sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Música - Chris Zabriskie


Filmes - "Hostis"





Desporto - Andebol (Campeonato Europeu)

 Espanha Campeã Europeia e Portugal em 6º

Doente em 28.01

Entre 28.01 e 31.01 tive febre (cheguei a 39 graus em 30.01), constipado, sem grande corrimento nasal, pouca tosse, com catarro.Veio a médica da Medis a casa e receitou-me isto. Tratou-se de uma recaída.

Séries - Apenas um olhar







Séries - Burden of Truth (Peso da Verdade)

Endless Serenade - waitthinkfast

Series - Estado da Felicidade S1





Reflexão - Alberto Gonçalves (Observador)

(sublinhados meus - LBC)

Cristina Ferreira, popular apresentadora de variedades e plausível sucessora do popular prof. Marcelo, afirmou que nunca convidará André Ventura para o seu programa. O programa em questão é um daqueles produtos melancólicos que enchem as manhãs televisivas e o coração das domésticas. No caso, também é o destino obrigatório de políticos particularmente demagogos, que passam por lá a demonstrar, como se fosse necessário, as pessoas desagradáveis que são. Da única vez que vi, o dr. Costa levou a família chegada e cozinhou uma mixórdia qualquer. Foi repugnante, o prato e o resto.
André Ventura devia sentir-se satisfeito, quase orgulhoso, por nem sequer ser considerado para desempenhar tais figuras. Não se sentiu nem uma coisa nem outra: no Twitter, desabafou que “A Cristina e a SIC têm toda a legitimidade para convidarem quem quiserem para os programas. Só acho que, numa dita democracia, convidar os líderes de todos os partidos no Parlamento (menos um), dá aquela imagem de sistema medroso e enviesado que todos já sabíamos que existia”. André Ventura aborreceu-se por não ser chamado a conviver com o lixo, atitude curiosa que traduz na perfeição a ambiguidade dele, dos seguidores dele e dos inimigos dele.

Pelo que diz e faz e pelo que dizem que ele diz e faz, quase tudo no chefe do Chega é paradoxal. André Ventura queixa-se do desprezo do “sistema” que afirma combater. Para não ficar atrás, o “sistema” responde-lhe com acusações ridículas e, aqui e ali, literalmente de pernas para o ar. Há dois ou três meses, um pequeno grupo de “personalidades” publicou uma carta aberta a pedir que o Benfica se demarcasse de André Ventura, na medida em que este “usa o Benfica para criar uma persona política”. Ninguém, no lado oposto da trincheira, publicou uma carta equivalente a pedir que André Ventura se demarcasse do Benfica, na medida em que é ridículo um adulto discutir bola,  na medida em que o mundo da bola é o poço de rectidão que se sabe e na medida em que os dirigentes desse e de diversos clubes da bola chafurdam em zonas sombrias da sociedade e da legalidade.

O problema, até porque é um problema inventado e provavelmente uma mentira, não é o Chega ser, cito a tal carta, “um partido de extrema-direita abertamente anti-sistema e xenófobo”. O problema é o Chega colocar a corrupção no topo das maleitas a combater e o respectivo líder andar a louvar suspeitos, e suspeitos eternamente impunes, de beneficiarem de fraudes e subornarem juízes. Para cúmulo, André Ventura, o Irreverente, presta-se ao papel num canal tipicamente dócil para com o poder e cujo director reclama a intervenção do Estado nos “media”, que pelos vistos ainda não rastejam o bastante. Os defeitos do Chega não são os que lhe apontam. As virtudes do Chega nem sempre parecem convictas.
A maior e mais indiscutível virtude do Chega é a capacidade de horrorizar criaturas horrorosas. Se, em pleno parlamento, André Ventura inspira o tratamento discriminatório do dr. Ferro Rodrigues, é garantido que André Ventura está a fazer alguma coisa bem feita. E quem diz o dr. Ferro Rodrigues diz incontáveis indivíduos que alertam aos gritinhos para o advento dos “fascistas”, quando durante décadas estafaram o insulto, aplicado a todos os que não concordam com eles e, de algum modo, os ameaçam. No embaraçoso caldo cultural que temos, repleto de leninistas com direito à respeitabilidade pública, “fascista” deixou de ser uma ofensa para se tornar um símbolo de distinção. Se uma personagem do calibre do dr. Louçã chega a conselheiro de Estado, o melhor conselho que qualquer cidadão digno deve seguir é o de salvaguardar as distâncias a um Estado assim. Infelizmente, suspeito que a dignidade de André Ventura resulta menos do seu afastamento voluntário face à choldra do que do afastamento que a choldra lhe impõe.


