Decidi-me a fazer isto, ainda antes de termos a alegria das 4 medalhas e dos inúmeros “diplomas” nesta olimpíadas de 2020 que foram em 2021, no Japão. Sempre achei que os títulos que ganhámos ao longo destes anos, provinham sim, do manifesto empenho pessoal e dos genes dos contemplados, mais do que uma “política nacional de desporto”. Claro que agora todos querem aparecer na foto. O costume. Então vamos aos números... Esta pequena reflexão tem como objectivo principal, partindo do número de medalhas que foram ganhas pelos diversos países nos sucessivos Jogos Olímpicos (JO) e relacionando-as com os factores PIB, população e número de atletas presentes nos JO de 2021, promover a discussão sobre a nossa realidade. Mandamos atletas em excesso aos JO? Temos um rasto negativo na nossa passagem pelos JO? Comparei o que me pareceu comparável. Não sei quantas horas cada atleta gastou na preparação, qual o tipo de preparação, se o fez aqui ou no estrangeiro. Não sei qual a nacionalidade original dos atletas, há quanto tempo se prepara no ambiente nacional, quais os genes de cada um. Para esta reflexão, considerei o número total de medalhas. Para mim, não é significativo o tipo de medalha (ouro, prata ou bronze) já que estou convicto que o que separa os três primeiros lugares é, na grande maioria dos casos, um pormenor. O esforço dos atletas foi o mesmo. Apenas “algo” os separou. Os elementos foram retirados de uma simples pesquisa na net e, por isso, poderão ser outros se consultados noutro contexto. Comecemos, no Quadro 1, pela habitual análise (simplista) de comparação do PIB de países semelhantes
Quadro 1
O PIB de Portugal é muito semelhante ao da Roménia e do Vietname. O problema é que a Roménia, não só entrou em menos JO, apenas 21, como ganhou 304 medalhas no total. Isto contra 24 de Portugal. O rácio medalhas/Jogos Olímpicos é-nos particularmente desfavorável! Sairíamos, definitivamente, a perder em comparação com a Roménia. E com a Grécia? Creio que não, dada a diferença de medalhas ganhas. Os gregos têm o quíntuplo de medalhas ganhas, apesar de terem mais 4 JO. Com a R. Checa também não. Ganharam mais do dobro das nossas e apenas participaram em 7 - sete!... -, JO. Com o Egipto? Ganharam mais 8 do que nós e apenas participaram em 22 JO. Assim, em termos de PIB, resta-nos o Peru com 4 medalhas em 18 JO e o Iraque com 1 medalha em 14 JO. Conclusão – Em termos de PIB apenas é possível fazer uma comparação...com o Perú, cujo PIB é de 225. Só um problema: é que o Perú levou 34 atletas aos JO 2021 enquanto que nós levámos 92... Resta o Vietname e o Iraque. Se quisermos entrar em linha de conta com a população, olhemos para o quadro 2. Quadro 2
Se em vez do PIB, optarmos pela população semelhante à nacional, temos os dados que se podem ver no Quadro 2. Desde logo não me parece razoável fazer comparação com a Grécia, a Suécia ou Hungria, dada a enorme diferença no número de medalhas conquistadas e o consequente rácio que dali resulta. Com a R. Checa também não, já que têm o dobro das medalhas conquistadas (em 7 JO), conforme já tínhamos visto (9,3 de rácio). Acresce, como se verá mais à frente, que o número de atletas presentes em 2021 é semelhante. Por outro lado não me parece razoável fazer uma comparação com a Jordânia, as Honduras ou os E. A. U (PIB’s díspares). Restam a Bielorússia, a R. Dominicana, o Azerbeidjão e o Tajiquistão... A Bielorússia conquistou 78 medalhas em 7 JO, rácio de 11,1 (!) O Azerbeidjão ganhou 43 medalhas em 6 JO, ou seja um rácio de 7,2. Restam a R. Dominicana e o Tajiquistão. A primeira tem 7 medalhas em 14 JO (0,5 de rácio). O segundo, 4 medalhas em 6 JO (0,7 de rácio, perto do nosso). O problema é que o PIB da R. Dominicana é de 85 (um terço do nosso) e levou 60 atletas aos JO 2021. E o do Tajiquistão é que o PIB é de 8 (...) e levou 11 atletas aos JO 2021... Conclusão- também não me parece passível de ser comparável já que seríamos, uma vez mais, penalizados. Bem, mas como tenho mencionado o número de atletas, depois do PIB e da população, vamos introduzir mais esta variável, a do nº de atletas. Para isso vejemos (eu já não estou a ver bem...) o quadro 3), Quadro 3
Comecemos por eliminar todos aqueles que já referimos antes. Dos restantes, e por razões que se prendem com a diferença de medalhas conquistadas, esqueçamos a Dinamarca (194 medalhas), a Noruega (152 medalhas), o Quénia (102 medalhas e 88 de PIB), a Turquia (91 medalhas) e a Suiça (192 medalhas). Restam, assim, o Cazquistão, Israel e Sérvia. O Cazaquistão conquistou 63 medalhas em 7 (!) jogos (rácio de 9). Tem um PIB de 173 e cerca de 18M de habitantes. Ou seja, com quase o triplo das nossas medalhas mas 70% do nosso PIB, leva 95 atletas aos JO... Israel conquistou 9 medalhas em 16 jogos (0,6 de rácio). Tem um PIB de 370 e cerca de 9M de habitantes. Levou 89 atletas aos JO. Parece ser, nesta óptica, o país que mais nos é semelhante, apesar de ter 1,5 o nosso PIB. A Sérvia conquistou 15 medalhas em 4 (quatro !) jogos (3,8 de rácio). Tem um PIB de 50 (um quinto do nosso) e cerca de 7M de habitantes. Levou 86 atletas aos JO. Chegados aqui, e observado o Quadro 3, parece-me que os únicos países comparáveis ao nosso caso são a R. Checa e Israel. A primeira pela população, pelo PIB e pelo número de atletas que levou aos JO de 2021. Israel pela população aproximada e pelo número de atletas. De seguida a Bielorússia, a Roménia e o Cazaquistão. Mas a Bielorússia tem uma relação medalhas/número de JO muito superior a nós. A Roménia tem um PIB e número de atletas semelhantes, mas a população é o dobro e o número de medalhas muito superior. O Cazaquistão, apesar do número de atletas análogo, tem o dobro da população, um PIB de 72% do nosso mas uma relação muito superior de medalhas (63 em 6 JO). De destacar a particularidade de ficarmos sempre com todos os europeus à nossa frente, em qualquer comparação. Porque perdi um tempito com isto (...), gostava de ter críticas. Ponham as perguntas e dêem os pontapés que entenderem. Não façam é amorties que eu já não me mexo... J
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Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho a certeza absoluta. (Einstein) But the tune ends too soon for us all (Ian Anderson)
quarta-feira, 11 de agosto de 2021
Reflexão - Portugal, os Jogos Olímpicos e as medalhas
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