quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Reflexão - FJV

Francisco José Viegas em "A Origem das Espécies" (18.10.2018)


Revista de Variedades
Sempre que tropeço em notícias sobre “grandes avanços da humanidade” fico petrificado. Apenas por instantes. Refiro-me a pessoas & coisas estapafúrdias que povoam redações e universidades. Outro dia um lunático (formado numa universidade portuguesa de vanguarda e docente numa outra, onde espalha o seu credo – porque hoje os credos substituem a ciência e o saber) defendia que obrigar as crianças a dar um beijo aos avós era um acto agressivo e violento que, naturalmente, traumatiza os jovens seres. Uma outra, mas no estrangeiro, sugeria que dar de mamar a crianças do sexo masculino podia transformá-los, mais tarde, em violadores. Uma psicóloga australiana acaba de anunciar que os pais devem aguardar por alguma forma de consentimento dos bebés para lhes mudar as fraldas; de contrário, trata-se de uma forma de abuso sexual. Uma universidade proibiu as palmas no fim das conferências a fim de não ofender os estudantes surdos ou “com problemas cognitivos”. Como disse, fico petrificado – mas finjo surpresa. Depois murmuro “que maravilha”, e sigo adiante. Vivemos tempos interessantes.

Banksy, vamos lá rir
Tem graça: uma peça de Banksy, o adorado grafiteiro por quem se babam, desfez-se em tirinhas logo depois de ter sido licitada por 1,2 milhões de euros num leilão da Sotheby’s em Londres. Quem aprecia o género merece ser aldrabado – e em público, no meio de gargalhadas. A verdade é que as obras de Banksy são o que são: intervenções de rua, ‘grafiti’ em campanhas políticas, aparições de humor, opiniões populares sobre coisas correntes – mas o seu valor em termos de “arte contemporânea” (ou seja: muito valorizado por papalvos, colecionadores e filósofos do género) atingiu um estatuto de primeira linha. Os últimos grandes pintores (Freud ou Rêgo, por exemplo) foram ultrapassados pelo linguajar desse material histriónico ou apenas irónico, que os “curadores” bem queriam numa loja de “artes decorativas” dos seus museus, junto de caixas de plástico, pneus reutilizados, bonecos de madeira, sujidades, tudo com propósitos provocatórios contra “o sistema” e a arte tradicional. A suprema ironia de Banksy parece de flibusteiro, claro – mas não é: ele só provou quão ridículo é o sistema. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Séries - Unidade 42

A série é belga e não americana ou nórdica como agora está na moda. Tem um approach diferente das séries deste tipo. O actor principal nem é louro nem é alto nem tem nada a ver com o habitual arquétipo do detective principal. Tem barba, mal vestido, sem saber lidar com os problemas da adolescência da sua filha. Tem o fantasma da morte da mulher, com o qual se debate a todo o momento, e que lhe faz uma falta assinalável. A série tem tudo para não agradar, mas o argumento e a forma como os assuntos são realisticamente tratados leva-me a gostar particularmente dela.



Séries - Jogar em casa

Mais uma série norueguesa sobre as relações atribuladas entre as partes, num clube de futebol que decide contratar como treinadora principal uma mulher. É curioso: quando se seguem estas séries, perceber algumas características daquelas sociedades





domingo, 7 de outubro de 2018

Séries - Irmãos e Inimigos


Retrato interessante da ex-RDA ou,... as histórias que a História esquece

sábado, 6 de outubro de 2018

Reflexão - AG

Comentário (LBC) - (Como eu o entendo!!...)


