agenda do lobby trans não vão parar por aqui, e além de tentarem destruir a essência do desporto, a sua “luta” começa a ganhar contornos perigosos e autoritários. Uma pessoa que se mostre discordante com a sua agenda é rapidamente alvo das mais diversas tentativas de isolamento da sociedade comum. Ou paramos de vez, e já, com a loucura transalienígena, ou em breve estaremos todos vergados a uma agenda doutrinária que irá tiranizar a nossa gramática, a nossa cultura, a nossa liberdade de expressão, a nossa liberdade religiosa e a forma como educamos os nossos filhos.
Há já alguns dias que se anunciavam dias com calor excessivo. Mesmo assim, foi este o cenário com que me cruzei hoje, 13.07.2022, quando regressei da aula de hidroginástica na Cova da Piedade pelas 12.30 (...).
Dezenas, sim !!, dezenas de camionetas com crianças a virem das praias da Caparica.
Não "me contaram", não "ouvi dizer", não! Vi, filmei e fotografei.
Mas será que ninguém se enxerga?
Não havia hipótese de colocarem as crianças noutro local lá no colégio, sempre mais resguardadas do que na praia?
Então e o nosso tão propalado espírito de desenrascanço??
E ainda há quem me diga (até muito próximos...;) que nós somos muito melhores do que os outros.
"Quê ?" - como diria o Manuel dos "Fawlty Towers".
(Afonso de Melo)
Coimbra passou a ter, esta semana, uma rua com o nome do maior capitão da Académica (284 vezes), na freguesia de Santo António dos Olivais. Homenagem digna e sentida.
Coimbra é a terra da saudade, até tem penedo e tudo, e agora foi tempo de revisitar as saudades de Vasco Gervásio, precisamente quando se comemoram 60 anos da sua chegada à cidade dos estudantes, para estudar, claro!, licenciou-se em Direito, e para jogar na Académica aquele futebol de musselina que fez dele absolutamente inconfundível. Nasceu na Malveira, no dia 5 de dezembro de 1943, chamava-se, de nome completo, Vasco Manuel Vieira Pereira Gervásio, foi das personagens mais completas que tive a oportunidade de conhecer e a honra de ser amigo. Tinha um sentido de humor único, curto, surpreendente, às vezes corrosivo. Acho que foi esse sentido de humor que nos ligou, isso e a Académica, pois então, sempre a Académica, a Académica que foi o seu emblema de uma vida (passou pelos juniores do Benfica), ou mesmo a sua própria vida, pelo menos uma parte enorme dela. Morreu em julho, já Verão, dia 3 de julho de 2009, ele que de nos deixou a todos que o conheceram esta amarga sensação de coisa que não volta, como dizia o fado de António Vicente, que voou e foi um rio e levou em si guardado o choro de uma balada.
Coimbra deu-lhe o nome de uma rua, na freguesia de Santo António dos Olivais, menos do que ele merece, muito mais tarde do que ele merecia. Zé Belo, o meu querido Zé Belo, discursou emocionado nessa hora de homenagem: “Não foi, por acaso, que o Gervásio era o Capitão de uma Académica cheia de gente que podia merecer aquela braçadeira. Não foi, também, por acaso, que o Gervásio era capitão daquela que, provavelmente, foi a maior equipa que a Académica teve, num período de ouro, nas décadas de 60/70. Ora, o Gervásio era o denominador comum daquela equipa e dos seus jogadores. Respirava Académica. Transpirava Académica. Consubstanciava, ainda, uma ideia contagiante, linda e apetecível de Coimbra. Mas para ele a Académica não significa desgaste, nem trabalho, era o sentido da sua vida. E a vida que ele amava”.
Capitão dos capitães, ninguém foi mais capitão do que Vasco Gervásio, de 1968 a 1979 (284 vezes), 17 anos com a camisola negra do losango no peito, 430 jogos. Tudo números apenas, quando ele, afinal, era alma.
Uma injustiça Gervásio foi, inequivocamente, um dos grandes jogadores portugueses do seu tempo e cometeram com ele a injustiça de nunca o terem chamado para a seleção principal de Portugal (só jogou na B e na militar). Mas a injustiça não fere nem nunca poderá ferir o seu jogo no qual os pés de pelica obedeciam a uma inteligência arguta que lhe permitia ver mais longe e mais depressa do que companheiros e adversários. De novo o Zé: “Quando aconteceu o 25 de Abril, exultou com ele, claro, e numa acalorada discussão à volta do socialismo e do comunismo, o Gervásio fechou, assim, os calores ideológicos que alguns já evidenciavam, próprios do PREC, que vivíamos: ‘Pode vir o comunismo, mas 30 anos de boa vida ninguém mos tira!’. Era o Gervásio com a sua fina ironia! Deixem-me traduzir-vos o que significa boa vida para um futebolista, mesmo para um estudante-atleta: treinar, correr montanha acima, (Vale de Canas ou na Serra na Figueira da Foz) ,competir, exultar, chorar nas derrotas e rir nas vitórias, estar dois dias a pensar naquele passe errado, que podia ter dado golo, ansiedade, stress antes dos jogos e também nas frequências e nos exames, que atrapalhavam muito a rotina desportiva. Para o Gervásio isto era boa vida”.
