domingo, 6 de junho de 2021

Tempos difíceis - A escultura invisível

 
(LBC) 

1 - É impressão minha ou a malta está toda a ficar tan-tan? 

2 - Os meus “Homósnimius” continuam a surpreender-me!

3 - Mais um rapaz - Salvatore Garau -, que estaria morto (ou não tem onde cair morto, mais propriamente!) se não fosse a "Arte"...



https://observador.pt/2021/06/02/lo-sono-uma-escultura-invisivel-que-foi-vendida-por-15-000-mil-euros-de-salvatore-garau/

"Lo Sono". A escultura invisível, de Salvatore Garau, que foi vendida por 15 mil euros
Observador

02 Jun 2021, 16:15
O vazio “não é nada mais do que um espaço cheio de energia“. A explicação é de Salvatore Garau, um artista italiano que vendeu uma escultura imaterial, de nome Lo Sono, num leilão, por 15.000 euros. A obra suscitou críticas, mas o artista defende a sua criação e o significado: O poder da mente e o vazio.

A escultura (não) existe. É uma obra que está para além do corpo, da matéria: “A minha fantasia, treinada por toda a vida para sentir o que existe ao meu redor de maneira diferente, permite-me ver o que aparentemente não existe”, disse Salvatore numa entrevista à Art-Rite. O artista tenta explicar que o vazio não é sinónimo de opacidade. É caótico: implica um mundo de emoções, positivas e negativas, campos eletromagnéticos, neutrões — tudo de acordo com o Princípio da Incerteza de Heizenberg, um físico que recebeu o Prémio Nobel da física em 1932. Um intelectual que Salvatore leu “com entusiasmo”, diz.

Eis a o que acontece: se o artista determina que “num determinado espaço” expõe “um escultura imaterial, esse espaço vai atrair a atenção e o pensamento das pessoas”. Salvatore está no fundo a brincar com a mente das pessoas, ao conseguir focar “centenas de pensamentos voltados para um ponto”. Assim, a magia acontece: nasce uma escultura com centenas de formas singulares — cada uma na cabeça das pessoas, única. Salvatore deixa a comparação: “Não moldamos um Deus que nunca vimos? Muitos não sabem que têm uma imaginação sem limites!”.

Salvatore Garau sente-se atraído pelo que os olhos não veem: quer explorar o que todos os sentidos conseguem fazer em conjunto e, com isso, tornar visível “um pensamento de espaço inexistente”. A “ausência é a protagonista absoluta dos tempos que vivemos” — a premissa que leva o artista a criar para além do físico. É com tudo que o artista cria o nada. No seu processo criativo, o pensamento é a primeira parte do trabalho, ao qual Salavatore dá o maior foco. Ainda assim, a sua obra tem sido alvo de diversas críticas nas redes sociais.



Reflexão (Rui L. Maria)

Não recordo o nome do "marketingueiro" (ligado a uma galeria de arte qualquer nos states) que definiu a o custo da arte.
Defendeu algo do tipo: a contribuição do artista está na produção da obra, o valor dessa obra depende da capacidade de quem a vende, entenda-se impinge.
Lo Sono é um exemplo do para-lá-do-modernismo, creio que virá a ser associado ao ignorantismo, ou cretinismo, algo assim.
Cria cadeia de valor, mas que não seja nos sorrisos idiotas de quem se presume "para-lá-de.moderno".

Um facto a reconhecer, propicia a manifestação da emotividade do público-alvo. Podes sempre "ferrar" um bofetão num fabiano que te contrarie quando afirmares que um alçado da escultura apresenta uma ligeira fenda que nada leva a crer tratar-se de uma manifestação sublimada de um sexo entumescido (algo assim, verborreico). Logo, será uma manifestação masculina, potenciada pelo "LO sono".
Daí partes para a análise do marialvismo da escultura, da inobservância dos valores zen do equilíbrio na natureza, mais um  passinho e a escultura é sexista e discriminatória, etc.
As possibilidades são tão finitas quanto a capacidade humana de embirrância.
Perfeita.
Afinal o objectivo final é "ferrar" uns bofetões em quem te contrariar.
Acho que vou escrever um ensaio. "Lo Sono, ou a legitimidade da defesa da opinião crítica na Arte". E aproveito a analogia do "ensaio" enquanto texto literário e o "ensaio" de bofetões nos contraditores da análise postulada da obra.
E não invento nada, alusivo ao dia, não devemos esquecer que a imaterialidade do "Corpo de Deus" que hoje celebramos (o Corpo, não a imaterialidade) também contribuiu para batalhas sangrentas: as cruzadas, excomunhões, procissões, confissões, autos de fé, vigílias nocturnas de joelhos nas lages, jejuns e afins.
Não demos a mesma importância ao "Corpo" e ao "sono".
Neste último, para já, fiquemo-nos pelos bofetões

Nota - A propósito, gostei particularmente do " para-lá-do-modernismo", pelo sim pelo não vou pate(n)tear o termo.
           Com o incremento cretino das novas correntes ainda me vão pagar para utilizar o termo.

Bom feriado, Companheiro

Abraço
:)






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