A união faz a força bruta

É possível que deixar de fumar, de beber e de investir as poupanças na roleta implique benefícios a longo prazo. Deixar de ver televisão traz benefícios imediatos. O mais recente é ser poupado à catrefada de programas dedicados à violação alegadamente cometida pelo futebolista Cristiano Ronaldo em Las Vegas. Os ecos que me chegam (e sobram) pelo Facebook dão-me conta de mesas redondas cercadas de especialistas especializados em proferir atoardas. É daqueles casos em que imaginamos exactamente o que estamos a perder: lixo.
Por regra, este alvoroço em redor dos abusos sexuais costuma confrontar duas escolas de pensamento. A escola “machista” acha todas as acusações infundadas e obra de galdérias interessadas em dinheiro e/ou fama. A “feminista” considera todas as acusações verdadeiras e todos os actos perpetrados a coberto de um “sistema” patriarcal e opressor. A escola “machista” desvaloriza a autonomia e o arbítrio das mulheres. Por diferentes caminhos, a “feminista” também. A escola “machista”, informal e tosca, é irredutível nas suas convicções. A “feminista”, organizada e metódica, tem dias.
Se, por exemplo, uma das medalhadas em sofrimento pelo #MeToo é suspeita de marotices sobre um rapaz adolescente, boa parte do “feminismo” decreta logo as denúncias falsas e indignas de sequer serem levadas em consideração. E se, outro exemplo, as denúncias provêm de uma americana que, em vez de comprometer um juiz escolhido pelo sr. Trump, compromete o sr. Ronaldo, certo “feminismo”, pelo menos de extracção caseira, sofre novo abalo e procede, hesitante, à desvalorização da fêmea em causa para não desvalorizar o motor do orgulho pátrio. Aqui, escusado notar, o “machismo”, que nunca hesita, fica a um passo de propor o esquartejamento da tal senhora.
E andamos nisto, que me interessa tanto quanto as infusões de camomila. Por um instante, acreditei que haveria vida inteligente algures entre o “feminismo” e o “machismo”. Já não acredito. Aliás, começo a não acreditar em coisa nenhuma e a apreciar poucas. Marxistas. Budistas. Fascistas. Benfiquistas. Nacionalistas. Bairristas. Papistas. Activistas. Ciclistas. Maoistas. Catequistas. Socialistas. Alquimistas. Sambistas. Sindicalistas. Artistas. Bilharistas. Etc. Por definição tácita, os “istas” deste mundo são criaturas com desesperada necessidade de pertença a algo que os transcenda, em quantidade e, pensam eles, em qualidade. Pode ser uma ideologia, um culto, um clube, uma associação, um tique partilhado por um grupinho razoável.
Cumpre-me informar que jamais senti semelhante carência. Se sentisse, estaria tramado, visto não me ocorrer um único critério que me aproxime, por acordo ou telepatia, de qualquer amontoado de gente. Assim por alto, sou, porque calhou, homem, caucasiano, português, heterossexual e ateu. Existe alguma afinidade inata ou adquirida que me vincule aos restantes homens, caucasianos, portugueses, heterossexuais e ateus? A resposta é não. Ou não, cruz credo. Ou não, a que propósito? A “identidade”, que em décadas esmagou a luta pela igualdade a benefício da histeria pela “diferença”, é um delírio infantil, e as políticas que a utilizam são uma fraude concebida para arregimentar pasmados.
A “integração” em bandos afinal abstractos, fundamentada em características fortuitas como a naturalidade, o sexo ou a cor da pele, será na melhor das hipóteses um descanso para cabecinhas desnorteadas. Na pior, serve para as cabecinhas se sentirem superiores, exigirem privilégios e proibições, alimentarem conflitos e, em última instância, dividirem sociedades sustentadas pelos sempre débeis laços civilizacionais de modo a facilitar o reinado de oportunistas, súmula competente dos “istas” em geral.
Acerca do assunto – ou da falta dele – na ordem do dia, eis a minha opinião: não tenho. Vejam lá (de que maneira?) se o sr. Ronaldo é culpado e, se sim, prendam-no. Ou apurem (de que maneira?) se a senhora é mentirosa e, então, prendam-na a ela. Ou enviem o prof. Marcelo para distribuir comendas por ambos. Ou vão dormir e não incomodem com indigências as raras pessoas que não querem ser incomodadas com indigências, por acaso uma “identidade” que eu assumiria sem esforço nem vergonha.

Nota de rodapé:

Em Tancos, um crime foi deliberadamente encoberto, o que constitui outro crime. Felizmente, ninguém que importe soube de nada. Nem o ministro (que, em seu abono, nunca sabe de coisa alguma), nem o primeiro-ministro (ele seja cego, surdo e – peço a Deus – mudo), nem Sua Excelência, o Comandante Supremo e Impecável das Forças Armadas (aquele senhor das “selfies”). É uma sorte tremenda, dado que a evidente inocência destas personalidades permite-lhes continuar a mandar competentemente no país em vez de irem parar ao olho da rua ou, fosse este um lugar diferente (digamos), à cadeia. Na cadeia está uma figura menor, cujo nome não recordo e cuja ausência não perturba a nossa imparável marcha rumo ao ridículo, perdão, à glória final.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Música - Charles Aznavour ("jornal I") 2/2

