quinta-feira, 27 de abril de 2023

Livros - O Mestre da Fuga

Quem sou eu para aconselhar livros? Muito menos quando, a parte significativa dos que leio, é nas áreas do Ensaio e da História.

Mas este, que ao cabo e ao resto é um "drama histórico" se se quiser, destaca-se de todos os outros. Bem escrito, bem contado e com uma carga de realismo que ultrapassa tudo o que se possa imaginar. Quem não tem ideia do que Auschwitz foi, ou "já ouviu falar" de Auschwitz, tem aqui uma bela oportunidade de ficar a saber o que se passou. E o que se passou foi mau, muito mau. 

Às vezes, referindo-me a um gesto de um humano, desabafo: "ainda há gente que se aproveita".

Neste período da nossa história, e neste caso particular, aproveitou-se nada ou quase nada. A não ser meia dúzia de coisas, desde a fuga, a coragem, a história em si e o personagem principal que, com todos os defeitos e instabilidade decorrentes da passagem pelo campo de extermínio, manteve, nos anos seguintes, uma perspectiva de vida invejável.

A não perder





Séries - Sommerdahl S2




 

Séries - Os crimes de Sommerdahl (S 1)

 


Reflexão - Vários

 








Reflexão - Vários

 






Reflexão - Vários

 






domingo, 23 de abril de 2023

Música - Elton John

 


Glorious: Elton John’s farewell tour, at the O2 Arena, reviewed

You’ll never get the chance to see him do this again – unless he changes his mind, like everyone does

Elton John has now been retiring for nearly five years. The Farewell Yellow Brick Road tour began in Allentown, Pennsylvania, in September 2018. Why there? Because it’s a hop and a skip from the small town of Lititz in Amish country, where scores of the big arena shows are built – it’s the real rock’n’roll capital of the world. Since then, with breaks for Covid and other health worries, he has played roughly 300 shows, grossing north of $800 million as of January this year – this is the most commercially successful tour ever.

Retirement, or the threat of retirement, has always been a canny career move: Frank Sinatra played more than 1,000 concerts and recorded ‘Theme From New York, New York’ after he quit the business in 1971. For more than 40 years the Rolling Stones have attracted concert-goers keen not to miss their last chance to see them. They’ve now had more chances than a wicketkeeper standing up to Muttiah Muralitharan. It’s certainly one reason why I finally turned out for Elton – another tick on the ‘legendary artists wot I have seen list’.

I’ve never shelled out for an Elton record but when he played ‘Rocket Man’ tears welled in my eyes

For Elton, this was the ninth of ten shows at the O2, with its seating maximised to pack ’em in, and it followed two big outdoor London shows last summer, which brought in 100,000 punters between them. Given those numbers, this is not a show that messes about with new songs or runs of deep cuts. You want hits? You’ve got ’em – hit after hit after hit after hit, songs that have insinuated themselves into the consciousness in a way that only very few artists have managed. I’ve never shelled out for an Elton record, but when he played ‘Rocket Man’ there were, inexplicably, tears welling in my eyes – nostalgia for a time I don’t remember, for events I never participated in, for a world that was not mine. These songs are part of your life whether or not you wish them to be.

For a lot of the show I was reflecting on the relationship between Elton and his lyricist Bernie Taupin. Lots has been written about it and it was the centrepiece of the biopic Rocketman, presented as an up-and-down love affair between two men – one gay and one straight – who needed each other to reach apotheosis. I was thinking less about that, though, than how weird it must have been for both of them. On the one hand, you’ve got Taupin knowing his words only matter when sung by his best friend; on the other, you’ve got Elton having to live with the knowledge that scores of people, even knowing Taupin wrote the words, can’t help assuming they reflect Elton’s own thoughts. I don’t think there’s any other significant artist whose career is so entirely dependent on the lyric-writing of just one other person.

The melodies, of course, are all his own, which is the other mind-blowing thing. What must it be like to have that facility with a tune, to be able to summon something that lodges so completely in the heads of others? Is it like being a top-class footballer, where you actually can’t explain how you are able to make the complex calculations necessary to pass a ball to the foot of someone else, 50 yards away, running at full pelt? Is it just something he knows how to do? So many of these songs, even the lesser ones, have a melodic invention that startles. Maybe it’s because I was a kid when it was a hit, but ‘I Guess That’s Why They Call It the Blues’ has an ease and simplicity that, despite it not being a song with the depth of ‘Goodbye Yellow Brick Road’, astonishes me. When melodies come so easily, how do you even know which are the good ones?

