sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Reflexões - Vários

Em 1974, os portugueses fizeram uma revolução limpa, pacífica, inesquecível, moderna, à frente do mundo e da história e com a mais avançada das constituições. Na verdade, fizeram a última e mais atrasada revolução dos séculos XIX e XX e aprovaram a Constituição mais absurda do seu tempo.
Também nessa altura, levaram a cabo uma descolonização exemplar, cujos modelos, objectivos e processos alegadamente causaram a inveja do mundo. Na verdade, foi a mais desastrada de todas, estando na origem de três guerras civis, durante mais de vinte anos e com centenas de milhares de vítimas.
Mais tarde, Portugal deu novos exemplos ao mundo, a ponto de se ter transformado no melhor aluno da Europa, segundo os dizeres dos dirigentes europeus e portugueses. Mas rapidamente se revelou a desgraça das políticas que levaram a três resgates internacionais em cerca de trinta anos, a uma bancarrota e ao mais elevado endividamento da história.
(António Barreto no DN)

Tudo isto foi premeditado. No conteúdo: a partir desta alteração legislativa, os partidos vão receber mais dinheiro, ficar isentos de impostos e resolver situações ainda a aguardar julgamento – tudo no valor de milhões de euros. E na sua calendarização: a alteração surge de surpresa, sem forma de escrutínio público, e no período natalício (quando as atenções estão dispersas). Ou seja, tudo neste processo está errado – o legislar em causa própria, o segredismo, as tentativas de passar com o assunto despercebido. E o mais grave é que funcionou: arrepia o sucesso dos partidos em conseguir que o assunto passasse mesmo despercebido, quando há aqui matéria para legitimar indignação popular. É, portanto, uma vergonha colectiva: uma Assembleia da República que faz isto em completa impunidade só é possível perante uma sociedade entorpecida e pouco exigente. Merecem-se uma à outra.
(Alexandre Homem Cristo no Observador)

Tudo parte de uma premissa que não paramos para avaliar – “o alfinete racista” – para daí concluir um aleijão moral de alguém, no caso da mulher que o usa. Hoje é um alfinete com a cabeça de uma mulher negra que vale a quem o usa uma acusação de racismo. Mas porquê? Se a princesa levasse um alfinete com a cabeça de uma mulher branca seria uma supremacista branca? E se a princesa levasse um alfinete com um leopardo seria uma apoiante da vida selvagem ou pelo contrário uma defensora dos circos e dos zoos?
(Helena Matos no Observador)

Sem comentários:

Enviar um comentário