Charles Aznavour. O meia leca que se tornou um gigante da canção

Morreu na madrugada de ontem, aos 94 anos, ‘Petit Charles’, o grande artesão da canção francesa, alguém que se criou nas ruas de Paris, que nunca teve nem a estampa, nem a voz de uma grande estrela, mas subiu mais alto do que muitos e tantos com mais brilho
É sempre difícil extinguir o fogo, mesmo que a golpe de foice. Há muito que Charles Aznavour vinha repetindo, por tantas outras palavras, o verso do poeta: “Tenho mais recordações do que se tivesse mil anos”. E ao desaparecer, na madrugada desta segunda-feira, aos 94 anos, tendo regressado de uma digressão pelo Japão, dá a sensação que a morte não teve a coragem de o apanhar de pé. Não que a altura fizesse dele uma figura imponente - não tinha mais de um metro e sessenta -, mas era um desses incansáveis operários da paixão, alguém que nunca se queixou da falta de inspiração, pois dela não esperava muito; não esperava nada. “Não tenho mais que ideias. O trabalho converte-se em talento, e não ao contrário. Também não tenho imaginação, disse numa entrevista ao “El País”, em 2015. E acrescentou: "Há gente que a tem e, mesmo assim, não é capaz de escrever uma canção”.
Com uma carreira que se estendeu por oito décadas, Aznavour estava confiante de que iria viver até aos 100, mas não pensou é que continuasse a cantar à volta do mundo para lá dos 90 anos. Parece, assim, que a morte tinha com ele um pacto. Entretanto, mais difícil de explicar é como se tornou o último dos gigantes da canção francesa, e isto com uma voz que já na sua juventude não era grande coisa e que, cá para o fim, naturalmente, ficou bem pequenina. Se andava pelo mundo esgotando salas de concerto, isto acontecia porque, como explicou Miquel Jurado, jornalista do “El País”, depois de um concerto em Barcelona, no passado mês de abril, para o seu público era-lhe igual se Aznavour acertava na afinação ou cantava algumas oitavas a baixo do que era suposto ou se lhe faltava o fôlego para chegar às notas mais exigentes. Aquelas pessoas “não estavam a escutar mas a sentir (com tudo o que esta palavra implica) no seu interior o Aznavour das suas recordações, o seu próprio Aznavour”.
É da morte de um mito que se trata. Um homem que vendeu mais de 100 milhões de álbuns (180 milhões segundo a sua biografia oficial) em 80 países, escreveu mais de 1400 canções, e com as muitas de amor arrebatou corações em todo o mundo, e levava-os ao peito suspensos pelo fiozinho da voz. E se chegou tão longe, tendo abandonado a escola aos 10 anos, depois de ter nascido em Paris a pais arménios, que se haviam refugiado em Paris depois do genocídio de 1,5 milhões de arménios, em 1915, nos últimos dias do Império Otomano, isso ficou a dever-se à fenomenal persistência deste homem que, com uma mão fraca, fez um jogo dos diabos - e sem precisar de recorrer ao bluff.
“Quais eram os meus defeitos? A minha voz, a minha altura, os meus gestos, a pouca cultura e educação, a minha honestidade ou a minha falta de personalidade”, escreveu na sua autobiografia, “Aznavour par Aznavour”. “Quanto à minha voz, não posso fazer nada. Todos os professores de canto que consultei concordavam que eu não devia fazer vida de cantar, mas isso não me impediu de o fazer até sentir a garganta em ferida.” A voz pequena compensava-a com altas doses de emoção, tornando-se um “puro motor de beijos e lágrimas, de alegrias e mágoas”, lembrando as suas plateias que, na verdade, não lhe restava alternativa. “Só posso fazer uma de duas coisa: não cantar ou morrer em palco.” E, com o fatalismo próprio de todo o galã, avisava: “Decidi, por isso, morrer esta noite numa cidade que amo”.
Foi por aí, prometendo a sua morte por amor, alguém que, se não devia muito à inspiração, inspirava multidões, e outra das coisas que, segundo conta Miquel Jurado, usava a seu favor era a idade. Nessa terna sem-vergonhice de um terrível sedutor, perguntava se mais alguém ali tinha 94 anos. Como ninguém levantou a mão, rematou: “Como veem, onde quer que vá não há ninguém mais velho que eu.”
Se Shanoun Varenagh Aznavourian teve que fazer uns cortes no nome que os pais lhe deram quando veio ao mundo, nunca se esqueceu das suas origens. Numa entrevista ao “Expresso”, em novembro de 2016, explicou que por não ter mais família, nem avós, tios ou primos - “éramos apenas quatro: os meus pais, eu e a minha irmã” -, e por estarem desenraizados, isso os tornou mais próximos. O gosto pela música veio-lhe do pai, que cantava, e que, filho de um dos chefs do czar russo Nicolau II, abriu um restaurante em Paris. Já a mãe era atriz, e foi sob a sua asa que Aznavour desenvolveu a paixão pelo teatro, tendo representado pela primeira vez numa peça de teatro com apenas nove anos.
O que é surpreendente é que, antes de decidir devotar-se primeiramente à música, Aznavour tinha já uma carreira estabelecida como ator, tendo participado em mais de 60 filmes. O mais conhecido dos seus papéis foi provavelmente o do pianista com um passado misterioso na excêntrica fita de François Truffaut, “Tirez sur le Pianiste” (1960) - um papel que o cineasta disse ter escrito especificamente para Aznavour. Se a música passou a ter mais atenções suas, não deixou de fazer a sua perninha uma vez por outra no cinema, como acontece em “Die Blechtrommel” (1979), de Volker Schloendorff, e “Ararat” (2002), de Atom Egoyan.  
Casou três vezes, a última das quais em 1967 com Ulla Thorsell. E teve seis filhos: duas raparigas e quatro rapazes.
“Petit Charles”, como era chamado afavelmente pelos franceses, tornou-se no grande ambaixador da Arménia pelo mundo depois desta ter deixado de estar sob o domínio soviético. Quando era miúdo, tinha visto o pai ser levado à penúria no seu esforço para socorrer e alimentar refugiados arménios no seu restaurante. Na entrevista ao “Expresso”, Aznavour recorda-se também de terem escondido judeus em casa, aquando da ocupação nazi. Assim, depois de ter começado a escrever canções para Édith Piaf, quando a sua fama começou a crescer bem para lá de França, contando eventualmente entre os seus amigos com personalidades como Ray Charles, Frank Sinatra, Nina Simone, Charles Trenet, Maurice Chevalier ou Amália, tornou-se o grande porta-voz da causa do povo arménio e ajudou a angariar fundos para ajudar o país. 
O último filme que fez foi precisamente sobre o massacre dos arménios em 1915 que, mais de um século depois, as autoridades turcas continuam a negar, e, sem diabolizar os turcos, Aznavour, tendo tocado praticamente em todo o mundo, recusou-se a fazê-lo na Turquia. Ao longo da sua vida associou o seu nome à luta para ver a comunidade internacional reconhecer que o seu povo tinha sido, de facto, vítima de genocídio. Em 1988, foi o principal responsável pela campanha que conseguiu levar ajuda humanitária à Arménia após o terramoto que provocou a morte de 45 mil pessoas. Três anos mais tarde, quando o país se libertou da União Soviética, fez dele o seu embaixador não oficial. E não só fazia gala da sua placa do Corpo Diplomático, como a canção com a qual mais vezes abria os seus espetáculos nas últimas duas décadas era “Les émigrants”, um hino dedicado à história dos seus pais e a um crescente número de pessoas obrigados a abandonar os seus países. 
Depois de passar oito anos na entourage de Piaf, fosse escrevendo canções para ela, fosse como seu secretário - mais tarde confessaria que, se a amizade entre os dois sobreviveu, isso se deve a nunca terem tido uma ligação romântica -, foi ela quem o encorajou a não se ficar pela composição, acreditando que a grandeza das suas canções não se perdia pela falta de uma grande voz. Assim, e depois de ter acompanhado Piaf ao piano em Nova Iorque, depois da II Guerra Mundial, voltou à Europa e arranjou-se como pôde a tocar em cafés frequentados pela classe operária, tanto na França como na Bélgica. Foi por esses anos que ouviu os entendidos dizerem as piores coisas sobre ele, criticando tudo desde a sua aparência e presença em palco até ao modo de cantar.
Depois de ter escrito para alguns dos principais nomes da canção francesa - além de Piaf, Gilbert Bécaud, Léo Ferré e Yves Montand -, Aznavour acabaria por tornar-se o mais improvável dos seus heróis. Em 1999, numa sondagem da “CNN” e da revista “Time”, foi considerado o entertainer do século. E se marcou a vida íntima de tantas gerações, talvez nenhum testemunho tenha conseguido explicar o porquê melhor do que o de Liza Minnelli, que o conheceu quando era ainda uma adolescente (estava ele já pelos 40), e que falou no deslumbramento que a levou a segui-lo para Paris numa entrevista de 2013, citada no obituário do “New York Times”. “Ele realmente ensinou-me tudo o que sei sobre cantar - como cada canção é um filme diferente”. Os dois permaneceram amigos ao longo das décadas, tendo muitas vezes subido ao palco juntos.

