sexta-feira, 14 de maio de 2021

Reflexão (LBC) - Sporting Campeão Nacional 2020-2021



 




1 - A desvalorização do momento pelos opositores

Neste momento, em que o SCP confirmou o título, apeteceu-me fazer esta reflexão.  Como tem vindo a ser crescentemente notório nas redes sociais e nos contactos que mantenho com os adeptos de um dos principais oponentes, e porque a alegria dos adeptos do SCP deve ser entendida, contextualizada e não menosprezada, não piedosamente reconhecida, não maliciosamente mal interpretada e aceite, não infantilmente aquiescida, aquela alegria, escrevia eu, deve ser compreendida.

Mas que é óbvia a tentativa de vulgarização, por parte dos oponentes, da obtenção do título por parte do SCP, lá isso é. É evidente - e manifestamente expectável, digo eu…- que se goze, se menorize, se ironize com a vitória do SCP no Campeonato. Ora esta forma de estar é perfeitamente compreensível. E porquê? Sobretudo porque há muito tempo se não verificava. Mas também porque evidencia o “core”, a natural, pobre e endémica maneira de ser, a característica deselegância, a mais que conhecida falta de classe, de desportivismo, de carácter, de inveja, da maioria dos adeptos dos dois principais opositores. Mesmo num caso destes em que foi de aceitação generalizada a notória superioridade do SCP.

O que é importante neste momento para os rivais? Desvalorizar e gozar o momento. Siga-se, aliás, as redes sociais, hábito que não tenho, mas ao qual não sou estranho.
E porquê? Explico-o mais à frente.

Estou convicto, para que conste, que os adeptos - que não quem os representa… -, são todos iguais. Recorde-se, a propósito, a eleição do anterior presidente do SCP…


2 - Porque não sou espectador regular

Não vi, na integra, um único jogo desta época do SCP. Tive várias oportunidades, no canal aberto que a Sport TV proporciona, creio que o 5. Tentei, sem sucesso. Vi apenas excertos e os resumos de cerca de 20’. A explicação reside na falta de interesse que, desde há muitos anos, mantenho para com aquela modalidade e que já exprimi numa reflexão anterior. A falta de competitividade, a completa desproporcionalidade na supremacia da defesa sobre o ataque com o que isso tem de negativo no espectáculo a com a consequente monotonia no jogo, a teatralidade da generalidade dos participantes, os sucessivos comportamentos indiscritíveis de dirigentes, jogadores e treinadores, o tempo dedicado por vários canais de televisão com debates entre personagens inenarráveis sobre temas menores, justificam o meu desinteresse. 

Por isso me afastei do futebol e me encanto com “o desporto" nos torneios de sumo no canal 216 da NHK, com o râguebi, quando há (…) mas, sobretudo, com o andebol.

Logo, vi pouco, mas o que vi satisfez-me. Sobretudo, pelo espírito de equipa, pela entrega posta pelos participantes directos, pela linguagem desassombrada e genuína do treinador.


3 - Porque se ganhou este título?

Nunca é demais recuar a tempos recentes para recordar aquilo por que o clube passou, sendo o episódio da invasão de Alcochete a cereja em cima do bolo e, para todos os efeitos, um aviso sério às elites dirigentes do futebol nacional. Penso que foi aqui que tudo começou.
Depois veio o resto: um Presidente sério, com princípios, a contrastar com os dos dois oponentes que são, como é do conhecimento comum, de uma pobreza moral e ausência de ética abaixo do limiar mínimo da paciência de qualquer terráqueo minimamente inteligente; um conjunto de apostas no plantel, parece que certas, em contraste com as dos oponentes; a revigorização da formação em Alcochete que ultrapassou as expectativas mais catastrofistas por oposição ao alarde sistemático de outras escolas de formação; a crescente normalização de comportamentos, dentro e fora de campo, pelo exemplo que vem de cima; um conjunto de apostas financeiras planeadas, que parecem ter obtido sucesso.



4 - Os jogadores

Pelo resultado final, sou capaz de estar inclinado a concluir que temos os melhores jogadores. Não tenho os dados estatísticos que hoje em dia poderão certamente e em última análise, justificar isto. Os números confirmá-lo-ão quando aparecerem.
Eles foram os principais e mais visíveis actores e, por isso, merecem essa suspeita. O que tenho ouvido referir é:
- o número invulgar de jogadores portugueses a jogar de início;
- o número invulgar de jogadores de formação a jogar de início;
- a baixa média de idades;
- a estreia do mais novo (16 anos).

A este propósito, sim, nós temos, efectivamente, uma equipa recheada de valores nacionais e oriundos da escola de formação do clube.

 
5 - Conclusão

Quanto ao Presidente e ao corpo técnico, fulanizado no seu líder, não hesito. Pelas intervenções públicas que tenho ouvido e pelo contexto da obtenção deste resultado, o SCP tem o Presidente mais sério, mais discreto, mais directo (“um bandido será sempre um bandido”…), e mais capaz. E tem o corpo técnico mais moderno e mais actual. Basta, aliás, ouvi-los falar. E compare-se (como se isso fosse possível…) com os dos outros concorrentes. De seguida interprete-se-se, e conclua-se, seja pela genuinidade da oralidade, seja pela originalidade do conteúdo mesmo com uma ou outra hesitação, seja pela espontaneidade da resposta (sem rodeios), seja pela justificação técnica das opções tomadas, seja pela ausência de recalcamentos, seja pela positividade do discurso, seja, enfim, por aquilo a que nenhum dos antecessores, no clube ou fora dele, nos habituaram (mal).
Não vejo, nem oiço, nem nos outros presidentes nem nos outros corpos técnicos, qualquer destes atributos. Apenas um nível inenarrável de linguagem próprio de um arruaceiro, um posicionamento sempre desconfiado, esguio e cheio de segundas intenções, um discurso falso, repetitivo e comprometido, um conjunto de casos a nível da justiça - passados e actuais -, que envergonham qualquer sócio ou adepto, queixas sistemáticas contra os juízes (por enquanto só os do campo…), promessas para o clube eternamente adiadas, comportamentos em campo diferenciados quando jogam a nível interno e externo, etc., etc.


Depois desta vitória singular, e quaisquer que sejam as opções de gestão, o clube precisa de manter a presença de espírito que o tem vindo a caracterizar neste último ano, o decoro, a sensatez e a ponderação que o distinguem dos outros. Bem sei que é fácil, quando se vence, ser o exemplo. Mas chegados aqui e da forma como o foi, merecemos que mantenhamos esta forma de estar. Quaisquer que sejam os resultados futuros.

Eis as razões principais por que os opositores desvalorizam a vitória do SCP: um presidente, um corpo técnico, um plantel e uma escola que não têm e que viram, inopinadamente, erguer-se no tempo de um ano e após o descalabro de gestão que aconteceu na presidência anterior.

É, claro, obra. Sobretudo vindo de um clube que apregoa, aos quatro ventos e há muito, muito tempo, o conjunto de anomalias e irregularidades que campeiam no futebol nacional e com as quais os rivais nunca tiveram pejo em pactuar.
Espero, por fim, que este momento e esta forma de estar dos dirigentes leoninos se repercuta nos dirigentes políticos nacionais…

Uma mudança radical com a obtenção de um objectivo máximo. Chapeau!
Um lema antigo que tanta inovação trouxe no final da década de oitenta do século passado, “Um Governo, uma Maioria, um Presidente”, pode bem transformar-se em “uma equipa, um presidente, um Clube”

 
 

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