domingo, 3 de janeiro de 2016

Reflexão-José Azevedo

Boa noite a todos.

Estou próximo de celebrar o meu 59º. Natal. Porque é diferente? Apenas porque no próximo farei parte do estrito 'grupo dos sexa-voleibolistas' praticantes, que hoje já integra 4 ilustres companheiros: Manuel Oliveira, Alfredo Duarte, António Pires e Jorge Orestes, aqui nomeados por ordem cronológica descendente de data de nascimento.

Assim, e enquanto sou 'junior', ou seja, pagando ainda bilhete inteiro nos transportes públicos, permitam-me algumas palavras não de circunstância, mas verdadeiramente sentidas, ou não fosse dar-se a contraditória (circunstância) de estarmos aqui estarmos no Natal...

Vamos lá, então!

Fazer parte dum grupo como este, que inclui voleibolistas, alguns companheiros de anos, outros adversários, outros de equipas adversárias mas contra quem nunca joguei, outros ainda 'aspirantes', é um privilégio de que apenas os que se encontram presentes (e os outros ausentes) se podem gabar. Com efeito, valores como os que aqui se praticam - mesmo os da pontuação dos sets J - não são hoje comuns à sociedade em que vivemos - companheirismo, sentido de pertença, comunhão de objectivos, honestidade na competição, desportivismo, para citar os de que agora me lembro, já não são normais, orgulhando-me de todos os praticarmos (bom, pelo menos uma vez por semana, não é assim?)

'Aqui chegados', como diria um ilustre comentador do Jornal da Noite da SIC, para que estou a fazer este discurso todo? Já vão ver...

Entretanto, resolvi caracterizar, em poucas palavras, cada um de nós, não esperando que se revejam necessariamente no perfil traçado. Como hoje tanto se diz, 'isto é só a minha opinião pessoal' ... J

Manuel Oliveira - benfiquista de coração, engenheiro de profissão, orientação táctica dentro de campo por vocação. O professor dos mais novos (quase todos). Refilão qb, por vezes em demasia. Espírito de combate, sentido na irritação que demonstra quando lhe passam duas vezes seguidas uma bola para rematar ou quando o atropelam na recepção...

Alfredo Duarte - benfiquista de origem, virtutibus maiorum inter alia. Perito na defesa a um braço, tipo Cristo-Rei deficiente, e também nas bolas divididas. Muitas vezes prefere passar em manchete, em que é exímio. Tesoureiro de eleição, estatístico por deformação...

António Pires - desconheço a preferência clubista. Nos seus tempos canhoto terrível, hoje, 30 e alguns anos mais tarde e quase tantos quilogramas depois, joga com o bloco e bloca como poucos. Na descida ao solo, a sua capacidade de movimentação é passível de melhoria...

Jorge Orestes - um matemático e um atleta! Remates elípticos, saída destes como se fosse fazer os 60 metros planos. Bloca com fervor. Arrasta todos com o seu entusiasmo, e tudo, como por exemplo a rede, o que faz sistematicamente, evidenciando permanente consistência. É mesmo a alegria dentro do campo, com o que canta em surdina enquanto espera um serviço ou uma jogada se desenrola...

Luiz Carvalho - sportinguista não praticante, capaz de ver programas como Trio de Ataque, Prolongamento, O dia seguinte, o que for... Defensor 'da moral e dos costumes', na vida e no desporto. Mantém intactas algumas das suas características: simulação e qualidade de passe e capacidade de impulsão. A coluna, o ombro, os joelhos, os pés, etc. não o deixam fazer melhor.

Carlos Amorim - outro benfiquista ferrenho. Todo ele é bola! Ou seja, alia a qualidade de voleibolista ao transporte 'tipo marsupial' dum esférico, circunstância que parece apenas limitá-lo (às vezes na defesa, outras na impulsão). Garante um acompanhamento sui generis da pontuação dos sets, em apoio do Luís, “o Costa”.

Manuel Piedade - dentro dos 81 m2, dá tudo o que tem e o que não tem. Só as lesões têm afectado parcialmente o seu desempenho, em particular no ataque às segundas bolas, de que tanto gosta... Passador 'certinho', regular e consistente, mas nem sempre, tem no serviço uma das suas principais armas.

Luís Miranda - desafiador da aerodinâmica na impulsão, mais ainda no remate, consegue ter precisão 'cirúrgica' (vem da profissão) nalguns lances em que intervém. Direi mesmo imprevisível, por vezes, colocando os adversários em grandes dificuldades... Tem vindo a demonstrar regularidade no seu desempenho, desde que o conhecemos.

