sábado, 25 de março de 2023

Trans Japan Alps (NHK)

No canal 216 da NOS - a NHK -, que sigo regularmente, e para além dos seis torneios anuais de sumo ou das viagens pelas espectaculares linhas férreas do país, vejo este programa sobre determinadas actividades desportivas que são características do Japão. 

Neste caso, a travessia a pé! (nossa senhora, a pé!!) do país, durante dias, dormindo ao relento ou em postos específicos, passando por um obstáculo superior a que chamam os "Alpes japoneses", em condições atmosféricas dificílimas e intermitentes e - saliente-se! -, sem qualquer espécie de recompensa que não seja o gozo e gosto de suplantar (mais...) este desafio consigo próprio. 

Enfim, coisas a que este povo se dedica e que sistematicamente me surpreendem pela disciplina, pelos hábitos, pelas dificuldades que se habituaram a transpor ao longo dos tempos.

Que povo!








Trans Japan Alps Race (TJAR) is a 415 km ultramarathonwith a total elevation gain of approximately 27,000 m[2] that takes place on roughly half roads and half trails in the Japanese Alps mountains. It has been held every other year since 2002 and is known as the most demanding race in Japan.[3]

Despite its immense difficulty, the winner receives no prize money or awards of any kind. Competitors must carry a long list of required gear and the race is run entirely self-supported, meaning that they are responsible for carrying and resupplying all of their own water and food, and must sleep in a bivouac shelter which they carry.[4] No pacers, crew or external support of any kind are allowed. Because of the demanding nature of the race and the small number (up to 30) of allowed competitors, the qualifying standards are higher than that of any other races held in Japan, and more stringent than most around the world.[5] The major reason for dropping out the race is hypothermia due to severe wind and rain in the high altitude mountain regions.[2] As participants are required to in speaking and/or reading and writing Japanese, no international competitor has run the race as of 2018.[4]


Série - Lost luggage

 







TV - A.R.T.E. (voyage en Écosse)




 

"Para mais tarde recordar" - "fábrica de comboios" (Galamba)

 Ou simplesmente: mais uma notícia. Falsa, claro está?)

'Portugal vai voltar a ter fábrica de comboios', diz ministro das Infraestruturas

Garantia do ministro vem no seguimento do concurso de compra de 117 automotoras para a CP.  

Portugal vai voltar a ter uma "pelo menos" uma fábrica de comboios que poderá empregar mil pessoas. O anúncio foi feito pelo ministro das Infraestruturas, João Galamba, no seguimento de uma audiência com deputados da Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.

A informação vem na sequência do concurso de compra de 117 automotoras para os serviços suburbanos da CP. “A CP vai reforçar a oferta com 117 novos comboios, garantindo, simultaneamente, uma nova fábrica em Portugal. Podemos dizer, com toda a confiança, que na pior das hipóteses teremos uma fábrica em Portugal”, afirmou o ministro, acrescentando, em resposta ao deputado socialista Hugo Costa, que “na melhor das hipóteses, teremos uma fábrica melhor”.

As automotoras serão adquiridas através de um concurso de compra que já se encontra na fase final, tendo como candidatos o consórcio franco-português Alstom/DST, os suíços da Stlander e os espanhóis da CAF.
O concurso público, avaliado em 819 milhões de euros, irá dar mais pontos às propostas que incluam maior incorporação nacional e ainda a construção de uma unidade de produção junto à oficina de manutenção de material circulante de Guifões. A única empresa que prevê a construção de uma fábrica no seu projeto é a Alstom.

João Galamba aproveitou ainda para sublinhar a importância da ferrovia como forma de "industrializar o país", defendendo a criação de iniciativas que se "traduzam em investimento", desde que em articulação com as unidades existentes.

O governante abordou também a temática portuária, afirmando que a criação de "um pacote de medidas iniciará um novo capítulo para os portos nacionais", passando por uma reforma legislativa do setor para simplificação administrativa, alteração do limite do prazo das concessões, especialização dos portos, incentivos à captação de investimento e fomento da especialização dos trabalhadores.

Este anúncio vem num momento em que Portugal se prepara para "ser um relevante produtor de hidrogénio e os seus derivados - amónia e metanol - e ainda de combustíveis sintéticos como o jet fuel". Deste modo, os portos portugueses, podem "constituir-se como uma das principais plataformas de bunkering [abastecimento] na Europa. João Galamba reforçou ainda que é "urgente que o setor incorpore rapidamente respostas e medidas tendo em conta os efeitos e impacto da pandemia e do conflito na Ucrânia, apostando no reforço da industrialização", pois "Portugal beneficia de condições naturais e de uma posição geoestratégica única da qual se deve tirar ainda mais partido". 

