quarta-feira, 10 de junho de 2015

Reflexões (Vários)

Se a tendência dos últimos tempos se mantiver, o filme que se perspectiva para depois das legislativas é uma sequela em tons cinzentos do que conduziu ao pedido de resgate em 2011. Tal como acontece na maioria das sequelas, o filme arrisca-se a ser de ainda pior qualidade do que o original, mas num aspecto não devem restar dúvidas: o final será muito semelhante. Caso venha a ser colocado em prática, o guião do regresso ao passado será uma receita para o desastre depois das próximas legislativas.
André Azevedo Alves no Observador (15.05.2015)

Nessa altura, dezenas de portugueses resolveram ir observar aquele paraíso "dólarizado", em que a classe média se prostituía e eles se pavoneavam fumando charutos e frequentando as praias, os bares e os restaurantes para turistas. Suspeito que gostaram; e sei que nenhum abriu a boca para contar o que vira. Agora, com a hipocrisia do costume, acordaram para um mundo diferente. François Hollande, essa criatura abjecta, foi logo fazer a sua corte ao velho senil e assassino Fidel. E, em Roma, Raúl Castro, hoje o homem forte da ditadura, anunciou que se preparava para rezar ao Altíssimo por S.S. o papa Francisco, que tanto tinha ajudado Cuba. A esquerda cá de casa delirou. São os mesmos de sempre.
Vasco Pulido Valente no Público (enviado pelo MVasquesO)

Este país é aquilo que depois da revolução passaram a ser os valores que contam, mais o dono disto tudo, mais o que mete no avião o amigo que leva para Angra dos Reis, mais as Tecnoformas, isto é a Latin America. O que é difícil é encontrar quem não esteja em sintonia. Mas que diabo, temos de encontrar alguma esperança, numa perspectiva de que não pode ser só isto. O que é mais preocupante, quanto a mim, é Portugal ser dos poucos países do sul da Europa onde não há genuinamente uma perspectiva de outra coisa que não seja a estrutura política dos partidos do chamado arco da governação.
Temos tido partidos novos...
Não apareceu nenhum Podemos, nenhum Ciudadanos, nenhum palhaço italiano ou senhora Le Pen, um desfilar de catástrofes. Ainda acabo a acreditar que os Tsipras e os Podemos são capazes de não ser o pior disto tudo. Mas aqui temos o Marinho e Pinto, os do Livre. Isto é um susto, não é? A perspectiva que tenho do que vai acontecer é dramática, porque o país vai acabar por ir para uma solução do que não pode ser. E por trás disto vai ter o actual Presidente da República, que é quem vai ter de gerir o período de eventuais ligações ou o que quer que seja, que já fez o kissing goodbye. E depois, fica à espera dos Sampaios da Nóvoa deste mundo? Meteram-nos num sarilho em termos do próprio timing e isto é tudo uma coisa de amadores. Não sei se feliz ou infelizmente, gosto da minha terra, do meu país, e isto custa-me.
Entrevista de José Roquete ao jornal i (10.06.2015)

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