I strongly suspect the reason for the huge and ongoing public affection for him, despite all the years of cocaine-driven twattery, lies in the fact that despite giving himself the middle name Hercules (probably the funniest thing any rock star has ever done), he never stopped being dumpy, insecure Reg from Pinner, and everyone could see it. Unlike Keith Richards, who was probably born smoking and telling the midwives to piss off, Elton John seemed more like the results of a bizarre experiment in which your next-door neighbour was transformed into a globe-straddling superstar.

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There were parts I could have lived without: ‘Have Mercy on the Criminal’ was an early-1970s blues-rock waltz, and the early-1970s blues-rock waltz is the single least- appealing musical style ever devised. And ‘Funeral for a Friend/Love Lies Bleeding’ might be the apotheosis of serious Elton, but the heavier he got, the less appealing he was to me. But come on, it was Elton. It was glorious. And you’ll never get the chance to see him do this again. Unless he changes his mind, like everyone does.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Livro - A tradição intelectual do Ocidente

Uma (re)leitura interessante. 


Futebol - golo de Pedro Gonçalves

 Um golo para mais tarde recordar...

Arsenal - Sporting

https://www.youtube.com/watch?v=dx5lC88UPj8

Séries - Rolos Carmen




 

Reflexão - João Miguel Tavares

 João Miguel Tavares

           Público 
(sublinhados meus)

Sejamos honestos: se o primeiro-ministro português se chamasse Pedro Santana Lopes, o Presidente da República estaria neste momento a preparar a queda do Governo e a dissolução do Parlamento. Dispenso essa dissolução, porque o PS deve, por uma vez, beber o cálice até ao fim. Mas o conjunto de trapalhadas desta maioria absoluta, que tem apenas – convém recordar – um ano de vida, atingiu níveis inenarráveis de aldrabice, abuso de poder e incompetência. Eu já esperava que a comissão de inquérito à TAP revelasse jogadas de bastidores e golpadas políticas em barda. Mas confesso que não estava preparado para este Evereste de trafulhices, asco e promiscuidade.
O espaço desta página não chega para descrever as inúmeras barbaridades que ouvimos na passada terça-feira. Mas posso resumi-las em duas palavras: todos mentiram. Christine Ourmières-Widener não dava um passo na TAP sem o Ministério das Infra-estruturas ser informado. A CEO disse no Parlamento que “não estava à espera de tão alta pressão política” e que ela impediu a TAP de “concentrar-se no seu negócio”. O menor vestígio de independência na sua actuação era alvo de raspanetes por parte do secretário de Estado das Infra-estruturas. “Christine, outra vez”, escreveu Hugo Mendes, exasperado, “TODAS as questões relacionadas com o Governo devem ser encaminhadas através de nós. A TAP é a única empresa que se comporta assim. Não há ligações directas entre a TAP e outros ministérios.”
Hugo Mendes é a caricatura do boy socialista: licenciado em Sociologia pelo Iscte (claro); assessor da ministra da Educação entre 2006 e 2009; adjunto do secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro entre 2009 e 2011; assessor do Grupo Parlamentar do PS entre 2011 e 2015; adjunto do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares entre 2015 e 2019; chefe de gabinete do ministro das Infra-estruturas entre 2019 e 2020; secretário de Estado entre 2020 e 2022. Na expressão “secretário de Estado”, a palavra a reter é “secretário” – o secretário de Pedro Nuno Santos. Informava Pedro Nuno de tudo e aprovou tudo com a bênção de Pedro Nuno.
Hugo Mendes chegou a este ponto inconcebível: após o indigno comunicado conjunto dos ministérios das Finanças e das Infra-estruturas de 26 de Dezembro de 2022, no qual era exigido à TAP esclarecimentos sobre a indemnização a Alexandra Reis, Hugo Mendes convocou uma reunião com a CEO da companhia para redigir o esclarecimento por si exigido. Vale a pena repetir: o Ministério das Infra-estruturas não sabia de nada à hora do almoço, e ao final da tarde o secretário de Estado estava a ajudar a administração da TAP a responder àquilo que era suposto ele não saber.
Percebem o asco? Então agora juntem-lhe a promiscuidade das reuniões promovidas por assessores do Governo e deputados do PS para instruir o depoimento de Christine Widener em vésperas de audição parlamentar. Acrescentem as mentiras do CFO da TAP. Somem os fretes do inspector-geral das Finanças (onde ninguém fala inglês) ao patrão. Adicionem o marido da CEO a querer vender equipamentos à companhia gerida pela mulher. Completem com o voo comercial de Maputo que Hugo Mendes quis alterar para dar graxa ao Presidente da República, porque ele é o “principal aliado político” do PS e, “se o humor dele mudar, tudo se perde”. Este é o estado miserável do país. Este é o estado miserável do PS. A TAP devia oferecer um bilhete de avião a cada português, para podermos fugir daqui para fora