Reflexão - Alberto Gonçalves

 


Os Cinco no Manicómio “Woke”

A tia Clara regressara com um pires de larvas desidratadas para David, dieta que adoptara dois dias antes em prol da sustentabilidade ecológica. "E então, menines? Viram a nova story da Greta?"

Soube-se há dias que, na Inglaterra, os livros de Enid Blyton, incluindo os dos Famous Five, foram reescritos para evitar ofender pessoas que se ofendem com o que está escrito em livros. A má notícia é que a reescrita foi insuficiente, limitando-se a substituir umas palavras e a suprimir outras. No essencial, aquilo permanece uma obra representativa da maioria branca, cisgénero e, logo, discriminatória. A fim de contribuir para o que deve ser a literatura juvenil inclusiva, susceptível de produzir gerações sadias, publica-se abaixo o primeiro capítulo de uma história realmente contemporânea de Os Cinco. Que sirva de exemplo aos capítulos que faltam. E a todx vós.

– Zé, estás nisso há horas! – disse a tia Clara – Descansa um pouco. Daqui a bocado não tens bateria…

– Sem stress: ainda estou com 40%. E estes TikToks a denunciar o bodyshaming estão brutais. Compraste bolachas? Estas acabaram…

– Comprei, filho. Vou à despensa trazer-te outro pacote. Depois manda-me os vídeos por Airdrop. Mas olha que os teus primos estão a chegar.

O Zé, José Luís, pronomes ele/dele, chamava-se assim desde que aos 14 anos iniciou tratamento hormonal. Nessa altura era a Zé, Maria José, demiboy cisgénero empenhada em causas diversas e com 1,60m. Agora, aos 15, era um rapagão com 112 quilos e 1,60m, o cabelo azul rapado dos lados e imenso orgulho em ser ele próprio. Após abrir a embalagem de bolachas, Zé olhou para o mostrador das horas no canto do telemóvel: – É bué tarde! Tim! Tim! – gritou.

Au! – disse Tim. Tim era diminutivo de Timóteo, um adolescente que se identificava como Golden Retriever. Zé, que detestava o irmão quando este se identificava como rapaz, adorava o Golden Retriever.

– Quem quer muito ir lá fora? – Zé afagava a cabeça do cão – Quem quer muito ir lá fora? Mãe, leva o Tim lá fora.

Nisto ouviu-se uma notificação do WhatsApp: os primos estavam na entrada do prédio. – Eles chegaram. – comentou Zé, ao mesmo tempo que dava like a uma publicação no Insta contra a disseminação de “fake news”. – Mãe, vai abrir a porta.

Olha quem está aqui… – sorriu a tia Clara. Quinze segundos depois, o Zé desviou o olhar do Insta e olhou para os primos: Júlio, pronomes ele/dele, Ana, pronomes ela/dela e David, pronomes cujo/outrem. Os três jovens eram irmãos e activistas. Naquela semana, sentiam-se profundamente motivados pela causa das alterações climáticas.

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– Olá, tia! – cumprimentou Júlio – O tio Alberto não está?

– Olá, menines! O tio ainda está nas pesquisas dele. Só chega para jantar – informou a tia Clara.

– Alerta sexista! Alerta sexista! – Gozou Ana, levemente irritada com semelhante conformismo de género.

– Vou trazer-vos uns petiscos, disse a tia Clara, desaparecendo no corredor.

Júlio sentou-se no sofá ao lado do primo Zé e fez scroll no iPhone 14 Pro. – Ei, é novo! – exclamou Zé.

– Chegou ontem… – explicou Júlio sem olhar para o primo.

– Brutal. – concluiu Zé.

Sentados no chão, David e Ana brincavam com Tim, que não cabia em si de entusiasmo perante tantos visitantes. A certa altura, Tim urinou num vaso, o que provocou a gargalhada geral. Entretanto, a tia Clara regressara da cozinha com snacks para todos e um pires de larvas desidratadas para David, dieta que adoptara dois dias antes em prol da sustentabilidade ecológica. – E então, menines? Viram a nova story da Greta?

– Dãã! – respondeu a Ana. – Tem tipo dois dias! Mas está brutal, tia.

– Vocês viram, tipo, o olhar dela quando disse que o relógio do clima está a andar cada vez mais depressa? – perguntou David.

– Brutal, decidiu Júlio.

– E quando ela acusa os heterossexuais brancos de serem os culpados pela destruição do planeta? Até fiquei arrepiada! – acrescentou Ana.

– E os chineses não? – inquiriu a tia Clara, com um ar trocista.

– Isso é tipo racismo! – gritaram em uníssono os três irmãos.

– Que nojo, mãe! Já paravas, não? – berrou Zé, que continuava a olhar desconsolado para o velhinho iPhone 13.

– Calma! Eu estava a brincar… – esclareceu a tia Clara. – Sei muito bem que as ameaças ao planeta são sempre originárias no heteropatriarcado colonialista.