Eu juro que gostava de gostar do Chega, que exibe meia dúzia de ideias razoáveis e, no nosso pobre contexto, raras. Com esforço, talvez conseguisse ignorar o apreço do partido pela bazófia nacionalista. E a subtil aversão ao capitalismo e à globalização, disfarçada sob as teses maluquinhas do “globalismo”. E o fervor punitivo, próprio dos juízes de taberna. E a veneração da autoridade fardada, própria, lá está, de comentadores da CMTV. E a exaltação vazia da “família”, que é matéria privada e francamente não diz respeito a terceiros.
Mas não sou capaz. Apesar de me divertir com o pavor que André Ventura suscita na ortodoxia vigente, a verdade é que diversas incoerências sugerem a possibilidade de o homem afrontar a ortodoxia apenas por exclusão de partes. E o homem ter escolhido a parte que lhe permite sonhar com uma carreira. Dada a inata estupidez da ortodoxia, que teima em poupar André Ventura ao convívio com um regime em decomposição, é provável que a carreira seja longa. Dado o actual consenso da ortodoxia, que deixa a André Ventura o monopólio do ocasional bom senso, é provável que a carreira seja próspera.
Não sei se, um dia, André Ventura será o líder da resistência ao totalitarismo de esquerda que nos assombra. Sei que, sempre que vejo ou ouço André Ventura, penso num sujeito decente e confiável, a aparentemente única alternativa aos desavergonhados bandos que mandam nisto tudo. Só que o sujeito não se chama André Ventura: chama-se Pedro Passos Coelho.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Reflexão - LBC (pintura de criança de 7 anos)

Não sei, mas deve ser um defeito meu. Seguramente!
Inventamos, a cada instante, momentos novos para nos emocionarmos, para acharmos que o mundo em que vivemos é maravilhoso e nos está sempre a surpreender e a trazer "coisas novas". 
Eu também o devo fazer. Mas a espaços e com algum tempero, com alguma prudência. Para não me entusiasmar com o efémero, para valorizar o que deve ser efectivamente valorizado, e para não cair no ridículo em que cai 99% da gentinha que sobrevive à minha volta…

Bem, vou até ao mar. A ver se encontro o ET que, bêbado que nem um cacho, me levou a Alfa Centauro na semana passada...:)



O "Picasso do Pré-escolar". Tem 7 anos e já está a agitar o mundo da arte

Os seus quadros coloridos - alguns deles já são vendidos por 11 mil euros - são considerados maduros e geniais, principalmente quando se descobre a idade do artista.


"O artista abstrato mais jovem do mundo". É assim que Mikail Akar, de apenas sete anos, é descrito na sua página oficial de Instagram onde tem mais de 43 mil seguidores. É também chamado de "prodígio artístico" e de "génio expressionista". Os seus quadros coloridos - alguns deles já são vendidos por 11 mil euros - são considerados maduros e geniais, principalmente quando se descobre a idade do artista. Vai expor em Paris, mas quando crescer quer ser... jogador de futebol.
"Com apenas sete anos, já está estabelecido no mundo da arte. Há interesse [nos quadros de Mikail] de países como Alemanha, França e EUA", disse à AFP o pai do menino, nascido em Colónia, na Alemanha, e que é também o seu agente, Kerem Akar.
Foi o pai o "culpado" pela descoberta do talento de Mikail Akar, já conhecido na Alemanha como o "Picasso do Pré-Escolar". Na altura do quarto aniversário do filho, e como já lhe tinha comprado "carros e figuras de ação suficientes", lembrou-se de lhe oferecer uma tela, tintas e pincéis.