Reflexão - Vários

 







Reflexão - Vários

 






domingo, 9 de abril de 2023

Reflexão - Alexandre Homem Cristo

(Alexandre Homem Cristo in "Observador" (sublinhados meus)

... 

A segunda implicação é para a governação do país: vêm aí tempos muito difíceis. O endurecimento das acções sindicais, com o surgimento de novos sindicatos mais populistas e menos institucionais, anuncia um clima de tensão social duradouro, mais crispação e menor capacidade negocial. Num contexto de crise económica e inflação, na ressaca de uma pandemia, vários ministros estão sentados num barril de pólvora. Sendo que, como na Educação e na Saúde, estão em causa desafios complexos e de resolução lenta (porque ignorados ao longo de décadas), a probabilidade aponta para que tudo se arraste ainda mais até que, nos próximos meses ou anos, os barris comecem (ou continuem) a explodir.

A terceira implicação é para o PSD e uma eventual maioria de direita, que possa vir a governar a partir de 2026 ou 2024 (no cenário provável de António Costa ir para Bruxelas e o parlamento ser dissolvido): a direita continuará a ser o bombeiro do regime. Depois de herdar o pântano de Guterres (2002) e a bancarrota de Sócrates (2011), a direita arrisca-se a liderar o país num novo ciclo político de grandes adversidades, cumprindo a tradição de só ser chamada para o governo quando o edifício está em chamas. Se não se preparar devidamente, acabará como acabou antes: fora do governo assim que apagar o fogo.

Livros - Brilliant Blunders

 Uma outra perspectiva do "outro lado" dos sucessos científicos ao longo dos tempos










TV - programas

Bécaud, mor pére dans ARTE; En Écosse une reportage sur le tweed






Reflexão - António costa (ECO)

 As audições na comissão parlamentar de inquérito na TAP têm sido úteis para mostrar, em direto no canal Parlamento, o Governo que temos. 

Depois de três audições na comissão parlamentar de inquérito à TAP, de Christine Ourmières-Widener, Alexandra Reis e Gonçalo Pires, já podemos retirar uma primeira conclusão: O Governo é que merecia ser despedido por justa causa. A gestão da uma empresa pública como a TAP como se fosse uma direção-geral, até uma federação distrital do PS, a interferência permanente, a violação de princípios básicos de governação e até de salubridade política, são factos demasiado graves e num Estado com instituições maduras só poderiam conduzir à queda do Governo. Em Portugal, é o que é.

Comecemos por Christine Ourmières-Widener. No dia 6 de março de 2023, os ministros das Finanças e das Infraestruturas anunciaram em conferência de Imprensa o despedimento da presidente executiva da TAP por justa causa, uma decisão suportada nas conclusões do parecer da IGF sobre o acordo de indemnização paga à gestora Alexandra Reis, considerado nulo. Passado um mês, e com toda a informação disponível, mudei de opinião: É um despedimento sem causa justa, mais ainda, é um despedimento político para poupar Fernando Medina a um incómodo, o de explicar como é que nomeou Alexandra Reis para a Nav e depois para secretária de Estado do Tesouro.