Gervásio tem uma rua. O rapaz que jogava com uma espécie de melancolia que se transformava, de repente, em algo de luminoso, como Primavera de flor adormecida, continua a trazer-nos recordações do passado ao bater da velha Cabra...
(Comentário do Rui Lourenço Maria)
Companheiro
Deus saberá porquê, lembrei-me de uma estória: “O senhor quer que ponha areia ou vaselina?”, teria perguntado, em tom serviçal, o sujeito agachado. Referia-se, naturalmente, ao método de limpeza de um vetusto tacho de ferro que apresentava indícios de corrosão. Ignoro a resposta do “senhor”, mas, estou em crer que o serviçal teria continuado na posição agachada até que a “moda” passou.
Refiro-me à “moda” dos tachos de ferro, depois vieram os alumínios, as ligas metálicas e sintéticas ou afins e os tachos passaram a ser lavados com água e detergentes mais ou menos aromatizados, permitindo a posição erecta. E, estupefactos, os serviçais descobriram que essa posição além de ”fazer doer” muito menos no fundo das costas, permitia olhar até à linha do horizonte, muito para além do seu próprio círculo umbilical.
Assumindo-se o (autoproclamado) Ocidente como líder natural da mudança, a verdade é que todas as “modas” são efémeras, passam.
Mas aqui começam as dúvidas.
O Ocidente. Mas em relação a quê?
Do ponto de vista geográfico, parece razoável aceitar uma linha divisória convencionada para fronteira entre o Oriente e o Ocidente e, desde 1851, não se encontrou nada melhor que o Meridiano de Greenwich para esse efeito.
Mas então, com excepção de uma franja de Portugal, Espanha, França e UK, TODA a Europa se encontra no Oriente.
Pela demografia… o (autoproclamado) Ocidente – por Tratados, Uniões, Acordos e afins – não deverá representar mais de 12% (?) da população mundial, e parece-me difícil de admitir que, como os países (exemplo da Hungria) que mantêm níveis decentes de sanidade, o mundo islâmico aceite a moda do “polimento dos tachos de ferro” assim, com a submissão requerida.
Pela ideologia… não me recordo de ver publicidade aos Rolls Royce, à Parker, aos Zippo, aos “tachos de ferro”, o que me leva a admitir que os produtos de qualidade não precisam de pregões, a sua qualidade é naturalmente reconhecida e dispensam o marketing.
E há os outros que, para um mesmo produto inventam nomes quanto mais sonantes melhor, apoiados em campanhas quanto mais agressivas melhor, o que se pretende é convencer o público -alvo a aderir ao produto, mesmo com sacrifício do “fundo das costas”.
No caso vertente – a notícia sobre a “dupla derrota” –, recordo que num momento da minha vida me chamaram “capitão branco” e isso nunca me incomodou, o respeito era mútuo.
E, continuam a surpreender-me as “confusões (politicamente correctas) jornalísticas, como: “Black Lives Matter” e depois “(…) pseudo-activismo / terrorismo negro «Made in America»”. O movimento é preto ou negro? Os (ditos) terroristas é que são negros e as “pessoas de bem” são pretas?
Assim, torna-se confuso, poderá levar a expressões como “Em 2021 n pretos concluíram o Curso de Medicina com distinção.” e “foram detidos n terroristas negros que estavam a dar milho aos pombos na Praça da Figueira”, admitindo que ainda há pombos na dita praça.
Como mera curiosidade, numa entrevista a Rosane Borges - Jornalista e pesquisadora colaboradora do Centro Multidisciplinar de Pesquisas em Criações Colaborativas e Linguagens Digitais (Colabor), da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), quando questionada quanto ao termo "negro" passar a determinar a luta coletiva de um grupo populacional no Brasil a partir da instituição do Movimento Negro Unificado no final da década de 1970. Postulou que “O termo negro ganha uma positividade com maior aderência, com ascenção do movimento negro contemporâneo no Brasil, protagonizado por instituições como o MNU. Então, a partir da década de 1970, expressões que eram consideradas negativas, ruins ou não muito aceitas passam a ser adotadas como forma de resistência. A palavra negro é uma delas.
Quais foram os ganhos que o termo negro trouxe do ponto de vista do combate ao racismo? É como se houvesse “povo” negro apagando as múltiplas camadas que envolvem pessoas desse grupo populacional...
O ganho que temos com a palavra negro é que ela abriga pretos e pardos.”
Uma justificação tão legítima como outra (desde que com a mesma sustentação) qualquer, mas que se me afigura coerente.
(Nota – presumo que a Rosane quando refere “aderência” pretenderia dizer “adesão”, mas prontos.)
E continuo a aguardar o momento em que o tal movimento LG… + isso, reivindique que o 25 do A foi feito pelo direito ao agachamento inerente a (esta) moda.
Coração ao alto que as “modas” são efémeras, o problema é que também são cíclicas. As pessoas é que têm pouca memória.
