terça-feira, 22 de abril de 2014

Algiers-primeiras impressões

19.04.2014

Ainda não estou definitivamente instalado em Blida. Aliás, estou em Bordj El kiffhan, zona subúrbio de Algiers, e o local onde está o edifício com os escritórios, em três andares, do nosso consorciado, a SATEIG. SATEIG que se "mexe muito bem neste mercado", devido ao facto de o seu dono ter trabalhado no estado anteriormente.

Já visitei a obra em Beni Mered, nas proximidades de Blida. Tive aliás hoje, 22.04.2014, a primeira reunião de obra com o Empreiteiro e com o Domo de Obra.Deverá ser uma obra complexa, não só por se tratar de uma reabilitação (e não uma obra de raiz), o que em si é logo um problema, ser uma estação de tratamento de águas residuais com toda a problemática das instalações especiais, mas sobretudo porque o empreiteiro ganhou-a com um preço inferior ao dos outros concorrentes. Ora quererá naturalmente recuperar a menor valia que "perdeu" no concurso.

Quanto ao resto, aguardo com serenidade a ida para o apartamento. Já lá estive, mas como de costume, só quando lá estiver é que acreditarei.

É um edifício antigo, estilo emigrante de há trinta anos, perto de uma esquadra da polícia, mas com grandes áreas. Se tudo correr normalmente, terei um andar só para mim, com WC só para mim (tem jacuzzi, mas logo se verá se funciona...), com cozinha com máquina lavar roupa, escritório e quarto. Tem televisão no quarto, e parece que vai ter parabólica.

Tenho uma senhora que fará a limpeza diária, bem como parece ter recebido instruções para fazer as compras de que eu necessitar.

Parece igualmente que vou ter chauffeur inclusive aos fins de semana.

Mas aguardemos, já que nestas coisas, uma coisa é falar, outra a realidade.

Quanto à civilização, até agora, as gentes com quem lidei parecem-me afáveis, talvez por ser estrangeiro. O bairro onde estou é pobre. Há imensas crianças a saltar à corda, a jogar futebol, e outros jogos de que me lembro de ver, era eu (ainda) mais pequeno. Há peões a atravessar auto-estradas, no trânsito são agressivas e colocam-se à frente de quem vai calmamente a conduzir. As pessoas andam de chinelos, descalças, ou com aqueles sapatos todos revirados à frente. Os adolescentes, na sua maioria, aparenta não trabalhar, e têm aquele porte tipo de galaró com a popa no meio do cabelo. Tem carros tuning, são aliás muito frequentes. Imensa polícia por todo o lado para onde me desloco, que não no bairro. As mulheres andam três em cada quatro com véu e vestido até aos pés ou com calças de ganga. Uma em cada quatro anda "à ocidental".

Desde que os meus colegas regressaram a Lisboa, tenho frequentado regularmente um restaurante, o "Sindbad". A comida é muito similar à nossa, ainda que não tão condimentada, e mais pobre. Coelho guisado, frango, espadarte, pescadinhas fritas, pernil de Peru, cous cous, foram alguns dos pratos que comi. Os donos são kabili, vendem cerveja e vinho a quem toma ali as refeições.

Já fui a duas grandes superfícies, e inclusive numa delas (Ben Azzouad) é onde até agora fiz a maioria das compras para comer. É em tudo análoga a um Pingo Doce, ainda que com produtos diferentes. Os preços são ligeiramente inferiores aos nossos. Depois, espalhadas pelos três, outros pisos com as habituais lojas com tudo e mais alguma coisa. Revistados à entrada do centro por causa dos terroristas (...), seja se se entra a pé, seja com carro.

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