sábado, 7 de dezembro de 2013

Reflexão-resposta a Inês Teotónio Pereira do jornal i

(Artigo de Inês Teotónio Pereira no jornal i em 7.12.2013)
E a verdade é que tal como no futebol, também aqui os pais de bancada têm quase sempre razão

E a verdade é que tal como no futebol, também aqui os pais de bancada têm quase sempre razão

Assim como existem treinadores de bancada, também existem os pais de bancada. Os pais de bancada são de todo o tipo e podem ou não ter filhos. O que os une nesta classe é a ideia clara e consistente que têm sobre a educação dos filhos dos outros. Eles sabem tudo. Da mesma forma que sabem como é que o Sporting podia chegar a campeão europeu com facilidade, também sabem como é que os filhos dos outros deviam ser educados. Os pais de bancada são a elite dos educadores. Eles olham para as crianças dos outros e para os outros com o mesmo desprezo e com a mesma arrogância moral com que os comunistas olham para essa mítica classe usurpadora e exploradora que é a burguesia.
"Se esta criança fosse meu filho..." é a frase preferida dos pais de bancada. Pois eles sabem perfeitamente o que fazer com os nossos filhos para os tornar melhores filhos. Bastava uma semaninha ao cuidado deles e a criancinha transformava-se no Pequeno Lorde. Tipo receita da Bimby.
Se há coisa que os pais de bancada não toleram são as birras. Birras das crianças dos outros é qualquer coisa que no país deles mereceria prisão perpétua. Birras em público, então, são um ultraje. Uma criança que se atire para o chão no meio de um supermercado porque quer empurrar o carrinho e a mãe não deixa, é uma situação que, no entender destes pais, revela um caso perdido de educação em que a culpa é só dos pais. Claro que a criança já é ruim por natureza, mas a verdade é que os pais não a sabem educar e a prova está ali, no meio do chão.
Há duas leis sagradas para estes pais bancadas: a primeira é que as criancinhas são todas iguais e insuportáveis até prova em contrário e a segunda é que os pais são por natureza fracos e preguiçosos. E é com base nestas duas normas universais que eles estabelecem toda uma sólida teoria sobre educação, segundo a qual deve predominar a disciplina, seguindo-se a obediência, o respeito, a competência e a verdade. Assim como nos Comandos.
E a verdade é que tal como no futebol, também aqui os pais de bancada têm quase sempre razão. É irritante, mas é verdade. É verdade que quando os nossos filhos vão a um restaurante e portam-se mal, a culpa é deles e é nossa porque os levamos lá. Por isso, merecemos o olhar gélido de todos os pais de bancada que partilham connosco todo um almoço infernal.
Também é verdade que quando o nosso filho se atira para o chão de um supermercado humilhando toda uma família, devia apanhar duas palmadas bem dadas e ser arrastado por uma orelha até casa. E quem não faz isto, devia fazer.
Quando os pais de bancada entram na escola, dá-se então a razia absoluta - nenhum pai fica de pé. Para os pais de bancada a culpa de tudo de mal que se passa com a vida escolar do nosso filho, é do nosso filho. Ora, esta forma de olhar para a vida escolar dos nossos filhos, não é, digamos, vulgar. Normalmente a culpa é dos professores, da turma, dos colegas, do currículo da Matemática, do sistema, enfim. Mas do nosso filho, raramente.
Ora, os pais de bancada são infernais, é certo. São arrogantes e muito, muito irritantes. Principalmente porque têm razão. Assim como nós temos toda quando damos bitates sobre a educação dos filhos dos outros. No fundo, todos sabemos como o Sporting pode chegar a campeão. Teoricamente é possível.

(Minha reflexão enviada para o jornal)

Pelo que li do artigo, é-nos, a mim e à minha mulher, atribuível o epíteto de "pais de bancada". Criámos e educámos dois filhos espectaculares. Cresceram, tiraram os seus cursos superiores, partiram para o estrangeiro, trabalham, mas, sobretudo, são dois excelentes seres humanos; honestos, bem formados, amigos do seu amigo, enfim,... "etc".
Não faço ideia como é que o Sporting seria campeão europeu.
Mas tenho a certeza, entre outras certezas, de que se uma criança se atira para o chão no meio de um supermercado a fazer uma birra, porque quer empurrar o carrinho e a mãe não deixa, então é porque se deixou o problema chegar a este ponto. (ponto...)
Apenas para que fique registado, os meus filhos nunca fizeram birras.

E sim, acho que a culpa é, na maioria dos casos, dos papás.

Boa sorte com o (seu?) problema.

Luiz Carvalho (boavidacarvalho@gmail.com)

(Resposta, presumo que da autora, já que não vinha identificada)

Bom dia
a minha filha tb nunca fez birras.
cump

1 comentário: