Em 13. 07.2017 perda súbita de memória. (escrito a partir da gravação que Isa fez no TM)
Tínhamos programado ir para as Termas das Caldas de Felgueiras no dia seguinte (14.07.2017). Íamos ficar em casa dos pais da Isa, em Campo de Ourique, para assim ser mais fácil chegar à Gare do Oriente e apanhar o inter-cidades pelas 08.35.
Fomos de manhã para Lisboa, a isa foi ao ginásio, almoçámos em Campo de Ourique, fomos comprar a secretária para o apartamento da Miguel no IKEA e depois regressámos a casa dos pais. Adormeci na sala a ver televisão. Como a televisão estava muito alta, Isa disse para ir dormir para o quarto. Acordei e fui para a cama.
Fizemos amor e tive aquela dor de cabeça que já tenho há anos neste momento, mas com baixa intensidade. Decidi ir tomar banho e Isa foi para a sala ver televisão. Demorei-me muito tempo e Isa ouvia a água do duche a cair. Resolveu ir ver o que se passava. Eu estava de olhar fixo no chão do polyban com água a cair-me em cima, com olhar perdido. Isa perguntou-me quando acabas de tomar banho? Eu não respondi logo, continuei a olhar para o chão. Isa Insistiu e eu retorqui : estou aqui um bocado perdido. Isa não percebeu o que eu queria dizer com aquilo. ISA perguntou o que queria eu dizer? Aos poucos lá fui dizendo que estava confuso, que estava perdido, e comecei a perguntar o que estava ali a fazer?
Eu não sabia o que estava ali a fazer! Não me lembrava de nada. Nem das termas para onde íamos no dia seguinte, nem que tínhamos ido ao IKEA, etc. Não me lembrava de nada do que tinha feito naquele dia nem no passado recente. Nem de ir ao aeroporto buscar o Luis Filipe no dia anterior. Isa trouxe-me para a sala, e comecei a insistir nas mesmas perguntas: - porque é que estou nu? O que é que estamos aqui a fazer? Que dia é hoje? Que horas são?
E as perguntas eram sempre as mesmas! E dizia que estava baralhado, confuso. E voltava às mesmas perguntas. Dentro do mesmo minuto fazia três vezes a mesma pergunta: - que dia é hoje? Que horas são? Porque é que estou nu? Às vezes variava: -porque é que estive a tomar banho? Então eu adormeci? Adormeci porquê?
- Aqui na sala, retorquia a Isabel. -Mas aqui na sala? Respondia eu. E estive quanto tempo a dormir? E as perguntas eram assim em ondas mas sempre à volta disto. Sempre que Isa respondia, eu voltava às mesmas.
Foi quando Isa optou por escrever as respostas num papel. E foi assim que quando eu fazia a pergunta, Isa mostrava a resposta escrita no papel. Entretanto Isa estava a ver que não estava em condições de aproveitar a viagem do dia seguinte, e telefonou à Aurora para saber se queria aproveitar a viagem? Disse-lhe o que se passava. E ela aconselhou-nos a ir à CUF. Aliàs tal como o pai que igualmente a aconselhou a ir à Cuf.
Isa estava à espera que, assim como fiquei sem memória, a recuperasse igualmente . Como Aurora falou na possibilidade de embolia cerebral, Isa chamou um táxi e lá fomos para a CUF. Na Cuf estivemos quatro horas no total. Chamaram para a triagem, deram a pulseira cor de laranja. Fui atendido pelo médico que mandou fazer TAC.
No TAC estava muito desorientado e como não percebia o que estava ali a fazer a técnica veio chamar a isa para ter um apoio para fazer o TAC. Fiz o TAC, trouxe de volta para a sala e queixei-me de uma pressão do lado esquerdo do peito. Isa foi ter com o médico que mandou fazer um electrocardiograma.
