(Irrrra! Até que enfim!...:):):)
Não, não consigo imaginar o sacrifício que é necessário fazer para se alcançar um feito destes. Independentemente do gozo que se tem na prática da modalidade (porque se tem de ter!) e nesta em particular pela agressividade, pela violência de que se reveste, pelas horas de sofrimento que se vivem, pelas sucessivas lesões que se contraem, é necessário ter uma estrutura emocional diferente, seja do atleta que anda aos saltos para ver se ultrapassa um determinado limite, do outro que lança um engenho o mais longe possível ou daquele que, em equipa, tenta enfiar a bola num buraco de 50 cm de diâmetro ou numa baliza com 7 por 2,5m.
Não consigo imaginar a tenacidade que é necessário ter para, depois de várias medalhas em torneios e campeonatos diversos, e com sucessivos desenlaces negativos nos Jogos Olímpicos, ainda ter capacidade para ir para a frente, com a idade que tem, e encarar mais este desafio.
Esta sim, que grande Atleta!
Pena não se aproveitar o seu exemplo para, noutros meios e noutros contextos, fazer a apologia do desporto, do judo, e da personalidade que encerra todas as características que são necessárias possuir para chegar a este ponto.
Mas pronto! Já passou! Voltemos a dar chutos na bola...
(NOTÍCIA NO JORNAL "I")
Telma Monteiro garantiu hoje que a medalha de bronze conquistada na categoria de -57kg dos Jogos Olímpicos Rio2016 não marca qualquer ponto final na sua carreira, garantindo que quer continuar a ganhar.
“Se conseguir continuar ao mais alto nível, o meu objetivo é estar em Tóquio. Nos próximos quatro anos, quero continuar a ganhar medalhas, somar à minha lista, nunca é demais”, garantiu Telma Monteiro, já de medalha ao peito.
A judoca do Benfica, que já havia arrebatado cinco medalhas em Mundiais e 11 em Europeus, selou hoje a sua primeira olímpica, à quarta participação, o que lhe dá uma “energia diferente”, mas não a afasta de novos Jogos Olímpicos.
“Já conquistei o que queria muito, mas Tóquio é uma cidade muito bonita. É muito especial para mim, porque o Japão é o país do judo e foi lá que cresci muito. Foi lá que, graças às minhas adversárias japonesas com quem treinei, evolui muito, cresci, ganhei muitas coisas”, explicou.
Assim, estar nos Jogos de 2020 é um objetivo: “Estou muito feliz por saber que os Jogos são em Tóquio e quero aproveitar, desfrutar e quero despedir-me em grande nesse país que é o país do meu desporto”.
A prova nipónica ainda vem longe e, para já, é tempo de saborear o bronze: “É uma emoção muito grande. Subir ao pódio nos Jogos Olímpicos é, sem dúvida, o momento mais emocionante da minha carreira, uma consagração”.
“Depois de tudo o que tenho conquistado, acho que esta medalha não me definia, mas define a maneira como lutei por ela, depois de 16 medalhas em europeus e mundiais. Esta já cá canta, está completa a lista, agora é continuar a ganhar mais. Era a medalha que faltava, sem dúvida”, frisou.
Para já, as emoções estão muito à flor da pele: “Já chorei muito. É uma grande emoção viver este momento, ter a oportunidade de fazer história pelo país, conquistar a primeira medalha do judo feminino”.
“É mais uma para Portugal e tudo o que eu queria era poder retribuir a todas as pessoas que acreditaram em mim”, disse Telma, acrescentando: “Não era uma obsessão, mas era um objetivo muito grande, foi algo para que trabalhei milhares de horas. Houve lágrimas e receios, mas prevaleceu a garra e a coragem sobre tudo isso”.
Telma Monteiro conseguiu a medalha à quarta tentativa, e depois de falhar em 2004, 2008 e 2012, e conseguiu-o apenas seis meses após uma operação que lhe atrapalhou a preparação.
“Deu-me mais força, foram meses de muito receio, muita luta. Fiquei naquela cama de hospital e pensei que poderia não estar aqui hoje e lutar por esta medalha, ter uma oportunidade. Felizmente superei-me. Foram mais os meses que estive a recuperar do que a treinar, mas, às vezes, as coisas são assim”, descreveu.
A competição não é matemática: “Já fui a Jogos em pico de forma, já fui favorita e não deu, mas, hoje, com o joelho ligado e com o ombro com uma luxação, foi na garra, foi no querer, foi na raça lusitana, teve de ser, tinha que dar”.
Quanto ao combate que lhe valeu o bronze, Telma Monteiro diz que jogou com o desgaste da adversária: “Queria entrar no meu ritmo. Sabia que ela ia jogar no meu erro, mas queria aproveitar o facto de ela ter tido pouco tempo para descansar depois de um combate anterior muito desgastante”.
“Tentei ser inteligente e jogar com isso, quis atacar forte logo de início. Não estava ali para fazer bonito ou para lutar bem, estava para ganhar. No combate, magoei-me no ombro e é possível que tenha feito uma subluxação, mas eu tinha de dar tudo e deixar as pessoas orgulhosas. Não podia desistir. Quando olhei para o relógio, faltavam dois minutos e eu acreditei que a medalha era minha”, recordou.
A medalha é também para mostrar aos outros que eles também podem conseguir os seus objetivos: “Não quero ser excecional. Só quero transmitir a mensagem que se eu consegui, eu que precisei de quatro Jogos Olímpicos e 12 anos para ganhar uma medalha e tive de ser operada, acho que os outros também conseguem. Não desistir é importante, porque os portugueses não são diferentes dos outros”.
“Não sei se é a medalha mais pesada, mas é a mais saborosa”, finalizou a atleta, de 30 anos, que materializou a 24.ª medalha da história de Portugal em Jogos Olímpicos.
(jornal "i" - 09.08.2016)