Música - Charles Aznavour ("Jornal I") 1/2

Aznavour em dez canções

Do cantor e letrista francês de origem arménia dir-se-á que foi um dos mais populares e que teve uma das carreiras mais longas de que haverá memória na história da música francesa. Olhar para a herança de Charles Aznavour pode não ser fácil. Olhemos então para dez das canções que mais marcaram uma carreira que se estendeu da década de 1940, o tempo em que Édith Piaf o ouviu cantar pela primeira vez, até à sua morte, aos 94 anos
1950. J’ai Bu
De fora da lista dos seus maiores êxitos, mas com a importância de ter sido a primeira que escreveu, depois de Édith Piaf o ter ouvido cantar - atuava na companhia do ator Pierre Roche em clubes franceses - e o ter levado consigo numa digressão pela França e os Estados Unidos. Foi a cantora francesa, para quem fazia frequentemente primeiras partes de concertos, a grande impulsionadora de uma carreira que se prolongaria por mais 70 anos. Com mais de 1400 canções e 100 milhões de discos vendidos.
 1957. Aïe mourir pour toi
“Conheci-a na Bélgica, no fim dos anos 50, ela cantava numa sala do primeiro andar e eu no rés do chão”, contou um dia em entrevista ao “Expresso” sobre a sua amizade com Amália Rodrigues, que um dia lhe terá dito que gostaria de “cantar uma canção em francês”. Aznavour escreveu “Ai mourir pour toi” inspirado no nome de um bairro lisboeta - Mouraria. A palavra soara-lhe a morte, contou na mesma conversa. “Quando soube que não fartei-me de rir.”
1960. Je m’ voyais déjà 
Descrita pelo próprio como o seu primeiro grande sucesso, escreveu-a inspirado numa jovem artista belga que ouviu um dia num bar de Bruxelas no próprio dia. Ofereceu-a a Yves Montand, que declinou o convite, e por isso cantou-a ele próprio, a 12 de dezembro de 1960, num concerto no Alhambra de Paris. A reação do público transformá-la-ia num êxito. 
1961. Retiens la nuit
A décima segunda das canções escritas por  Charles Aznavour ainda, em coautoria com Georges Garvarentz, e desta vez para Johnny Hallyday no período em que este se convertia de seguidor de Elvis Presley em intérprete de canções românticas - ao longo dos anos frequentemente escritas por Aznavour.
1962. Les comédiens 
Escrita em homenagem aos atores, aos músicos, aos mágicos, aos artistas, para um êxito que acabou transformado em hino ao mundo do espetáculo. Para a memória ficou a interpretação da canção ao lado de Liza Minnelli no Palais des Congrès, em Paris, em 1991. Já 20 anos depois, em 2012, Allain Resnais usá-la-ia na banda sonora do seu penúltimo filme, “Vous n’avez encore rien vu”.

