Dinamarca campeã mundial, pela terceira vez consecutiva
Jorge Tormenta - grandes comentários, com o objectivo único de ensinar a ver, por oposição aos comentários totalmente parciais de Manuel Mendes nos jogos de andebol no Canal Porto.
Porque será que nações como a Dinamarca, a Suécia, a Islândia, a Noruega se destacam nesta modalidade, mais do que outras? Porque será que não brilham no basket, no futebol ou no râguebi?
A Inglaterra, paradoxalmente, tem tradição no futebol e no râguebi, mas não a tem no basket, no andebol, no hóquei dm patins. Creio, no entanto que isto já terá a ver com a famosa "tradition" e com as modalidades que espalharam pelos quatro cantos do mundo. E, neste aspecto, ninguém bate os anglo-saxónicos.
Não vou, por isso, por aqui. Algum teórico ou universitário já terá elaborado sobre isto.
O que eu sei é que esta modalidade tem uma seriedade (!) e uma espectacularidade que não vejo noutras.
E quanto a mim são duas as grandes virtudes:
Desde logo o papel dos guarda redes (GR). As dezenas de intervenções que fazem, eclipsa qualquer outra figura, seja aqui ou noutra disciplina. O "one on one" que aqui acontece, com o manifesto desequilíbrio entre interventores e a notória desvantagem entre eles, faz pender a balança para o mais fraco, neste caso, o GR. E quando fazem duas defesas seguidas, com evidente vantagem para o "agressor", o espectáculo alcança, ainda, um ponto mais alto. É um momento inesquecível que, pela sua crescente "trivialização", acaba por ser menorizado ou até injustamente comparado com outras situações de outras modalidades que nada têm de comparável.
A segunda, e reputo isto como particularmente importante, a agressividade que decorre - naturalmente -, da modalidade, mas que acaba por ser controlada pelos praticantes e que, à semelhança, por exemplo, do judo ou do râguebi, permite um maior equilíbrio na forma como os praticantes a encaram. Contrariamente ao basket em que, teoricamente, não se pode tocar no adversário, ou no futebol, em que o espectáculo degradante de simulação atrás de simulação quebra a sequência do jogo, faz perder tempo e envenena o seu espírito, o andebol permite que a agressividade flua naturalmente e apareça, com os devidos limites, como natural na sequência do jogo. Os praticantes sabem que há limites e quando, "ad contrario" do futebol, ocorre uma lesão, ela não é fingida, à semelhança do judo ou do râguebi, modalidades tendencialmente justas neste aspecto.
Outros aspectos da modalidade que me encantam:
- ser uma modalidade normal que "agarra a bola", e não como no Volei em que a "repele", no futebol em que a pontapenteia ou no hóquei em que é necessário outro artefacto para a controlar.
- os golos num jogo - tal como no basket -, ou a prevalência do ataque sobre a defesa (mais um defeito do futebol);
- a espectacularidade do jogo aéreo, aqui com algumas semelhanças com o voleibol;
- as roscas ou os "chapéus" (quando um futebolista executa um, todos exultam...);
- alguns remates de meia distância;
- o tempo útil de jogo (mais um "cancro" do futebol...) que é controlado pela arbitragem;
- a prontidão do trabalho dos pontas que necessitam de estar sempre alertas, tanto para o contra ataque como para as intervenções que, esporadicamente, têm.
- o sacrifício dos pivots e dos correspondentes defesas.
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