terça-feira, 30 de agosto de 2022

Entrevista - Ana Paula Vitorino

Chapeau a esta entrevista!

(Ana Paula Vitorino) 

“Detesto sonsos e manhosos autocentrados”


Público • Quinta-feira, 25 de Agosto de 2022 • 47

Qual a sua ideia de felicidade perfeita?
Há momentos em que sinto uma felicidade imensa que me enche a alma, pode ser uma paisagem, uma música, um estar a dois ou uma coisa muito boa que aconteceu no mundo.

Qual é o seu maior medo? 

É não conseguir estar à altura do que as minhas pessoas precisam de mim.

 

Na sua personalidade, que característica mais a irrita?
É a incapacidade de desistir de alguém ou de alguma coisa quando está na cara que é um caso perdido.
 

E qual o traço de personalidade que mais a irrita nos outros? Desonestidade, falta de carácter e incapacidade de pensar além do próprio umbigo. Detesto sonsos e manhosos autocentrados.
 

Que pessoa viva mais admira? Além do meu companheiro e dos meus irmãos (e do meu pai, que nos deixou há poucos dias), todos aqueles que dedicam as suas vidas a lutar pela liberdade e pela igualdade e ao combate à miséria.  

 

Qual a sua maior extravagância? Pensar que quando for rica vou viver numa casinha à beira-mar, aprender a pescar, tratar das rosas elerapenascomaluzdodia.O problema é chegar a rica...
 

Qual o seu estado de espírito neste momento?
Serenidade pessoal, mas um forte sobressalto e apreensão pelo estado em que vai o mundo.
 

Qual a virtude que pensa estar sobrevalorizada?
Não me parece que sejam sobrevalorizadas virtudes, mas considero que cada vez mais se aposta em estereótipos do género “jovens, belos, airosos e dinâmicos”, de preferência com uma quedazinha para a insensibilidade social.

 

Em que ocasiões mente?
Não tenho queda absolutamente nenhuma para mentir e detesto a mentira. Às vezes, penso que tenho uma ligação directa coração, cabeça e boca...
 

O que menos gosta na sua aparência física?
Não posso informar! Respondo daqui a menos 30kg. Mas gosto das minhas rugas e dos cabelos brancos.
 

Entre as pessoas vivas, qual a que mais despreza?
Não é uma questão de desprezo, entendo que há pessoas que já causaram muito mal ao mundo, tais como Putin, Trump, Bolsonaro, Kim Jong-un ...
 

Qual a qualidade que mais admira numa pessoa?
Coragem, integridade, lealdade e genuinidade. E se juntar sentido de humor fica perfeita!
 

Diga uma palavra — ou frase — que use com muita frequência Não posso dizer, mas uso outras como “não vamos deitar a toalha ao chão”, “vamos fazer acontecer” e “o céu é o limite”.  

O quê ou que méo maior amor da sua vida?
Em planos diferentes, o meu companheiro Eduardo, os meus pais, que já faleceram, os meus irmãos e... o mar.
 

Onde e quando se sente mais feliz?
A fazer coisas de que gosto, quer no trabalho, quer a tratar das minhas rosas e das minhas árvores, quer a cozinhar com os amigos, quer a olhar para o horizonte no silêncio da paisagem.

Ana Paula Vitorino

Presidente da AMT

Que talento não tem e gostaria de ter?
Adoraria saber cantar.
 

Se pudesse mudar alguma coisa em si, o que é que seria? Controlaria a insatisfação e curiosidade permanentes que geram o desassossego de querer sempre e sempre fazer mais, ir mais longe, descobrir novos caminhos. É tudo muito bom, mas é muito cansativo...

O que considera ter sido a sua maior realização?
A construção de uma vida muito feliz e de uma carreira digna e preenchida que orgulhou os meus pais.

Se houvesse vida depois da morte, quem ou o quê gostaria de ser?
A mulher que sou, mas com mais poder para eliminar injustiças e

minimizar o sofrimento em todas as partes do mundo.
 

Onde prefere morar?
Onde estiver o meu coração.  

Qual o seu maior tesouro?

As minhas pessoas.

O que considera ser o cúmulo da miséria?
A pobreza sem esperança nem saúde.

Qual a sua ocupação favorita?

Lançar projectos inovadores e fazer bolos.
 

A sua característica mais marcante?

Determinação e força para ir em frente, mesmo contra todas as adversidades.
 

O que mais valoriza nos amigos?

Serem amigos e estarem lá.

Quem são os seus escritores favoritos?
Mikhail Cholokhov, Dostoiévski, Oscar Wilde, George Orwell, John Steinbeck, Vergílio Ferreira, Lídia Jorge e, pelas minhas raízes moçambicanas, Mia Couto e Paulina Chiziane. E Pessoa, Sophia, O’Neill, Ruy Belo, Herberto Helder... sempre!  

Quem é o seu herói de acção?

Corto Maltese, pelo mar e pelo aventureirismo romântico.
 

Com que figura histórica mais se identifica?

Nelson Mandela é uma grande referência. Mas também me identifico com com a determinação feminina da Padeira de Aljubarrota!

Quem são os seus heróis na vida real?
Aquelas mulheres que todos os dias de madrugada apanham comboios e metros, com um lho pela mão e outro ao colo e vários sacos, para irem trabalhar num emprego em que o salário mal dá para sustentar a família.

Quais os nomes próprios de que mais gosta?
Rita e José.
 

Qual o seu maior arrependimento?

Não ter tido filhos nem adoptado uma criança.
 

Como gostaria de morrer?
Com serenidade e não criando sofrimento às minhas pessoas. 

 Qual o seu lema de vida? Sempre para a frente, aprendendo com os erros e fazendo o melhor que puder.

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