1963. La mamma
Viriam Ray Charles, Gipsy Kings, mais duas mãos cheias de outros, interpretá-la depois dele, mas foi pela primeira vez gravada por Charles Aznavour, com Robert Gall, que lhe entregou uma primeira versão inspirada em “Rocco i suoi fratelli”, de Visconti, para o disco homónimo editado em 1963. “La mamma” tornou-se no primeiro disco do cantor a ultrapassar o milhão de cópias vendidas. 
1964. Hier Encore
Em celebração dos seus 40 anos, Aznavour fazia um balanço da sua vida numa canção que, escrita por Herbert Kretzmer, apresentava um homem a refletir sobre o seu percurso de vida. Traduzida depois para várias outras línguas (“Yesterday When I Was Young”, em inglês, “Ieri Si”, em italiano, “Ayer Aún”, em espanhol, até para japonês), foi cantada (e regravada) por dezenas de artistas. 
1965. La Bohème 
Provavelmente o seu maior êxito. Interpretá-lo era, disse o próprio na já citada entrevista que deu ao “Expresso”, em Paris, aquilo a que chamava uma “descida aos infernos”. E acrescentava, em concordância com as preferências da assistência aos seus concertos: “Não fui eu que escrevi a letra, foi um amigo [Jacques Plante], mas é uma das mais belas que tenho no meu reportório.”  
1972. Comme Ils Disent
Sobre “Comme Ils Disent” (“What Makes a Man”, na versão em inglês), disse um dia Aznavour: “Fui o primeiro homem a escrever uma canção em França sobre a homossexualidade. Queria escrever sobre os problemas concretos enfrentados pelos meus amigos gays. Via que as coisas eram diferentes para eles, que eram marginalizados”. A letra descrevia a vida de um homem que se vestia de mulher nos clubes de Paris em paralelo com a relação com a mãe.
1974. Tous les visages de l’amour
1974. Tous les visages de l'amour

Não é a francesa original a versão mais conhecida deste single editado em 1974 por Aznavour. Lançada logo de seguida, “She”, a sua versão inglesa, passou mais ou menos despercebida tanto em França como nos Estados Unidos, mas rapidamente atingiu os tops de vendas em Inglaterra. E em 1999, Elvis Costello regravou-a para a banda sonora da comédia romântica “Notting Hill”, de Roger Mitchell, protagonizada por Julia Roberts e Hugh Grant.

segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Charles Aznavour (1924 - 2018)





Reflexão (LBC)
Il y a des chanteurs qui se distinguent et ont été distingués, je ne sais pas bien pourquoi? Charles Aznavour est d'abord devenu célèbre pour l'originalité et le ton de sa voix. C'était littéralement incomparable. Avec Bécaud, ils ont été mes deux premiers grands contacts avec "la chanson".
Et il y en avait peu comme eux.

(J'ai pensé à mettre "Les comédiens" sur le blog au moment je gagnais le processus contre Consulgal. Mais ça n'est pas encore (...) arrivé. En effet, je l'ai fait, mais je l'ai retiré tout de suite, après avoir été confronté à un appel (encore un!!) de l'entreprise).

Je le fais maintenant, pas à cause du processus qui persiste à être reporté, mais pour lui et pour la musique qu'il represente.
Au milieu de la normalisation intellectuelle que cette société promeut, il est très salutaire d'avoir quelqu'un pour qui vaut la peine de saluer, de louer et de pleurer la mort.





Charles Aznavour: "J'ai le sens du point final"

Le chanteur s'est éteint ce lundi à l'âge de 94 ans. L'Express l'avait rencontré en septembre 2007. Entretien.


