sábado, 15 de fevereiro de 2014

Reflexão- outros

E se até os primos espanhóis, que vivem encostados a nós, totalmente nos desconsideram, imagine-se a relevância que temos para os primos franceses, italianos ou belgas. Já os tios alemães querem apenas saber se lhes vamos pagar o que devemos... mas é só essa a relação de parentesco. Para isto, antes uma família siciliana: podem matar-se, mas pelo menos conhecem--se (e temem-se) uns aos outros.
Somado a isto alguém chamar "infantil" ao Chefe de Estado, os desaforos ao alto comissário para os Refugiados e sermos usados como mau exemplo de gestão pelo presidente dos Estados Unidos e até por dignitários das ex- -províncias, está bom de ver o que vale a patranha da credibilidade internacional de Portugal que passam a vida a contar-nos!

Saragoça da Matta in jornal i 07fev2014


Perceber isso implica encontrar um novo modelo de redistribuição que seja mais que o nivelamento por baixo. A nova arrumação do Mundo, como diz o Henrique Monteiro, não se combate com chavões, mas com a ideia de que não podemos abdicar da democracia para gerir com justiça mesmo a escassez. Continuar, como está no relatório do Banco de Portugal a reduzir a dívida à custa das famílias, enquanto o Estado liberalmente engorda é receita para uma desgraça que não virá longe. Enquanto os partidos do centro político, da esquerda à direita, se alheiam da realidade e não prepararam o futuro, os extremos e os demagogos aproveitam o desnorte. Estas eleições europeias por cá ainda só aproveitam a um ou outro Marinho. Na Europa, vão ser um susto. Pode ser que nos faça acordar.
José Eduardo Martins in Jornal De Negócios 06fev2014
Posso tecer só mais uma consideraçãozinha sobre as "praxes" ou, melhor, sobre o que se escreveu e não se escreveu a pretexto das ditas? Muito obrigado. O que aqui me traz é uma lacuna inexplicável. Já vi abundantes e mirabolantes explicações para os rituais académicos. Porém, ainda não vi ninguém que os explicasse mediante a crise económica. Ora, como é do conhecimento público, a crise, a austeridade e a troika e a Alemanha estão na origem de todas as maleitas sociais do nosso tempo, incluindo os assaltos a postos de gasolina, a violência doméstica, a pobreza material, a pobreza de espírito, o furto de fio de cobre, a embriaguez contumaz, o suicídio, a toxicodependência, a diabetes e a péssima carreira do Olhanense no campeonato de futebol. Não há, pois, nenhum motivo válido para que a crise também não explique as "praxes". A fim de suprir tamanha carência, sugiro um esboço de argumento: atormentados pela falta de saídas profissionais, pela ameaça da emigração e, em suma, por uma sociedade que os rejeita, os jovens universitários procuram sublimar os medos vestindo disfarces de Zorro e humilhando os infelizes que se põem a jeito. Cabe agora a psicólogos e sociólogos de craveira superior desenvolverem a tese. Estejam à vontade.
Alberto Gonçalves in DNotícias 04fev2014
Nessa altura tem de se questionar tudo. Porque é que os outros governos fizeram um novo Museu dos Coches? Então e a colecção Berardo? E porque é que o ministro tal foi à Indonésia? Agora estamos entretidos com este Miró Gate. Portugal está a transformar-se num bazar de activos. Tudo são activos, os jogadores de futebol são activos, a floresta é um activo, as empresas públicas são activos, os quadro de Miró são activos... É um bazar de activos. Os único passivo são os funcionários e os pensionistas, o que é uma maçada. Não estou a dizer que se venda ou deixe de vender, mas há um aspecto que também não percebo: porque é que o problema é levantado agora quando é conhecido há mais de quatro anos e ninguém se preocupou se estavam numa offshore ou dentro de caixotes? Porque é que há-de ser tudo tão rudimentar e redutor? Agora tudo o que se faz é com a obsessão orçamental, não há estudo do bom ou mau retorno. Lembra-se dos 40 milhões do Centro Cultural de Belém? O que responderiam hoje as pessoas que se pronunciaram então a favor ou contra? É preciso ver mais longe.
Bagão Felix em entrevista ao jornal i em 08fev2014
É o salve-se-quem-puder. Enquanto a PT assedia os cidadãos incautos para vender telemóveis, abusando da sua impunidade de empresa intocável, o Estado vai-se separando dos anéis e até dos próprios dedos. Na verdade, Portugal enfrenta a ameaça de um miserabilismo de sobrevivência. Estamos condenados à selva?
Vicente Jorge Silva no Sol, 25jan2014

E que sociedade é esta capaz de proibir um pai de dar uma palmada no rabo a uma criança birrenta mas obrigando-o, um dia, a enviar alegremente o seu filho adolescente para uma máquina social de tortura psicológica e física? Que deputados são estes capazes de discutir legislação específica para acabar com o piropo mas, cheios de medo, recusam liminarmente produzir direito limitador das praxes mais violentas? Que autoridades são as nossas que trabalham há sete meses para meter na cadeia um homem que chamou nomes ao Presidente da República mas ficam indiferentes ao crime anual e calendarizado das praxes académicas?
Sei as respostas: afinal, os nossos políticos, as nossas autoridades, quase todos, também um dia aceitaram serem praxados, também um dia aprenderam, rindo alarvemente, a ser escravos ou a ser opressores.
Pedro Tadeu in DN 28jan2014

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