Luís Costa - outro que tem um esférico dentro dele! Maior característica dentro de campo: deixem-me, que eu vou lá! Onde quer que esteja. Adversários - e companheiros de equipa em especial - cuidem-se! O seguro não cobre todos os acidentes, nem aqueles de que milagrosamente ele próprio tem escapado...

Rui Cardal - é o equivalente ao 'carregador de piano' no futebol, só com uma diferença: tem muita técnica. Quando quer e pode, bloca, e é capaz de algumas diabruras, como por exemplo atacar, a duas mãos, um espaço de que o adversário saiu, por isso ainda lá não poderia ter chegado... Outro bom servidor e, pelo que dizem, tenista exemplar. Tem quase tantos acessórios elásticos no equipamento como eu.

Carlos Barroso - o delfim, não na idade mas na data de ingresso no grupo. Pai de uma filha que alegra os nossos treinos, de quando em vez. Salta que se farta e bloca quando calha. Utiliza o pé - heresia! - com alguma regularidade, mas como mera alternativa... Tal como dois outros elementos do grupo, utiliza pomadas analgésicas e anti-inflamatórias como táctica, e muda de camisola entre sets, assim inebriando e confundindo os adversários...

António Sobral – o árbitro, aliás um dos poucos que conhece as novas regras e que ajuda a esclarecer questões dúbias, mesmo que ninguém lhe ligue “népias”. Tem um serviço difícil de igualar, tanto na execução – também “especial” - como na eficácia, nem sempre verificada. Gostaria de ter mais 30 cm (de altura, do resto não sei!) para assim poder rematar melhor, sonho de criança...

Jorge Infante - o nosso 'girafa'. Benfiquista de preferência clubista, mantém algumas das suas características de sempre: em primeiro lugar, a altura. Ainda se dá ao luxo de escolher para quem quer servir, ou para onde rematar, embora a sua taxa de sucesso já não seja a que foi... respeitando por isso também o adversário. Domina o aeromodelismo e em particular a envergadura das asas, o que o ajuda - e à equipa de que faz parte - nalgumas posições defensivas.

José Barata Dias - não lhe digam mal (Zé Azevedo, não lhe digas mal) do Benfica! Um passador ainda exemplar, prestidigitador ou mesmo ilusionista nalgumas situações. Serviço flutuante de difícil recepção, ocupa todos os espaços do campo com a mesma habilidade e à vontade. Tal como o Luiz, as costas e os joelhos limitam a capcidade de intervenção. Entristece-o não jogar mais vezes do lado do Girafa. Para os adversários, ainda bem...

Mário Guerra - além do saudoso (no desporto, porque ainda está aqui connosco) McShade, é o único que ainda consegue vestir a camisola do equipamento de junior. Voleibolista 'completo', halterofilista que por certo passou ao lado duma longa carreira, ele defende como ninguém, ainda mergulha com técnica perfeita (só o Cardal se lhe equipara, que me perdoem todos os outros), passa e simula a preceito. Como alguns de nós (eu) irrita-se consigo próprio. Só não diz as mesmas bacoradas...

Eu - visão do grande amigo Luiz Carvalho: espírito demasiado competitivo, ainda um dia me hei-de 'foder' todo, tão grande é o ímpeto que coloco nalgumas jogadas e posições. Como diria o Ribeirinho: vou-me a eles cá com uma força que venho de lá com um olho todo negro! A minha visão: mantenho as características de há 30 anos - a mesma merda de recepção em manchete (agravada por agora precisar de copa 34 no peito), uma apenas suficiente capacidade de passe - felizmente poucas vezes precisa - e razoável posição no campo. Uma ou outra paralela no remate faz parte do que sempre fui.

Não me esquecendo de nenhum dos outros que acompanhei desde que faço parte deste núcleo - o já citado Daniel Machado, o João Soares Pires, o João de Deus, o Armando Lopes, o meu irmão Paulo, o Mário Castanheira, o Pedro Fezas Vital, eu sei lá - e a quem quero desejar igualmente um Óptimo Natal - tentei caracterizar o melhor que pude e soube esta tão admirável 'trupe'; e a que apenas faltam algumas condições de treino que nos colocariam em pé de igualdade com qualquer equipa que participasse num campeonato de veteranos em que decidíssemos 'ir à luta'; e parte das quais, condições, entenda-se, entendi poder ajudar a ultrapassar...

Assim, e para que não volte a suceder a nefasta situação de há um mês e tal, aqui vai disto, para todos, do coração...

Bom Natal e óptimas entradas!

José Manuel Azevedo

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