"A primeira imagem parecia fantástica, e pensei que tinha sido a minha mulher a pintá-la", recorda. "Mas no segundo e terceiro quadro ficou claro que ele tinha talento", conta Kerem Akar.
Um dos trabalhos de Akar foi vendido recentemente por 11.000 euros e a verba canalizada para uma instituição social apoiada pelo jogador de futebol do Bayern de Munique, Manuel Neuer.
Sobre o quadro: "Uma explosão de cores que lembra Jackson Pollock", escreve a AFP, e uma peça típica do estilo expressionista abstrato de Akar.
Entre os ídolos do jovem artista contam-se pintores como Pollock e Jean-Michel Basquiat - um norte-americano que ganhou popularidade por causa dos seus grafites e que se estabeleceu como um reconhecido artista neoexpressionista - mas também Michael Jackson.
"Quando eu for mais velho, quero ser jogador de futebol", diz Mikail Akar, confessando que a pintura pode ser "muito cansativa".
O prodígio alemão também tem as suas próprias técnicas, como aplicar a tinta na tela usando as luvas de boxe do pai.
Diana Achtzig, diretora da Galeria Achtzig de Arte Contemporânea de Berlim, disse à AFP que ficou impressionada com a "imaginação e variedade" de Akar. "Desde que ele tenha alguém que o apoie e não o explore, tem um grande futuro pela frente", afirmou.
Kerem Akar garante que o filho "só pinta quando quer", o que pode acontecer "uma vez por semana" ou "uma vez por mês", embora admita que a sua vida mudou desde que o talento do filho foi descoberto.
Atualmente a família "vive da arte" do pequeno Mikail. O pai, um ex-vendedor, é agente do filho a tempo inteiro e já o tornou conhecido na cena de arte da Alemanha mas também de outros países europeus. Depois de uma exposição em Colónia, a próxima mostra do jovem prodígio será em Paris.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Almoço -"Tropa"

Almoço em 16.12.2020, com Laires, Rui Lourenço e António Oliveira na Tasca do Reguengos



segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Reflexão - Henrique Neto


O Orgulho de Ser Português

As paixões são sempre excessivas e a minha por Portugal é grande. Por isso, um dos meus ódios de estimação vai para a corrupção, por ter verificado que sempre esteve presente ao longo da nossa história.