Já se sabe hoje que foi o Governo a conduzir todo o processo de saída de Alexandra Reis. Perante o parecer da IGF, a demissão parecia ser a decisão adequada. Enganei-me. Há uma coisa óbvia dos diversos documentos revelados pela própria gestora, e suportados em mensagens trocadas com a tutela: Não só o Governo sabia o que estava em causa como foi a tutela que decidiu os valores em causa, os 500 mil euros brutos que levaram a esta crise. E até se sabe hoje que a gestora esteve disponível para sair, umas semanas antes, por iniciativa própria e sem qualquer indemnização.

Depois da queda de Pedro Nuno Santos, a IGF só teve uma preocupação, a de proteger o ministro das Finanças Fernando Medina de mais “incómodos”, depois de ter nomeado Alexandra Reis para a Nav e para a Secretaria de Estado do Tesouro sem ter cuidado de saber em que condições tinha a gestora saído da TAP. Admitindo, claro, que não sabia, naqueles dois momentos, qual tinha sido a indemnização paga a Alexandra Reis…

Acresce a isto que a forma como Medina despediu Christine Ourmières-Widener é não só ilegal como indecorosa. Sabe-se também agora, pela audição da gestora francesa, que Medina convidou-a a demitir-se no dia anterior à conferência de imprensa de dia 6 por causa da pressão política em torno do caso. Nunca lhe terá dito que, em alternativa, seria demitida por justa causa (alternativas, diga-se, que não são compatíveis). E sem a gestora ter sequer sido ouvida para prestar depoimento, um princípio básico num Estado de Direito.

A gestora francesa revelou, em vários momentos, que não percebeu exatamente o que era a sua responsabilidade como presidente executiva de uma empresa pública que recebeu 3.5 mil milhões de euros de fundos públicos. Um exemplo foi a contratação da mulher do seu próprio personal trainer para uma função para a qual não tinha competências. Ou a tentativa, que se sabe agora, de uma compra de serviços a uma empresa que tinha como representante o seu próprio marido. Ou ainda a decisão de mudar de sede quando tinha acabado de despedir 1.800 pessoas. Mas também é verdade que o seu mandato era um, o de executar o plano de reestruturação, e fazer regressar a TAP aos lucros. E isso fê-lo, com um calendário antecipado.

Alexandra Reis, ouvida também em audição parlamentar, está a ser usada pelo PS para tentar descredibilizar a gestora francesa. E porque tem de fazer a sua carreira por aqui, num país pequeno e com tantas dependências, acaba por contribuir, talvez mesmo inadvertidamente, para essa tática política. Os pequenos episódios sobre Christine Ourmières, como o do motorista que esteve para ser despedido, ou a constatação de que não sabe ainda hoje porque é que saiu da TAP, são laterais em relação ao objeto maior desta comissão. A gestora francesa quis mudar a equipa, pediu autorização à Tutela para o fazer e teve a sua aprovação, e depois foi o Governo a tomar a última palavra no valor da indemnização paga com base num acordo que violava de forma flagrante o Estatuto do Gestor Público. É isto que está em causa.

Gonçalo Pires, administrador financeiro da TAP, já tem poucas condições para se manter em funções na nova equipa, e Luís Rodrigues, o gestor indicado para a companhia, deveria ser o primeiro a exigi-lo. O gestor, próximo do PS, mentiu no Parlamento sobre o conhecimento que tinha do processo de saída de Alexandra Reis e isso é motivo mais do que suficiente para uma demissão.

A reunião do grupo parlamentar do PS com a gestora francesa no dia anterior a uma audição na comissão de economia e finanças ou o email do secretário de Estado Hugo Mendes a pedir uma alteração de um voo da TAP para evitar que o Presidente da República deixasse de ser o maior aliado do Governo são episódios que, se não fossem trágicos, seriam cómicos. Mas reveladores.

O que é facto hoje? Christine Ourmières-Widener continua em funções um mês depois de ser demitida em conferência de imprensa sem culpa formada, Alexandra Reis já pediu por três vezes para lhe comunicarem que valores terá de devolver à TAP por um contrato considerado nulo e não obteve qualquer resposta, e o Governo continua em funções como se nada fosse, como se o país não estivesse a assistir em direto no canal Parlamento a este espetáculo indecoroso e ofensivo para a dignidade dos contribuintes portugueses.

Cartoons