Charles Aznavour en concert le 13 mars 2018 à Genève.
Charles Aznavour en concert le 13 mars 2018 à Genève.
afp.com/Fabrice COFFRINI

L'Express avait rencontré Charles Aznavour en septembre 2007 à la veille d'une série de concerts au Palais des Congrès, à Paris, et d'une tournée en France, à l'occasion de la sortie de son album "Colore ma vie". Nous republions cet entretien.  
Aznavour. Le nom claque et caresse, et tout semble dit. La voix, les mots, l'esprit, le combat pour l'Arménie. De refrains en refrains, de chansons d'homme blessé en coups de gueule, le petit Charles (1,64 mètre) est devenu un maître, l'unique ambassadeur de la chanson française. Le New York Times a même titré, en 1998 : "Aznavour, the last chanteur"... Dans son bureau des éditions Raoul Breton, rachetées, il y a quinze ans, pour ne pas les abandonner aux Américains, Charles Aznavour se raconte doux, nerveux, rieur, philosophe et débordé : il enregistre un album en espagnol, fignole un recueil de nouvelles, répète ses concerts du Palais des congrès. Le lendemain, pour la séance photo, monsieur Charles est venu avec ses accessoires - chemise, bretelles... - s'est maquillé seul et a distribué des galettes bretonnes. Avant de prendre la pose.  
L'EXPRESS. Vous annonciez vos adieux il y a quelques années, et vous voici déjà de retour. C'était un faux départ ?  
Charles AZNAVOUR. A ce moment-là, mon désir d'arrêter était sincère. J'ai tenu neuf mois. Et puis mon épouse m'a grondé : "Ecoute, tu tournes en rond, recommence à travailler." J'arrive à un âge où il faut savoir partir avant d'être complètement détraqué. Alors j'ai décidé d'étaler mes adieux, de les faire par pays et par langue. J'ai gardé le français et la France pour la fin.  
La scène vous manquait-elle physiquement ?  
Je ne sais pas... En fait, le plaisir commence au bout d'un morceau ou deux, lorsque je remets les pieds dans mes propres pas. Ce n'est quand même pas naturel d'arriver devant 2 000 personnes et de chanter. C'est quelque chose qui ne s'apprend pas, mais qui entre en soi.  
Qu'avez-vous retenu de ces soixante ans consacrés à la chanson ?  
Des réflexions, des questionnements, des réponses. Qu'est-ce que le succès, sinon le résultat d'une hallucination collective ? La notoriété est moins importante que l'amour du public, qui, lui, est solide.  
Comment cet amour se gagne-t-il ?  
Les gens ont tout de suite cru en moi. Depuis, je n'ai pas changé, ils le voient bien. Je fais mes courses au supermarché, je conduis ma voiture. Je viens du "peuple" et le goût du café du Commerce ne m'a jamais quitté.  
On vous croise souvent dans les foires-expositions.  
Je suis devenu curieux de tout. Je veux tout voir, tout saisir, tout comprendre. Je parcours le Salon de l'agriculture, celui des bateaux-piscines ou la Foire de Paris en petite voiture électrique, car j'ai du mal à marcher. Après, on fait de bons gueuletons. J'aime par-dessus tout les inventeurs, ces petits génies qui nous simplifient l'existence. J'achète, j'empile. J'ai ainsi acquis la "pelle qui se plante dans la terre sans se fatiguer". Bien sûr, elle n'est pas déballée.  
Vous répétez souvent : "Ma vie m'a amusé..."  
Il faut l'aimer, la vie. On ne sait pas si on l'aura deux fois. Enfin, on sait bien que non. Ecrire m'a amusé, oui. Si je n'étais pas un auteur, je ne chanterais plus, car je ne trouverais pas ce que je veux. Je taille des costumes sur mesure et après je m'habille. Il m'est arrivé d'en tailler pour des femmes. D'entrer dans cet exercice où l'homme est un petit peu l'ennemi de lui-même. Du coup, le miroir reflète vraiment ce que vous êtes... C'est troublant.  
Que vous apporte ce plaisir d'écrire ?  
C'est un jeu cérébral, comme les mots croisés. Je pars sur un mot et j'en fais le tour. Cela devient parfois un sketch. Evidemment, dans ces cas-là, c'est inchantable. Je me souviens ainsi d'un texte, "Monsieur le procureur", l'histoire d'un assassin. Je sors parfois des choses curieuses... Je dois avoir 170 chansons qui ne servent à rien. Je les ai achevées parce que j'ai le sens du point final.  
Et donc du mot...  
Chez moi, je collectionne les dictionnaires, les récents et les anciens, dans lesquels je pioche des mots inusités, insolites, introuvables ailleurs - "déconforter", par exemple. Ils enrichissent mes chansons et me permettent de ne pas utiliser d'élision, même dans les textes plus rapides comme Mes emmerdes. Et quand je ne trouve pas de rimes, je les invente. J'ai aussi inventé "Vestimentation". On dit bien aliment, alimentaire, alimentation. Pourquoi pas vêtement, vestimentaire et "vestimentation".  
