(Alexandre Homem Cristo in "Observador" (sublinhados meus)
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A segunda implicação é para a governação do país: vêm aí tempos muito difíceis. O endurecimento das acções sindicais, com o surgimento de novos sindicatos mais populistas e menos institucionais, anuncia um clima de tensão social duradouro, mais crispação e menor capacidade negocial. Num contexto de crise económica e inflação, na ressaca de uma pandemia, vários ministros estão sentados num barril de pólvora. Sendo que, como na Educação e na Saúde, estão em causa desafios complexos e de resolução lenta (porque ignorados ao longo de décadas), a probabilidade aponta para que tudo se arraste ainda mais até que, nos próximos meses ou anos, os barris comecem (ou continuem) a explodir.
A terceira implicação é para o PSD e uma eventual maioria de direita, que possa vir a governar a partir de 2026 ou 2024 (no cenário provável de António Costa ir para Bruxelas e o parlamento ser dissolvido): a direita continuará a ser o bombeiro do regime. Depois de herdar o pântano de Guterres (2002) e a bancarrota de Sócrates (2011), a direita arrisca-se a liderar o país num novo ciclo político de grandes adversidades, cumprindo a tradição de só ser chamada para o governo quando o edifício está em chamas. Se não se preparar devidamente, acabará como acabou antes: fora do governo assim que apagar o fogo.
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