Tenho muito orgulho em ser português e não consigo ver-me a viver em qualquer outro lugar. Tenho uma verdadeira paixão pela nossa paisagem, considero a nossa comida a melhor do mundo, bebo com prazer redobrado os nossos vinhos, delicio-me na leitura dos nossos poetas e escritores, tenho uma profunda admiração por muitos dos nossos cientistas e pensadores e regozijo-me até às lágrimas com as vitórias de cada português no mundo. Se me perguntassem porquê não saberia explicar, nem saberia racionalizar cada um desses sentimentos, sendo todavia certo que existe também muito desapontamento com Portugal e, não poucas vezes, com os portugueses, resultante da nossa realidade que, com demasiada frequência, não corresponde àquilo que ambiciono para o meu país. Daí que seja também natural que seja muito critico, mais com os nossos, porque me dói mais, do que com aqueles que me são indiferentes.
Os desapontamentos com Portugal levam-me com frequência a evocar que sendo Portugal o nosso único país, vos peço humildemente que o não estraguem. E sendo pouco ouvido, desenvolvi com o tempo um verdadeiro horror a construtores civis, promotores imobiliários, autarcas ignorantes, políticos desonestos e governantes de fazer de conta, ainda que conheça o perigo das generalizações. Mas que fazer? As paixões são sempre excessivas e a minha por Portugal é grande. Por isso, um dos meus ódios de estimação vai para a corrupção, por ter verificado que sempre esteve presente ao longo da nossa história, a ponto de acreditar que foi, em parceria com a Inquisição e a expulsão dos judeus, a causa principal da decadência portuguesa a seguir à gesta dos descobrimentos, cujos efeitos ainda se fazem sentir.
Foi o tempo em que D. João III escrevia em carta ao Vice-Rei da Índia D. João de Castro: “ Não deixem passar a pimenta e drogas que sou informado que os mesmos que as hão-de guardar são os que as passam”. De mesma forma, o maior dos portugueses, o Padre António Vieira, interrogado por D. João IV, sobre se no Brasil melhor seriam dois capitães-mores ou um governador, assim lhe respondeu por carta de 4 de Abril de 1654: “Eu Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos, mas por obedecer direi toscamente o que me parece. Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultosos serão de achar dois homens de bem que um”. O mesmo Padre António Vieira, depois de uma vida cheia de ambições e de amor por Portugal, morreu no Brasil triste e desiludido com a má governação do reino, quando dizia: “... O nosso descuido a nada atende. Parece que estamos fora deste mundo. Afirmo a V. S.ª me desejo em algum lugar, se o há tão remoto, onde não se ouça ou conheça o nome de Portugal. Tremo dos correios que de lá vêm, porque todos trazem motivos de dor e tristeza, sem depois deste governo lermos uma nova de gosto ou esperança dela.”
É sina nacional que este orgulho de ser português, seja sistematicamente confrontado com factores que nos envergonham e atrasam o nosso desenvolvimento. A corrupção, a cobiça, a ignorância e a perversão do interesse nacional, são factores diários de tristeza e de frustração para aqueles que colocam Portugal acima dos interesses caseiros. Tenho como certo que algo se deve à falta de uma cultura de rigor da sociedade portuguesa, cujo resultado é a ausência de estudo e de dúvida naquilo que fazemos, fruto de uma escola sem qualidade e de séculos de repressão do pensamento livre. O que se transformou numa das mais graves fraquezas nacionais, infelizmente incentivada pelos poderes de todas as épocas, já que permite a cultura da meia verdade, o silêncio cúmplice, a informação propositadamente parcelar, a fuga à quantificação e à avaliação, em suma a recusa do pensamento sistémico e da análise critica. Sendo que os meios de comunicação do Portugal democrático e livre, na sua maioria, se foram tornando também cúmplices dessa perversão, em que o cidadão português, mesmo o mais razoavelmente informado, vive diariamente confrontado com uma realidade virtual, autêntico jogo de sombras, que divide, confunde e dificulta o progresso, a unidade na acção e inviabiliza a superação do nosso atraso histórico. Acresce que neste domínio, hoje como ao longo da nossa história, os portugueses de maior qualidade, os pensadores mais qualificados e os cidadãos mais devotados ao interesse nacional, são sistematicamente rejeitados pelo poder do seu tempo e mansamente alienados sob as mais diversas formas, frequentemente estrangeiros na sua própria terra.
Constato, vezes sem conta, que em Portugal existe uma bem regulada inversão de valores, em que o falso, o palavroso, o corrupto e o ignorante, mas com ligações ao poder, é tratado com a deferência do cidadão privilegiado, ao contrário de muitos outros que sofrem por Portugal, mesmo que cientistas, homens de cultura e emigrantes qualificados, que são olhados de soslaio e com uma inevitável desconfiança. Porventura por serem cidadãos pensantes e com algum sentido critico, logo perigosos para os poderes em exercício.
Esta ausência de rigor científico e de sentido critico na vida colectiva dos portugueses comporta custos elevados no nosso processo de desenvolvimento, tema que nos deve preocupar profundamente na actualidade. Porque, têm sido pedidos sacrifícios aos portugueses para superar a longa crise económica, mas invariavelmente não são quantificados os custos nem os resultados pretendidos, como não é medida a distribuição desses sacrifícios pelas diferentes classes sociais. Por outro lado, as elites políticas e sociais têm demonstrado uma grande preocupação com os problemas do desenvolvimento sustentável, mas a generalidade dos investimentos públicos e privados continua a ser feita, essencialmente, à custa da degradação do território, ao ponto de ter sido criada a figura do interesse nacional para deixar mãos livres à especulação fundiária e imobiliária e a mais ampla arbitrariedade sobre a definição do que é, em cada caso, o interesse nacional. Por sua vez, tem sido promulgada a mais variada legislação destinada a moralizar o cumprimento das obrigações dos cidadãos para com o Estado, o que naturalmente se apoia, mas o Estado é cada vez mais amoral no cumprimento das suas promessas e obrigações para com os cidadãos. Acresce ainda que o actual Governo deixou de se preocupar coma as reformas prometidas ao longo de muitos anos, deixadas por realizar em tempo útil. Por outro lado, não mostrando o Governo ter soluções suficientes para resolver os problemas estruturais da economia, além de alguns anúncios virtuais, o que restará da confiança dos cidadãos no momento do julgamento final sobre os resultados? Uma nova desilusão?
Finalmente, é uma preocupação adicional para muitos daqueles que se orgulham de serem portugueses, a evidência de que nunca tanta riqueza sem causa conhecida foi tão visível em Portugal e nunca os sinais de corrupção foram tão amplamente divulgados, sem que a AR, o Governo e o PS mostrem a preocupação que se pensaria justificável, ou seja visível a intenção de fazer justiça com qualidade e celeridade. E, porventura mais importante, sem que seja estabelecido o quadro político que permita a prevenção necessária, para que esses fenómenos erosivos do regime democrático não possam continuar impunes. Ao invés, a afirmação mais frequentemente utilizada pelo poder político é a de que os portugueses não são corruptos, o que sendo semanticamente verdadeiro, não pode deixar de constituir um acto de fraqueza que dá uma confiança acrescida aos corruptos, que os há e não são poucos.
Durante o período em que exerci actividade política activa, apresentei duas moções a outros tantos congressos do Partido Socialista, moções a que dei o nome de Portugal: “Portugal Primeiro” e “Pensar Portugal”. Nos textos apresentados, acredito que seja visível uma certa angústia pelo futuro do nosso país, mas também fiz muitas propostas para superar as dificuldades, que então eram negadas, mas que hoje são aceites como evidentes. Dizem-me que essas propostas chegaram antes de tempo e muitos animam-me com a possibilidade de serem aplicadas no futuro. Talvez que sim, mas talvez seja essa a tragédia de ser português: o conformismo e o fatalismo de aceitarmos andar atrás dos outros e de fazer sempre tarde o que poderia e deveria ser feito cedo.
Aproveito para desejar a todos os leitores e familiares, bem como aos fazedores deste jornal, um Novo Ano de Paz e Saúde, bem como desejo a todos os portugueses uma “Democracia de Qualidade”.
Gestor e professor do ISCTE-IUL
Subscritor do “Manifesto: Por Uma Democracia de Qualidade”