Quand estimez-vous qu'une chanson est terminée ?  
Rarement. Je la triture jusqu'à l'enregistrement et parfois même longtemps après, en concert. Sa jeunesse, Hier encore... c'est réglé. Mais, pour certaines, il manque encore un mot ou deux à caler pour l'équilibre de l'oreille, le rythme, la musicalité.  
Où écrivez-vous ?  
Je me lève à 6 heures du matin et m'assois dès 8 heures à mon bureau : l'inspiration ne tombe de nulle part, il faut la creuser. C'est une discipline. Et chaque soir, sans exception, je me repasse une de mes chansons traduite en langue étrangère, ou bien un nouveau texte que j'ai prévu de chanter dans deux ans. Ou alors, je plonge dans un livre pédagogique. Puis j'ouvre le dictionnaire, on y revient, et je lis plusieurs pages d'affilée.  
Le public a oublié que vous n'êtes pas l'auteur de tous vos classiques.  
Car j'ai eu de très grands paroliers. Je n'allais pas refuser La Bohême [de Jacques Plante] ou Que c'est triste Venise [de Françoise Dorin] pour des questions de droits d'auteur ou d'ego. Je suis très heureux d'être mon propre emmerdeur.  
La chanson parfaite existe-t-elle ?  
Oui. Y a d'la joie. La Mer. L'Eau vive. Et puis toute la vieille chanson française, même la grivoise ou la légère. Le Prisonnier de la tour, de Gérard Calvi et Francis Blanche [chanté par Piaf], les chansons coquines de Jean Nohain, c'est excellent. On a un tel patrimoine. Aucun pays ne nous égale... pour le moment.  
Et dans votre propre répertoire ?  
Sa jeunesse. Hier encore. Non, je n'ai rien oublié.  
Avec Après l'amour (1955) et ses fameux "draps froissés", vous avez bousculé l'époque ?  
Je crois avoir marqué une belle avancée mais, au fond, j'ai pris de faux risques. Quoique Après l'amour ait été "non recommandé" à la radio. Quelle hypocrisie ! Il faut parler vrai, même quand c'est osé - Brassens, Ferré parlaient vrai, eux aussi - mais il s'agit de le faire correctement.  
Piaf vous aurait soufflé un jour : "Quand même, tu es gonflé !"  
C'était à propos de paroles qui disaient : "Je mords ton épaule." Elle s'est écriée : "Oh non !" Je lui ai rétorqué : "Ecoutez Edith, ça ne vous est jamais arrivé de mordre une épaule ? - Oui, mais... - Oui, mais quoi ?..." Et, lorsque Bécaud a remplacé "ta jouissance" par "ta souffrance" dans Je veux te dire adieu, je lui ai lancé : "Eh bien, Gilbert, vous ne jouissez pas ?"... Pourtant, je suis foncièrement timide, mais ma timidité ne se voit plus. Au cinéma, je suis classé dans les shy actors, comme disent les Anglais. Je ne me déshabille que sur scène ou dans mes textes. A part ça, je suis prude et vieux jeu, mais sans a priori de race, de religion, d'origine sociale... Je me surnomme "le Benetton de la chanson", car, dans ma famille, il y a des juifs, des musulmans, des protestants, des catholiques, des grégoriens...  
D'où vient votre inspiration ?  
Un artiste ne sort pas du bois en ayant du talent. C'est un caméléon, le résultat d'un nombre de choses vues, entendues, emmagasinées, de rencontres. Peut-on avoir meilleur modèle que les gens qui vous entourent ? Comme ils disent vient d'un garçon, Androuchka, qui passait souvent à la maison. Il avait une chatte blanche, la cendre tombait sur ses vêtements... J'ai gardé le geste. Je sais observer, imiter, reproduire. J'aime les personnages que je décris. Cette grosse dame de Tu t'laisses aller, je l'adore. J'ai reçu, un jour, une lettre d'une admiratrice qui me confiait : "Vous avez raison, j'ai pris soin de moi, mon mari ne me reconnaît plus, on vit une deuxième lune de miel."  
Une chanson peut donc avoir de l'influence ?  
Très lentement. Elle se faufile partout, rentre par les fenêtres, sous les portes, dans les trous laissés par les clous.  
Pendant longtemps, vous avez été associé aux blessures des sentiments. Cocteau a même eu cette belle phrase sur vous : "Avec Aznavour, le malheur devient palpable."  
Je n'ai pas écrit tant de chansons d'amour que ça... Quand je chante "ma prostate", on me regarde comme un zombie. Mes chansons d'amour, je n'en ai pas honte, mais je préfère les autres, celles qui m'ont donné du mal. Par exemple L'Instant présent. J'ai insisté une saison sur scène. En vain.  
Une chanson d'amour doit-elle être forcément triste ?  
En tout cas, mélancolique. Le proverbe est juste : le bonheur n'intéresse personne. Le malheur est plus commercial. On peut se retrouver dans une chanson poignante et réfléchir sur soi. Dans Y a d'la joie, la pensée ne va pas très loin. Avec L'Hymne à l'amour, en revanche, le passé s'en mêle. Ces vingt ans qui ne reviendront pas, cette conscience du temps qui passe...  
Vous avez été proche de Piaf, à qui vous avez offert Plus bleu que tes yeux, Jezebel... Comment la définiriez-vous ?  
C'était "Santa Piaf" ! Un modèle de self-made-woman. J'ai moins appris du métier d'Edith que de sa manière de se parfaire. Elle lisait des oeuvres ardues. Elle lisait utile. Moi aussi, j'ai lu utile : Aristophane, Sophocle, Proust deux fois. Céline m'a impressionné. S'il avait écrit des chansons, c'eût été une révolution. Corneille, Racine, Molière m'ont beaucoup apporté pour la pratique de l'alexandrin. Je le casse, je le découpe. J'ai appris à choisir les mots qui roulent, les agressifs. A mélanger le langage populaire et le poétique. Le premier accroche le public, le second le retient.  
Avez-vous été heurté par les critiques de vos débuts : "la petite Callas mitée", "Aznovoice", "l'enroué vers l'or" !  
C'était drôle...  
"L'aphonie des grandeurs" ?  
J'ai eu ça ? C'est très bon. La France est un pays où il y a de grands mots d'auteur et aussi de grands mots d'acteur : Saturnin Fabre, Carette, Jules Berry... Ça me manque. Il y a eu un petit retour avec la campagne électorale, quand Ségolène Royal a accumulé les bourdes. François Hollande a l'air très marrant. Est-ce que le PS aurait le monopole de l'humour ?... Non, à droite, il y a André Santini.  
Vous qui avez rencontré les plus grands de ce monde, quels hommes politiques vous ont marqué ?  
Vous savez, ce sont des gens qu'on vous présente après un spectacle, mais que je ne connais pas vraiment, sauf Jacques Chirac, qui, lui, recherche le contact. J'ai croisé de Gaulle, Clinton, Poutine, et aussi celui qui se cassait tout le temps la gueule...  
Gerald Ford ?  
C'est ça. Ce jour-là aussi, il est tombé. Les politiciens font le même métier que nous. Il ne faut pas se leurrer. Ils ont des coachs, des nègres, des gens qui leur apprennent à sourire... Moi, je suis venu avec mes défauts, et ça m'a réussi.  
Ces chansons que vous avez écrites par centaines dressent-elles un portrait fidèle de vous ?  
Certaines phrases renvoient parfois à un épisode de ma vie. Pourtant, au final, oui, cela pourrait dessiner mon autoportrait, car, bizarrement, ce que j'ai chanté m'a rattrapé. Je pense à Sarah : ma fille s'est installée aux Etats-Unis. A Mon émouvant amour [à propos de la surdité], qui est désormais autobiographique : j'entends moins bien. Voilà, c'est comme ça.  
Dans J'abdiquerai, vous confiez : "S'il me reste encore un beau spectacle à faire/Un bel enterrement flatterait mon ego..."  
Et, en même temps, une fois que ça arrive... Et puis j'ai un petit caveau dans un cimetière loin de Paris. Ce n'est pas fait pour attirer les foules et ça ne plairait pas à ma famille.  
Allez-vous jeter une nouvelle fois votre mouchoir sur scène au moment de La Bohème ?  
Bien sûr. C'est un rituel qui prend sa naissance dans une autre chanson, Tu exagères, où, à la fin, je tendais un mouchoir à un spectateur. Quand j'ai imaginé une mise en scène pour La Bohème, j'ai cherché un symbole de blancheur, de beauté, un objet qui se promènerait comme une fleur. L'anecdote a fait le tour du monde. Au Japon, les spectateurs se lèvent dès les premières mesures pour tenter de l'attraper. Une riche Américaine, qui loue, pour sa famille, le premier rang à chacun de mes passages, en a ramassé 47. Ce mouchoir renvoie à l'idée de la jeunesse qui tombe, qui tombe, et qu'il faut bien abandonner un jour. 

Biographie

1924. Naissance de Charles Aznavourian, à Paris, le 22 mai.  
1946. Rencontre avec Edith Piaf.  
1955. Premier Olympia.  
1960. Joue dans Tirez sur le pianiste, de François Truffaut.  
1975. Ils sont tombés (chanson pour l'Arménie).  
1997. Reçoit un césar d'honneur.  
2007. Début de sa tournée d'adieux française au Palais des congrès de Paris. 
2018. Décès du chanteur.




Férias - Torreira


Mural de Vhils em Estarreja, "Abandoned Places" (álbum a ser pensado), vários aspectos da Ria de Aveiro, um dos vários gatos a que tirei fotos (...), praia de S. Jacinto