domingo, 1 de novembro de 2015

Tempos Difíceis

É por isso que é vital compreender que esta alternativa exige uma enorme firmeza e capacidade de separar o essencial do secundário. Não se está a jogar a feijões, isto é tudo muito a sério, demasiado a sério, para ser apenas um devaneio ideológico e experimental de homenzinhos e mulherzinhas, mas é para homens e mulheres a sério. Ou então mais vale irem para a casa medíocre do Portugal submisso onde as hierarquias do poder e do dinheiro fazem o que querem, para além da lei e da ética.

J. Pacheco Pereira (30.10.2015-Público)

O que realmente interessa ao PCP está cá dentro, é o ganho imediato, o certificado de bom comportamento e algumas conquistas... Vai fazer as exigências habituais: mais défice, mais endividamento, mais impostos, mais salário mínimo, mais vencimento para os funcionários... Mais empresas públicas, mais investimento público... E não vai causar, por enquanto, mais problemas. O PCP está pronto a pagar muito pela sua nova virgindade europeia e democrática. Vai dar os seus votos ao PS, durante uns meses, porque este lhe prestou o enorme serviço de o considerar democrático e europeu. Se não fosse agora, talvez nunca fosse.

António Barreto (01.11.2015-DN)

Algo de semelhante aconteceu, afinal, com os filmes que convocam o Halloween, perdidos numa acumulação de cópias mais ou menos fúteis, também ela favorecida pelo marketing das sequelas. Valerá a pena, por isso, regressarmos às origens, quer dizer, ao brilhante Halloween (1978), de John Carpenter, até porque a sua inesquecível ambiência musical (assinada pelo próprio realizador) não é produto de um DJ medíocre a piratear o trabalho dos outros.

João Lopes (01.11.2015-DN)

Mas a Forbes talvez tenha razão. O desrespeito pela ética e pela vida humana não nos devia espantar. As empresas multinacionais, o enfraquecimento dos Estados e a ideologia da eficiência dos mercados têm ampliado a quantidade e o valor dos comportamentos socialmente desviantes, reduzindo as defesas cidadãs, gerando uma espiral de anomia perante tais acontecimentos. Aquelas, e os seus conselhos de administração, orientam-se exclusivamente pelo lucro e pelo poder, coadjuvado pelos prémios de objectivos de curto prazo. O lucro é legítimo e fundamental na sociedade em que vivemos mas não deve pôr em causa a vida. Para que esse equilíbrio seja respeitado é fundamental a regulação e a fiscalização públicas, a ética, a prevenção e condenação das infracções. Como salientam vários autores, as práticas dos conselhos de administração de muitas empresas inserem-se numa subcultura defraudadora à qual só acedem algumas elites político-económicas do mundo contemporâneo.

Carlos Pimenta (Público 01.11.2015)

 

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