Música - The Wild reeds (O Peso da verdade)



Patience The Wild Reeds (da série O Peso da Verdade)

Música - Patrick Watson (O Peso da verdade)


Na série  "O peso da verdade"

Séries- Janet King S2



quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Reflexão - João Miguel Tavares (Público)


...
Tudo isto é tão absurdo, e nalguns casos tão contraditório com as várias explicações que foi dando ao longo dos anos, que não admira que José Sócrates faça hoje parte do anedotário nacional. O que podemos nós fazer perante tanta justificação grosseira e tão grande lata se não gozar com a sua cara, enquanto ele continua a
gozar com a nossa? Percebo e comungo desse sentimento. 
Contudo, transformar Sócrates em anedota, por mais que nos apeteça, tem vários perigos. Em particular, este: empurrar para o domínio da comédia aquilo que é da ordem da tragédia — uma tragédia que só foi possível porque muita gente ajudou Sócrates a montá-la.
José Sócrates não é, nem nunca foi, um one man show. Há dezenas de pessoas em posições de destaque que continuam mudas e recatadas, apesar de terem sustentado Sócrates durante anos a fio. Talvez não soubessem do cofre onde cresciam envelopes, fotocópias e livros do Duda — mas tinham a obrigação de ver o dinheiro vivo, o luxo, as mentiras e a manipulação. Essas pessoas estão mortinhas por que Sócrates seja reduzido a uma gargalhada, de preferência bem alta, de forma a abafar a miséria das suas vergonhosas cumplicidades. Se
permitirmos que isso aconteça, a anedota não é José Sócrates — a anedota somos nós.


