domingo, 13 de agosto de 2017

Reflexão ( LBC ) - O Vídeo árbitro

Mais uma fuga para a frente? Mais um ingénuo falhanço? Ou, refinando  / ficcionando a análise, uma conspiração para se acabar com o futebol e inventar uma nova modalidade? 

Não se encara o problema de frente. Como reformar a modalidade? Como incrementar o espectáculo? Ninguém vê que, dia após dia, os espectadores diminuem, a indisciplina dentro e fora aumenta, as claques envenenam o processo, o dinheiro em excesso perverte o jogo? 

Tema da actualidade? O video-árbitro. Mais um fait-divers, a somar ao do 4º árbitro, ao dos árbitros de baliza, etc. 

Quer-se salvar o espectáculo? Quer-se preservar a galinha dos ovos de ouro? Então procurem-se soluções para a melhorar. Como? Com uma solução simples: marcando golos!!

Que se fez no volei? Alterou-se, para lá de outras secundárias, a regra básica de marcação de pontos de forma a "caber no tempo de televisão". Parece, no entanto, e de acordo com os entendidos, ter-se ganho no espectáculo.
Que se fez no hóquei? Alteraram-se as dimensões das balizas e, em determinada altura, até se impediu a ultrapassagem de uma linha próxima do meio campo.

Alguém já fez uma média, nas modalidades colectivas mais representativas como o basket, o volei, o hóquei, o andebol e o rugby, de como o ataque se impõe à defesa, ou seja, de como haver mais espectáculo? Qual a média de pontos / golos / ensaios marcados por unidade de tempo? Sem bibliografia, numa folha de papel e "a olho": no basket 4/min, no andebol 1/min, no rugby 0,5/min. E no futebol? 0,02/ min. 
Estou esclarecido!! 

Porque não se pensa em algo semelhante para o futebol? Se o espectáculo são os golos, porque não incrementar a probabilidade de eles aumentarem significativamente? Porque não se aumentam, por exemplo, as dimensões das balizas (0,10m nas três direcções)? Porque não se diminui o número de jogadores de campo? Porque não se excluem jogadores temporariamente? 
Não! Em vez de pensar diferente, enchem-nos agora a cabeça com a telenovela "video-árbitro". Mais um emaranhado de problemas, com a objectiva perda de tempo que isso implica, mas sem o ganho absoluto que se pretenderia.

Agora sim, vão-se resolver - e bem! - os problemas das bolas que ultrapassam a linha de golo. Entretanto, quantos foram os jogos, o tempo, a paciência e o dinheiro que se perdeu com a introdução de mais dois papalvos perto das balizas para aquilo detectarem? Em vão!

Mas sem ser esta vantagem, que outra? Que mais? Sim, que mais? Vai continuar-se a discutir se está ou não fora de jogo, se empurrou ou não, se tocou ou não com o mindinho na bola, mas agora - e aqui é que está a novidade! -, num templo restrito e distante. 
Resultado a curto prazo? Árbitro de campo ilibado e, consequentemente, o apaziguamento do rebanho que assiste in loco ao jogo, com a consequente acalmia dos ânimos. Como o templo onde se decide está longe do local do crime, transfere-se a ira dos pasmados.
A médio e longo prazo? Os pasmados passam a chegar a casa mais bêbados e aumenta novamente a violência doméstica e a das redes sociais. Ninguém vê isto?

Sem ironia, não entendo esta silenciosa  insistência em marcar passo no futebol. Só havendo mais golos o futebol ficará mais interessante. Pelo menos para mim. Até lá, vou vendo andebol e rugby e, de vez em quando, e para acompanhar a modalidade, o "tempo-extra" :)

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