segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Reflexão - As proibições (o fim das touradas)

Incomodam-me certos aspectos da era em que vivemos.Por exemplo, aquela que nos indica que tudo, ou quase tudo, tem de ser a branco e preto. Aceito que na minha área de intervenção, e por razões que se prendem em primeira análise com a segurança das pessoas, os normativos imponham esse tipo de restrições. Daí a estender a outros campos da nossa sociedade, penso que seja um maniqueísmo parvo, próprio de sociedades, que ou não têm algo mais com que se preocupar, ou cujo ímpeto proibicionista ultrapassou largamente o (bom ímpeto) do senso comum.
Vem esta reflexão a propósito das proibições que, paulatinamente, tentaculizam o mundo em que vivemos.
Depois da proibição de fumar, acto "must", "in", "glamour...oso", nas décadas de 50 e 60, vem agora a das touradas, e ainda por cima na Catalunha.
Antes de mais, e para que conste, não gosto do espectáculo. Recordo-me dos dois a que fui; um, com o meu avô alemão, quando tinha uma dezena de anos, e durante o qual tivemos de abandonar a meio pelo facto de um dos touros ter partido um corno, e haver necessidade de o abater na arena; e outro, a Garraiada do Gil Vicente em 1977 (?), operação destinada à angariação de fundos para o núcleo de voleibol, núcleo do qual fazia parte.
Considero o espectáculo uma perda de tempo, uma oportunidade para algumas espectadoras exibirem o último vestido, e "reconhecerem-se naqueles palcos", um pouco como aqueles encontros que presenciamos no dia-a-dia dos canídeos....
Não sei se os bichos sofrerão, como alguns defendem. Creio, em última análise, que sim.
Mas não deixo de sorrir com os cavaleiros todos adornados e bem compostinhos, sentados em cima de um cavalo, a fazer pontaria com um ferro pontiagudo para acertar no cachaço do bicho! Assim como aqueles conjuntos de rapazes que acartam com uma bola, no pé ou na mão, seja para a meterem num cesto, numa baliza, ou onde quer que seja, e sempre entremeado com meia dúzia de cotoveladas no colega, e outra dúzia de mergulhos (auto-provocados...) para o relvado....

Não deixo de reconhecer dois aspectos positivos do espectáculo; pontualmente, algumas das espectadoras, mas sobretudo, a coragem dos forcados. Nutro por estes últimos uma assumida admiração pela sua coragem (inconsciência???).
Consigo subir a uma grua, andar pelos andaimes ou pela borda de uma cimalha. Pôr-me à frente de um touro, não!

Quanto a uma explicação da proibição, opto pela mais provável: imagino, pleonasmo para não dizer "tenho a certeza", que os potenciais votantes pró- touradas, sejam significativamente inferiores aos outros, a maioria, cada vez menos silenciosa, diria mesmo crescente, preocupante e desequilibradamente mais ruidosa :)...
Pena é que, enquanto se proíbem, igualmente mas com muito mais razão, outros actos do dia-a-dia, as consequências que dali resultam, nunca se vejam sancionados. E estas, são-no!
Que raio de justiça...
O costume...

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