Comentário o (LBC) - Mas será que ninguém vê esta "banalização da irresponsabilidade" que se apoderou do nosso país??

Séries - Pânico no Árctico



Séries - Sobrevivente designado





Reflexões (vários)

Vida portuguesa. Não acreditem em pantomineiros profissionais. Nestes 10 anos, criou-se muita riqueza, diminuiu-se muito a pobreza, aumentou-se muito a esperança de vida, reduziu-se muito a mortalidade infantil, etc. No mundo civilizado ou em vias de o ser, o capitalismo tem corrido bem, obrigado. E em Portugal? Nada de novo. Começámos a década com a típica bancarrota socialista. Prosseguimos com uma intervenção estrangeira para superar a bancarrota. Continuámos com interpretações sortidas da bonita “Grândola”. E concluímos com uma legislatura em que, para efeitos de experiência social, se adicionou ao socialismo os transtornados do leninismo. Entretanto, os portugueses perderam poder de compra, vibraram com a bola, pagaram mais impostos, vibraram com a bola, patrocinaram criminosos da banca, vibraram com a bola, toleraram criminosos e charlatães da política, vibraram com a bola, foram diária e metodicamente humilhados pelos avençados dos “media”, vibraram com a bola, viram a saúde pública escangalhar-se sem estrondo, vibraram com a bola, constataram que a educação abdicou em definitivo de educar, vibraram com a bola, assistiram indiferentes ao avanço do país para os fundilhos da Europa, vibraram com a bola. Ou com a “gastronomia”. Ou com o sol, que é tão lindo. Temos imensa sorte.

(Alberto Gonçalves in "Observador" 28.12.2019)



Ou seja, um tipo que não é racista e que fez um tweet sem intenções racistas vai ter de ser ensinado a não ser racista porque muita gente o considerou racista. Em que mundo é que isto faz sequer vagamente sentido?

(João Miguel Tavares no Público a propósito de Bernardo Silva)


Por fim e para o fim um aviso: ainda estamos a tempo de legislar sem dramatismos sobre a questão da burca
e do niqab, esses véus que cobrem completamente o rosto das mulheres, e que, embora raramente, já se vêem em Portugal. Ou vamos ficar à espera que a questão se coloque um dia num hospital, numa escola, num autocarro, num banco, num tribunal…?
...
Assim  uma pessoa entra num hospital que funciona quando calha, tem acesso a medicamentos de forma
intermitente, médicos em escusa de responsabilidade ou em trabalhos forçados, mas fica tranquila porque
não só o direito à eutanásia está assegurado como não haverá discriminação de género na sua aplicação.
Realmente há momentos impressionantes na história das civilizações!

(Helena Matos in Observador)

...
A bem dizer, nem sequer deveriam ser admitidos os termos ‘filho’, ou ‘filha’, dada a conotação sexista destas designações. Pelo contrário, a expressão ‘ente’, mas sem qualquer artigo, parece ideal, na medida em que não pressupõe nenhum sexo ou género. Em substituição do nome, masculino ou feminino, esse tal ente querido precisaria de ter, contudo, alguma designação que o identificasse na sua vida familiar e social, desde que essa menção não determinasse o seu género. Para efeitos práticos, e só enquanto o ente querido não decidir o seu género, deveria ser provisoriamente designado por Psst!, nome próprio de elevada beleza consonântica, de grande tradição na sociedade portuguesa e que – felizmente! – não pressupõe nenhum anacrónico estereotipo sexista hétero-patriarcal. Posteriores crias do mesmo casal poderiam adoptar o mesmo nome, seguido do cardinal correspondente à sua ordem nos nascimentos familiares, como sempre se fez com os papas e monarcas homónimos. E, para quem queira ter um petit nom carinhoso, que tal apenas Ps?! É, sem dúvida, um diminutivo muito politicamente correcto…

(Gonçalo Portocarrero de Almada no Observador)