Chamaram-me pouco depois, fiz o ECG . Como não tinha a noção de quão perdido eu estava demorei a dar com a sala de espera porque andei perdido lá dentro. O enfermeiro que fez a triagem veio dizer para eu fazer análises. Chamou 15 minutos e Isa disse-me para me trazerem porque senão iria andar aí perdido. (Não sei se te terás lembrado mas alguém te terá trazido à sala). Vinha com um cateter na mão, não fosse necessário administrar algo. Enquanto lá estivemos continuei a fazer as mesmas perguntas.
Como nao tinha nada que escrever, Isa passou a escrever as respostas no telemóvel e mostrava-me. -Que dia é hoje? Que hospital é este? Que horas são? Já me chamaram? Que me mandaram fazer?
Logo a seguir eu perguntava: -já me chamaram? Então e vou fazer algum exame? -Fizeste um TAC. E era constante. E quando eu perguntava Isa mostrava a resposta no telemóvel. Estavam lá as respostas todas. Como viemos? Como me trouxeste? Já me chamaram? O que é que o médico disse?
Depois da 1ªavaliacao, o médico disse que suspeitava de um AVC. Depois de lá estarmos três horas e meia, então o médico veio ter comigo e disse que não havia sinais de AVC, que estava sedado, a dormir. O ideal, em virtude de não terem camas, seria eu ficar lá em observação. Ficava sentado numa cadeira. Aconselhou-nos então a ir para casa onde estaria mais confortável, devendo ser continuamente observado por Isa, ir vendo o que se passava e caso houvesse alterações levar de novo ao hospital. Se não, ver como acordava, e entretanto ir na terça fazer uma consulta de neurologia.
Isa foi ter comigo, estava a dormir, com um cateter na mão. Isa esperou que me tirassem o cateter, pediu na recepção que chamassem um táxi, marcou consulta de neurologia para terça seguinte. O táxi veio logo.
Depois eu nao parava de fazer perguntas apesar de estar sedado. As mesmas perguntas: -Porque fomos ao hospital? Fizeram-me algum exame? O que é que eles disseram?
Isa notou ao longo da noite que eu ia retendo alguma informação. Lembrava-me do enfermeiro que me tinha atendido, do médico , quando Luiz falou com o médico tive a preocupação de dizer ao médico para ir ter com Isa para a acalmar. O médico notou que Isa estava calma quando falou com ela. Ao longo da noite isa notou ligeiras melhorias, ou seja, apesar de as perguntas serem as mesmas, havia pequenas coisas que ía retendo, o que não acontecia antes.
Na cama não parava de falar e Isa estava cansadíssima porque já eram três e tais da manhã. Lá me mandou calor e adormeci logo.
Dormi muito pouco. O normal é eu dormir oito nove horas sem estar sedado. Nessa noite dormi e de manhã acordei bem e estava a lembrar-me de tudo. Ainda um bocado perdido, por causa de não estar habituado a tomar calmantes e comprimidos para dormir. Fizemos a revisão do dia anterior. Havia coisas, por exemplo, eu sabia o nome da minha mãe mas não recordava que estava no lar ( na noite anterior), sabia que Filipe estava na Suíça mas não me lembrava que estava em Portugal e eu o tinha ido buscar. Outra pergunta que eu fiz no hospital era se Isa já tinha dito aos meus filhos? E Isa dizia que não e eu voltava a perguntar. Fazia perguntas sobre o Filipe e sobre o Diogo. Levantámo-nos, tomámos o pequeno almoço, entretanto Isa tinha telefonado para a CP por causa dos bilhetes e da possibilidade de adiamento da viagem.
Fomos a Sta. Apolonia e teve de ser a Isa a tratar do assunto, já que eu fui lá mas não consegui pois ainda estava baralhado.
NOTA - no dia seguinte mantenho uma sensação na parte traseira (perto da nuca) ligeiramente sobre a direita, no local da dor de cabeça que aparece no final do acto sexual, quase dor de cabeça mas sem o ser.
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