– O racismo sistémico não é brincadeira… – resmungou Júlio.

– Nem a emergência climática! – apressou-se David.

– É óbvio que não. Peço desculpa. – admitiu a tia Clara, que tentou mudar de assunto: – Não contas aos teus primos as novidades, Zé?

– Mãe, que seca!, impacientou-se Zé.

– Então? – indagou Júlio, curioso.

– Nada de especial. Na semana passada cancelámos uma homofóbica que ia ao liceu defender, tipo, a opressão das minorias. – desenvolveu David.

– Que máximo! – disseram os três manos em conjunto – Quem era a fascista?

– Uma nutricionista qualquer – sentenciou Zé.

– Recomendar, tipo, padrões físicos estereotipados é bué microagressão – contextualizou Ana, indignada.

– Senti-me bué microagredido, admitiu Zé.

– Estamos solidários contigo, primo! – confortou Júlio, que trocava mensagens com alguém. Tim voltou a urinar, desta vez nas calças.

A tia Clara levou o cachorro pela trela até à casa de banho. Ao voltar à sala estava contente. O Tim também estava. Ambos gostavam de ver o Zé com os primos, assim crescidos, unidos por uma forte sede de justiça social e, naquele exacto momento, pela contemplação dos respectivos telemóveis. – Menines, hoje começam as férias grandes! Quais são os vossos planos?

– Mãe, que chata! Chega-me aí a sweat preta – reagiu Zé.

– Negra, Zé: estás parvo? Mas sim, temos bué cenas para as férias, tia – respondeu David – Há dois ou três festivais de música com actividades ambientais. Há a vigília para derrubar a estátua de um cota tipo capitalista que está no parque. Há a organização da exposição dedicada a refugiados que vêm de países…

– E há aquela coisa do museu… – interrompeu a Ana.

– Iá! – excitou-se Júlio – Vamos colar-nos a uma pintura tipo antiga para protestar contra os combustíveis fósseis, acho eu… Ou a energia nuclear…

– Iá, é uma cena dessas – especificou David – Vai ser brutal!

– E vamos andar sempre pelas redes a descobrir cenas fachas para denunciar e proibir – detalhou Júlio.

– Espectáculo! – disse a tia Clara – Quem me dera ter a vossa idade para lutar por um planeta melhor…

– A tia é bué fixe! – constatou a Ana – Podes vir na boa a uma flash mob pelo direito dos trans à menstruação. É já na terça-feira.

– É que nem penses, Mãe! – zangou-se o Zé – Vai mas é buscar mais bolachas.

A tia Clara sorriu. Os primos riam às gargalhadas. Até o Zé pareceu divertido. E Tim, felicíssimo, abanava a cauda que não tem – Au! Au! – O Verão chegara e os Cinco estavam preparados para novas aventuras.

sábado, 18 de março de 2023

Reflexão - LBC (sobre o futebol)

 Perguntas elencadas por mim há cerca de dez anos...

FUTEBOL (perguntas ideia-otas)
Porque é que os guarda redes não colocam, sempre que podem, a bola em jogo, mas à mão, controlada?
Porque é que os jogadores não se desmarcam habitualmente nas trocas de bolas a meio campo?
Porque é que só ultimamente, ao fim de tantas dezenas de anos, é que se está a instituir a filosofia de manutenção da posse de bola o maior tempo possível?
Porque é que os defesas não atrasam a bola para os guarda redes, mas sem ser na direcção da baliza?
Porque é que autorizam jogadores a jogar com máscaras de protecção?
Porque é que não ensinam aos guarda redes de futebol a sair-se a jogadores adversários isolados, mas com a técnica individual do guarda redes de andebol, devidamente adaptada, tapando a zona inferior junto ao relvado?
Porque é que nos livres directos, os jogadores da barreira não se coordenam, e saltam todos ao mesmo tempo?
Porque é que há jogadores que, sem ninguém a incomodá-los, marcam um pênalti ao lado, um canto ou um livre directamente para fora?
Porque é que os guarda redes, na altura dos pênaltis, avançam para a bola e saem da linha de baliza, sem que o árbitro os penalize SEMPRE, se isso é contrário às regras?
Porque é que nas substituições, uns jogadores saem a correr outros não, conforme o interesse? Porque é que não saem na linha (lateral ou final) de que estiverem mais perto?
Porque é que nas aglomerações dentro da área, todos se agarram, e umas vezes o árbitro interrompe o jogo, outras não?
Porque é que a um jogador que atira a bola para longe para queimar tempo, lhe é mostrado um cartão amarelo, e a outro que entra a matar a um adversário, lhe é mostrado o mesmo amarelo?
Porque é não diminuem o número de jogadores para 9, e aumentam as substituições para 5, para o espectáculo melhorar?
Porque é que, contrariamente ao andebol, ao basket, ao râguebi, ao hóquei em patins, ou seja, ao contrário da maior parte das modalidades colectivas, se insiste num modelo defensivo no futebol? É estupidez de quem manda que vê o modelo subsistir, ou de quem assiste, embrulhado num "espectáculo de massas"?

Livro - Elephants on acid

 


Livro - As mais belas histórias de Natal

 


Reflexão - Vários

Curioso o paradoxo entre as dificuldades que o prof. Isaías Afonso viveu há 50 anos e as que o corpo docente vive nos dias de hoje. Tempos difíceis...






Reflexão - Vários

 





quarta-feira, 8 de março de 2023

Música - Al Fado (em Veneza)

 https://www.youtube.com/watch?v=yeRfdFsjEfk







Reflexão - Richard Dawkins (na Nova Zelândia)

 Prof. Richard Dawkins na Nova Zelândia - (highlights meus)


Why I’m sticking up for science

I’m in New Zealand, climax to my antipodean speaking tour, where I walked headlong into a raging controversy. Jacinda Ardern’s government implemented a ludicrous policy, spawned by Chris Hipkins’s Ministry of Education before he became prime minister. Science classes are to be taught that Māori ‘Ways of Knowing’ (Mātauranga Māori) have equal standing with ‘western’ science. Not surprisingly, this adolescent virtue-signalling horrified New Zealand’s grown-up scientists and scholars. Seven of them wrote to the Listener magazine. Three who were fellows of the NZ Royal Society were threatened with an inquisitorial investigation. Two of these, including the distinguished medical scientist Garth Cooper, himself of Māori descent, resigned (the third unfortunately died). I was delighted to meet Professor Cooper for lunch, with others of the seven. His resignation letter cited the society’s failure to support science against its denigration as ‘a western European invention’. He was affronted, too, by a complaint (not endorsed by the NZRS) that ‘to insist Māori children learn to read is an act of colonisation’. Is there an implication here – condescending, if not downright racist – that ‘indigenous’ children need separate, special treatment?

Perhaps the most disagreeable aspect of this sorry affair is the climate of fear. We who don’t have a career to lose should speak out in defence of those who do. The magnificent seven are branded heretics by a nastily zealous new religion, a witch-hunt that recalls the false accusations against J.K. Rowling and Kathleen Stock. Professor Kendall Clements was removed from teaching evolution at the University of Auckland, after the School of Biological Sciences Putaiao Committee submitted the following recommendation: ‘We do not feel that either Kendall or Garth should be put in front of students as teachers. This is not safe for students…’ Not safe? Who are these cringing little wimps whose ‘safety’ requires protection against free speech? What on earth do they think a university is for?

To grasp government intentions requires a little work, because every third word of the relevant documents is in Māori. Since only 2 per cent of New Zealanders (and only 5 per cent of Māoris) speak that language, this again looks like self-righteous virtue-signalling, bending a knee to that modish version of Original Sin which is white guilt. Mātauranga Māori includes valuable tips on edible fungi, star navigation and species conservation (pity the moas were all eaten). Unfortunately it is deeply invested in vitalism. New Zealand children will be taught the true wonder of DNA, while being simultaneously confused by the doctrine that all life throbs with a vital force conferred by the Earth Mother and the Sky Father. Origin myths are haunting and poetic, but they belong elsewhere in the curriculum. The very phrase ‘western’ science buys into the ‘relativist’ notion that evolution and big bang cosmology are just the origin myth of white western men, a narrative whose hegemony over ‘indigenous’ alternatives stems from nothing better than political power. This is pernicious nonsense. Science belongs to all humanity. It is humanity’s proud best shot at discovering the truth about the real world.

My speeches in Auckland and Wellington were warmly applauded, though one woman yelled a protest. She was politely invited to participate, but she chose to walk out instead. I truthfully said that, when asked my favourite country, I invariably choose New Zealand. Citing the legacy of Ernest Rutherford, the greatest experimental physicist since Faraday, I begged my audiences to reach out to their MPs in support of New Zealand science. The true reason science is more than an origin myth is that it stands on evidence: massively documented evidence, double blind trials, peer review, quantitative predictions precisely verified in labs around the world. Science reads the billion-word DNA book of life itself. Science eradicates smallpox and polio. Science navigates to Pluto or a tiny comet. Science almost certainly saved your life. Science works.

Postscript on the flight out: Air New Zealand think it a cute idea to invoke Māori gods in their safety briefing. Imagine if British Airways announced that their planes are kept aloft by the Holy Ghost in equal partnership with Bernoulli’s Principle and Newton’s First Law. Science explains. It lightens our darkness. Science is the poetry of reality. It belongs to all humanity. Kia Ora!