(Reflexão de Rui Loma à reflexão de AG de 21.04)
Basta consultar um manual de condicionamento das populações para encontrar ipsis verbis o processo que está em curso.
Atribuir-lhe-ia valor se, pelo menos, omitissem uma vírgula (a tal, pérfida e planeada). Se introduzissem uma variação que indiciasse que o "sistema" (também naturalmente pérfido e planeado) ponderou a hipótese de que alguém-alvo também o pudesse ter lido e conhecesse.
Assim, um reconhecimentozinho de valor, algo que reconfortasse. Mas nada, uma desconsideração completa.
Eliminar conceitos como Pátria, Nação e Família;
Eliminar valores pátrios (congregacionais) e cultura (capacidade crítica);
Ignorar a história condena-nos a repetir erros, ergo, se queremos os erros, só temos que omitir (conformar) a história e obtemos um rebanho primariamente direccionado: Procriação, Alimentação e Território, com todos os medos associados à ignorância, permeável e facilmente manipulável. Nada de novo.
"Ou Portugal a trocar de portugueses." O que parece mais razoável, mas também... nada de novo.
O Professor Dr. Oliveira Salazar ponderou a ideia, com a implantação de Nova Lisboa.
Seríamos os mesmos, em valores absolutos projectados, 16 milhões. E trocávamos.
Só lhe faltou o tempo para accionar a troca: Portugueses para Angola e os Angolares para o continente.
Num alarde de ingenuidade, admito que num novo rincão os disparates se diluíssem.
E depois, imagino a cara dos espanhóis.
Abraço
(Reflexão - AG no Observador 21.04.2018)Humilhadas e ofendidas
“Terão os partidos mulheres suficientes para as listas?”, aflige-se o “Diário de Notícias”. É extraordinário. Por um lado, que, com cerca de 72 leitores (contando comigo), o “Diário de Notícias” continue a existir. Por outro, que a misoginia vigente insista em aumentar por decreto a “participação” feminina na política, agora elevada a 40%.Não é por acaso que a “participação” leva aspas. A relativa escassez de senhoras nos partidos sempre foi um indício da higiene daquelas e da sujidade destes. Desde tempos imemoriais, é sabido que, com excepções tão raras quanto dignas de estudos científicos, apenas chafurdam nesse meio criaturas rotundamente incapazes de prestar qualquer tarefa válida à humanidade ou sequer ao condomínio lá do prédio. Se alguém demonstra uma absoluta inaptidão para o trabalho e a vergonha na cara, candidata-se a uma repartição das Finanças. Se nem para isso prestar, alista-se num partido, onde poderá exibir a presunção dos simples, traficar “ajudas de custo” e tratar juízes por “pá”. Salvo por um pequeno número de casos perdidos, boa parte das mulheres tem mais o que fazer – sobretudo não fazer figuras tristes. E é triste que, por obra e graça de políticos, uma quantidade crescente de fêmeas da espécie se vejam arrastadas pela e para a lama. Dada a ética do sector, e a necessidade de “preencher” as “quotas”, imagino algumas convertidas sob sequestro e ameaça de navalha.Não vou questionar o direito de o Estado intervir nestas matérias: a pergunta seria absurda e, em Portugal, a resposta seria ainda pior. O que é interessante – e notável, na perspectiva do marketing – é que tamanho enxovalho seja vendido a título de “promoção” ou, na versão épica, de avanço civilizacional. Os factos mostram exactamente o oposto. Se o verdadeiro objectivo do exercício é a “emancipação” das mulheres, porque é que esta não se aplica a profissões honradas? Porque é que não se impõem “quotas” nos ofícios de carpinteiro (de limpos e de sujos), camionista (longo e médio curso), trolha, canalizador, futebolista, guarda-nocturno, mineiro, pedreiro, sapateiro, palhaço, etc.? Porque é que o reconhecimento da igualdade se restringe a cargos que diminuem os titulares? Porque é a humilhação que se pretende. Chegar a autarca, administradora pública ou ministra é das menores proezas ao alcance do ser humano: com as “ligações” adequadas, uma grafonola desempenharia funções idênticas com mestria e honestidade superiores.Aliás, a confirmação de que a “lei da paridade” visa achincalhar especificamente as mulheres está na circunstância de não abarcar critérios “identitários” cujo achincalho é desaconselhado pela moral vigente. Só no que respeita ao “género”, a coisa fica-se pelo tradicional binário e esquece-se deliberada e cautelosamente do próspero sector “trans”. Ninguém propõe a reserva de pedacinhos do Parlamento para os/as indivíduos/as agénero (1,5%, digo eu), bigénero (1,2%), intergénero (0,8%, obviamente), pangénero (idem), nanogénero (aqui hesito), demigénero (já me perdi) e travesti não-binária (chiça). A razão? Ninguém ousa ofendê-los/las/lis/los/lus.O receio de ofensa também explica a ausência de propostas paritárias para os restantes factores de identidade. Para não insultar os gays, o “sistema” não arrisca bulir na representatividade segundo a orientação sexual. Para não caluniar as religiões, não se sugerem proporções de budistas, muçulmanos, animistas ou presbiterianos. Para não difamar as etnias, não se enfiam à força asiáticos, negros, ciganos, ameríndios ou esquimós nas listas das “legislativas”. Ou uma determinada porção de boavisteiros, ceguinhos, circuncisados, flautistas, vegetarianos ou o que quer que seja que torna a pessoa aquilo que é. Não, senhor: o único “grupo” empurrado à força para a política é o das mulheres, um acto machista, ressentido e quase perverso.Para cúmulo, os adversários das “quotas” reagem a tamanha infâmia com a lengalenga de que a maioria das mulheres é competente o bastante para entrar na política sem ajudas ou favores estatísticos. O problema, meus caros, põe-se ao contrário: a maioria das senhoras (e dos cavalheiros, calculo) é competente o bastante para evitar a política e deixá-la ao cuidado dos que, independentemente do sexo, não são. Antes e depois do reforço percentual, a “lei da paridade” rebaixa as mulheres e exalta os políticos – adivinhem quem a aprovou.Nota de rodapé:
A tese dominante assegura que os vídeos dos interrogatórios ao “eng.” Sócrates foram divulgados pelo advogado do próprio. Talvez a tese esteja correcta. Mas se a ideia é a de que aquele repositório de prepotência, ridículo e até alguma maluquice redime o sujeito aos olhos dos portugueses, aconselho o “eng.” Sócrates a trocar de advogado. Ou o advogado a trocar de “eng.” Sócrates. Ou Portugal a trocar de portugueses.
(Francisco José Viegas no blog "Origem das Espécies" em 19.03.2018)
Em França, desde que se demonstrou que os estudantes têm cada vez mais dificuldade em ler, escrever e compreender a sua língua, está em curso uma reforma do ensino que retoma coisas tão ‘reacionárias’ como os ditados na sala de aula ou as leituras para férias (há escolas portuguesas onde, apesar do desleixo do Ministério da Educação, tenho testemunhado um esforço notável dos seus professores para incentivar a leitura e a boa escrita). Em vez de escolher um ideólogo para presidir a essa reforma, o governo francês escolheu um neurocientista, Stanislas Dehaene, de quem acabo de ler uma entrevista. Para Dehaene, a leitura é o instrumento mais satisfatório para reduzir o stresse, aumentar o amor ao conhecimento e à curiosidade – e melhorar o desempenho do cérebro. Estas qualidades não são menosprezáveis, se bem que pareçam evidências. Por isso, não se trata apenas de ‘ler’, mas – ao contrário dos otimistas que governam as coisas da educação, de ‘ler melhor’, de ‘ler bons livros’, de melhorar a ortografia, de voltar a considerar a boa expressão do Português uma coisa inestimável.
AG no "Observador" (03.03.3018)
Agora, em relação de simbiose com gangues de chalupas e de parasitismo com contribuintes anestesiados, a oligarquia espreguiça-se à larga. Contas por baixo, um milhão de votantes em 2015 não saberá no que votar em 2019, se entretanto as eleições não tiverem sido abolidas para evitar transtornos divisionistas. Tardou nove décadas, e, colada pelo descaramento, a União Nacional lá se consagrou.É pena? Depende. Por mim, sou suficientemente avesso a colectivismos, ou meramente egoísta, para encarar com desprendimento teórico os desvarios da nação. Se o país em peso resolve jovialmente lançar-se rumo ao penhasco ou a uma alucinação latino-americana, o país pode fazê-lo com estrondo. O problema é a prática, na qual se torna difícil conseguir um camarote para acompanhar ileso o espectáculo. Ao contrário dos oligarcas e respectivos protegidos, os cidadãos comuns, classe a que indubitavelmente pertenço, não escapam sem abalos a desastres desta dimensão. Um dia pagaremos o gozo dos que celebram os “acordos”, os “consensos” e, regresso – salvo seja – ao prof. Marcelo, as “convergências”, que aliás já começamos a pagar todos os dias. Quando a experiência acabar, ou quando acabarmos nós, seremos mais pobres, mais isolados, mais dependentes, mais ridículos. E menos livres. Mas muito unidos, no fundo o que importa. No fundo.
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