Abraço
Noto que a balbúrdia no PS e no governo não deflagrou por causa do colapso do SNS. Ou da falta de professores. Ou do curioso preço dos combustíveis. Ou da inflação a galope. Ou da dívida pública em valores sem precedentes. Ou da situação na Justiça. Ou do inferno fiscal. Ou da produtividade de rastos. Ou da imigração dos qualificados. Ou da pobreza que alastra. Ou da crescente restrição dos direitos civis. Ou de qualquer dos resultados inevitáveis de uma visão estatista, arcaica, opressora e, em suma, socialista do mundo.
Não, senhor. Com tudo a desabar em redor, os senhores do PS e do governo andam à bulha por causa do aeroporto de Lisboa. Ou de três aeroportos de Lisboa, quatro se incluirmos o de Beja, que a capital tem as costas e as fronteiras largas. E mesmo o pretexto do aeroporto não se prendeu com divergências acerca da necessidade de poupar ou torrar desenfreadamente o dinheiro dos contribuintes: a zanga deveu-se a minúcias hierárquicas, para cúmulo antigas, que opõem o chefe do bando ao moço que sonha ser chefe no lugar do chefe. Há qualquer coisa de simbólico no pormenor de nem na luta partidária essa gente recorrer a uma razão urgente, relevante e sobretudo digna. O dr. Costa e o jovem Pedro não se pegaram por discordarem quanto ao desastroso rumo do país. Como é hábito, mantêm o rumo, ignoram o desastre e servem-se do país para potenciar os próprios destinos. O desprezo deles pela vida da ralé é tão impune que não tentam disfarçá-lo, e tão evidente que não conseguiriam fazê-lo.
É claro que o jovem Pedro não avançou com os aeroportos para solucionar com rapidez um drama nacional, mas para exibir o que ele julga ser capacidade de liderança. E é claro que Costa não o desautorizou por achar a solução prejudicial (e o gesto chanfrado), mas por ter sido anunciada à revelia da sua excelsa pessoa. A circunstância de ninguém acabar demitido prova que gozar connosco é bastante menos decisivo que o braço-de-ferro entre dois rústicos. E prova que o carácter de ambos os rústicos é o que é. Se o dr. Costa valorizasse, um pingo que fosse, o famoso “interesse público”, não podia deixar de demitir um ministro que, com uma dose de candura raramente vista fora do jardim-escola, agita sozinho um “investimento” de milhares de milhões a fim de se mostrar homem. O dr. Costa não lamentou a infantilidade: aproveitou-a para tentar ganhar pontos numa rixa sem vergonha. Na desgraçada situação em que estamos, e nas mãos de criaturas que apenas agravam a situação, o único ponto que os portugueses arriscam ganhar é o final.
Não tenciono gastar dez segundos com as “estratégias”, os “avanços”, os “recuos”, os lucros e as perdas de semelhantes portentos. No fundo, distinguir as “personalidades” em questão implicaria a utilização de pacómetro digital. E seria inútil. Os Costas, os Pedros, as Martas, os Fernandos, as Marianas, os Cabritas, as Anas Catarinas e o que calha são na essência indistinguíveis, videirinhos sem história ou interesse. Analisar os rituais do poder socialista é elevar essa gente a um estatuto que não merece. Quando trogloditas desatam ao murro num estádio da bola não nos pomos a avaliar a qualidade dos golpes infligidos pelo Zé Camolas, o carisma do Tó Orelhas e a esfera de influência do Fábio Naifas. Espera-se, com enfado e repulsa, que a autoridade intervenha. O problema é que aqui a autoridade é o PS, que suscita muito mais danos que a excitação dos “hooligans”. E é um problema grave. Com a discutível excepção do posto de arrumador numa rua com pouco trânsito, nenhum desses espécimes deveria ocupar cargos de responsabilidade. Infelizmente, por falta de oposição, de escrutínio, de sorte e de juízo os espécimes mandam nisto. As consequências são óbvias – e ilimitadas.
Insisto que não vou esmiuçar “estratégias”: um primeiro-ministro com descaramento suficiente para poupar o Cabrita dos bólides e a Marta do hino da CGTP não enxotaria o jovem Pedro por esconder os guaches, perdão, os aeroportos da turma. No governo cabe tudo, na medida em que nada o penaliza. Os socialistas, cegos de cobiça, não têm escrúpulos. Mancos de liberdade, os eleitores não têm noção. Lembro que a rábula do jovem Pedro terminou com um pedido de desculpas – alegadamente ao dr. Costa, certamente não aos portugueses. É natural. Os portugueses não são de exigências. A garantia da miséria já nos satisfaz. Por isso estamos satisfeitos, e não tarda estaremos ainda mais.
Agora há que seguir em frente. Acima de minudências como a sobrevivência do país, de resto comprometida, talvez sem retorno, o fundamental é a estabilidade política (cito Sua Excelência, o Senhor Presidente da República). Afinal, erros de comunicação acontecem. Neste manicómio em formato de Portugal, o que é que não acontece?