terça-feira, 18 de março de 2014

Reflexão-Luís Melo Seara Carvalho

Meu bom velho amigo, que julgava já nas areias do deserto, mas que afinal ainda pontifica no deprimente jardim plantado à beira dum mar qualquer!

Desde que a humanidade ( vulgo sociedades organizadas pela auto designada espécie ‘homo sapiens sapiens’ ) começou a aplicar soluções para colectivamente controlar as suas turbas, que sempre as impôs com a maior das determinações…

Os romanos não marcavam os seus escravos, como nós ( nesta época de elevados padrões morais ) ainda fazemos a outras espécies vivas que continuamos a escravizar para nosso interesse e consumo, sem grandes problemas morais? E depois dos romanos ( que não eram cristãos ), as fervorosas sociedades esclavagistas cristãs, abençoadas pelos seus piedosos desígnios humanitários, não continuaram a ferrar os seus escravos? E a classe média da época ( os servos, os tais que tinham direito a frequentar as igrejas ) também não era estigmatizada à chicotada e não podia sair dos domínios do seu senhor, sem a sua autorização, no qual incorria em pena de morte se transgredisse? Nestas épocas, as tecnologias existentes ainda residiam no sector primário ( grilhões, ferros incandescentes e machados de gume cortante, entre muitas outras alfaias ).

Depois, a tecnologia foi lentamente avançando para a indústria do papel impresso, e os cartões de identidade e os passaportes foram substituindo gradualmente os grilhões. Mas, um BI ou um passaporte é fundamental à nossa sobrevivência? Tenta existir sem eles, em qualquer sociedade do séc XIX ao XXI e diz-me se consegues sobreviver? Curiosamente, na Namíbia ainda encontrei uns povos que estão desligados disso e que continuam a sobreviver como o faziam há 2000 anos, mas esses são já curiosidades arqueológicas e aquilo são extensos desertos, onde a ‘sociedade’ tem dificuldade em impor-se… Vê como os ciganos são aqui marginalizados, só porque também têm uma cultura extra-nacional, e como são estigmatizados e submetidos à força…

Logo, seja com RFIDs, que estão presentes no nosso quotidiano desde há 30 anos ( seja nos nossos carros, seja nas nossas roupas e cartões ), seja com a implantação de bio-chips baseados nas nano-tecnologias, podes estar seguro que ainda nas nossas existências o fenómeno do trans-humanismo vai-se impor, quer queiras quer não, porque há tecnologia para isso e porque essa tecnologia dá vantagens inigualáveis ao poder reinante na sociedade. Ter um registo em tempo real do que cada um faz ( medindo coisas tão importantes como o tempo que passas a dormir, ou na pia, ou em cima da tua mulher, seja com a legítima, ou, muito mais interessante, com a menos legítima… ) vão ser possíveis e vão ser medidos e registados num cadastro qualquer que democraticamente vai ser imposto, com o democrático desígnio de aumentar a tua segurança contra todas as Al Qaidas deste planeta…


(Reflexão a propósito de um artigo enviado pelo Carlos Heitor, e que alertava para o implante de chips em crianças nos USA)

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