É. De 1995 a 2015, quase meio milhão de pessoas deixaram de votar. Em 1995 votavam em partidos 5,8 milhões, hoje estão a votar à volta de 5,2. Se continuarmos neste padrão e a este ritmo, dentro de uns dez anos estarão a votar nos partidos cerca de 4,5 milhões de pessoas. E quem são esses 4,5 milhões? São os eleitores que votam sempre nos mesmos partidos: o sistema, os militantes, os simpatizantes e os caciques. Estaremos reduzidos à mobilização desse núcleo e sem qualquer sociedade civil. Dois milhões da direita e dois milhões e meio de esquerda, e aí está.
(Excerto de entrevista de Nuno Garoupa ao jornal I em 24.01.2017)
5º Argumento: a fala vazia
É usual que as representações dominantes do mundo que nos rodeia assumam tons bem mais conservadores do que a realidade vivida propriamente dita. A última jamais pediu ou pedirá licença para se transformar permanentemente, por vezes de forma acelerada, quando comparada com o tendencial imobilismo do pensamento e dos discursos sobre ela. Esta inevitável incongruência vai ciclicamente deixando os indivíduos literalmente sem palavras que se ajustem à captação e explicação do real vivido. O fenómeno apenas assume a carga ridícula da fala vazia quando certos indivíduos insistem em expor, com estridência pública, a vacuidade dos vocábulos que impõem a realidades sociais e históricas que lhes são rebeldes. Com isso, encarregam-se eles mesmos de transitar para o nível da esquizofrenia discursiva.
(Gabriel Mithá Ribeiro no observador 04.02.2017)
A eleição de Donald Trump tornou essa pandemia visível como nunca.
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