(sublinhados meus)
A Desprezível Armada
Não sei se os “activistas” embarcadiços são simpatizantes dos selvagens que há 2 anos raptaram, torturaram e esventraram milhares de civis em Israel. O que parece garantido é que são seus avençados.
Na manifestação portuense organizada trinta segundos após o “sequestro” da “flotilha”, a RTP ouviu uma das manifestantes: “Não adianta reconhecer o estado palestiniano quando as pessoas estão a morrer! O que é preciso é [palavra imperceptível] já, para que deixem de morrer crianças, homens, mulheres! Para que acabe a fome! Não podemos compactuar com um estado que é… já o seu primeiro-ministro… o primeiro… o [palavra imperceptível] primeiro-ministro é procurado [palavras imperceptíveis] internacional! …Designado como genocídio o que se está a passar em Gaza… Nós não podemos ficar calados e ver as pessoas a morrer! À fome! É desumano! Eu acho que qualquer pessoa com um mínimo de humanidade não pode ficar em casa sem deixar de condenar o que se está a passar.”
Seria difícil ao repórter não ouvir a senhora, que berrava quase o bastante para dispensar a mediação televisiva. Mesmo sem transmissão, os gritos desde a Praça D. João I atingiriam pelo menos Santo Tirso e Amarante. E não era apenas o volume que impressionava: a senhora, de meia-idade e com o obrigatório lencinho com padrões do Boavista pelos ombros, encontrava-se evidentemente transtornada com aquilo que acredita estar a suceder em Gaza. Aposto que, caso o SNS funcionasse em condições e a saúde mental não andasse votada ao desleixo, mal se afastasse a câmara da RTP surgiriam enfermeiros do Conde de Ferreira, a fim de devolver a pobre ao repouso de uma sala acolchoada.
Sou igualmente capaz de apostar que o “mínimo de humanidade” da senhora não chegou para sair à rua a condenar os contemporâneos horrores no Sudão, no Congo, na Nigéria e onde calha de haver massacres a sério, genocídios a sério. Talvez a senhora tenha um apreço particular por árabes. Talvez não considere que os negros chacinados em África mereçam integrar a “humanidade”. Talvez seja demasiado influenciável pelos desvarios a que assiste nos “telejornais”. Talvez se limite a odiar judeus.
Em qualquer dos casos, o que impressiona no discurso (digamos) da senhora é o contraste entre a histeria dela e a serenidade “técnica” e “funcionária” dos participantes na “flotilha”. Uma e os outros repetem à risca a propaganda do Hamas, a primeira porque a engoliu de facto, os segundos porque cumprem a função que lhes encomendaram. Hoje, sabe-se por vias distintas que a “maior missão humanitária de sempre” foi paga por terroristas. O ministério israelita dos Negócios Estrangeiros revelou há dias documentos comprovativos do patrocínio – e sim, ao contrário da maioria dos “media” prefiro crer em fontes de um regime democrático do que no hipotético “ministério da Saúde” de Gaza. Não tenho a certeza se os “activistas” embarcadiços são simpatizantes dos selvagens que há dois anos raptaram, torturaram e esventraram milhares de civis em Israel. O que começa a parecer garantido é que são seus avençados.
A avença explica muita coisa. Antes de mais, explica o clima de festança na “flotilha”, afinal uma demonstração de desprezo pelas pessoas com que diziam preocupar-se: cair em “raves” espanholas ou gregas e dançar ao som de batuques não são actividades demasiado compatíveis com o sofrimento. E depois houve o resto. Houve a navegação em marcha lenta e aos soluços, adequada a fazer durar o golpe publicitário e inadequada à urgência “humanitária” que diziam atender. Houve os barcos vazios de mantimentos que não fossem para uso próprio, e é complicado alimentar dois milhões de supostos esfaimados com cinco latas de Cerelac e o tofu que sobejou. E houve, sobretudo, a convicção deles e nossa de que a trupe de foliões nunca alcançaria Gaza, de que Israel interceptaria a trupe em zona segura e de que, em várias cidades da Europa, milhares de espécimes descompensados ou cínicos, preparados para o momento com convocatórias e cartazes desenhados há semanas, se juntariam a protestar o desfecho que anteciparam e desejaram.
Podíamos, para lá do anti-semitismo e do ódio ao Ocidente, discutir as razões que moveram cada um dos foliões a auxiliar gente que, nas circunstâncias adequadas, degolaria os foliões com gosto. Dos foliões caseiros, temos a ex-futura ministra das Finanças (na fulminante previsão do dr. Louçã) a tentar salvar um partido morto ou a tentar salvar-se de um partido morto através de um cargo de destaque no “activismo” internacional. Temos uma ex-modelo que se afirma “actriz”. E temos um terceiro indivíduo que não sei o que é ou para que serve. Sei que todos serviram, contra estipêndio ou notoriedade, o Hamas. E sei que os que colaboram na farsa com apelos lancinantes ou exigências pitorescas ao governo também servem, percebam-no ou não, o mesmo dono. E sim, incluo aqui os presidentes da República que recebem “proxies” de bárbaros.
Sob o pretexto canalha da “ajuda” a desgraçados, a dra. Mortágua & Companhia navegaram voluntariamente na direcção de uma zona de guerra para no processo apoiar, sem vestígio de honra ou decência, um bando de “jihadistas”. Não há nada a lamentar no que lhes aconteceu, excepto o facto de terem sido acolhidos por Israel e não pelos “jihadistas”. Os verdadeiros sequestrados, que nunca mereceram uma palavra sincera dessa cáfila, não tiveram tanta sorte.
Sem comentários:
Enviar um comentário