domingo, 22 de setembro de 2019

Reflexões várias

(Augusto Devezas Ramos no “Diabo”)
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 6 Suíça fora da UE

Não é por acaso que a Suíça não quer pertencer à UE. A Suíça exporta cinco vezes mais do que a UE, do que resulta uma taxa de desemprego de 4.5% contra os 11% da UE, mais do dobro. Isto acontece por uma razão: a Suíça tem acordos comerciais directos, bilaterais, com os países seus parceiros, e não por condicionamento burocrático, os ‹pacotes› uniformizados da UE que ‹servem› tanto para a Espanha, Portugal ou Bulgária. Este pequeno país europeu, a Suíça, é o mais exportador do mundo. Ao contrário da UE, a economia da Suíça é a menos regulada do mundo e uma das mais inovadoras. O que faculta a riqueza privada e atrai as principais empresas e marcas mundiais para a Suíça; onde permanece a banca mundial mais significativa e onde os europeus e cidadãos do planeta mais confiam os seus depósitos ‹sérios›. Além disso, o PIB helvético é o dobro do da UE e, por isso, os salários são também o dobro. Sendo um facto que os helvéticos pagam muitos impostos, é simultânea verdade que na Suíça a taxa de retorno dos impostos para a população é a mais alta do mundo.
Politicamente, a Suíça tem sido organizada como um sistema democrático horizontal (do povo para o povo) e não pelo sistema vertical (da elite para o povo) em vigor na UE. Os helvéticos têm direito a armas para defesa pessoal ou de um eventual governo tirano (que inspirou semelhante na Constituição dos EUA); a cada ano, há um exercício militar nacional que envolve todos os cidadãos do território; e é o país europeu que realizou, de longe, mais referendos populares. A Suíça tem uma das mais antigas constituições do mundo, uma das mais democráticas, onde o poder pertence ao povo, não à burocracia, ou elites. Não serão tudo rosas na Suíça, mas está longe de se tornar o pântano em que a UE se transformou.

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(Francisco Correia Tavares no “Diabo”)
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Compreendendo esta dinâmica maniqueísta que domina a mentalidade identitária da Esquerda pós-moderna, percebemos a razão de ser da atitude destrutiva de tantos activistas estudantis em campus universitários, o boicote a conferencistas cujas ideias se desviam das suas premissas e conclusões ideológicas, e o carácter fanático destas minorias barulhentas. Afinal, a transformação cultural em curso passa por recusar o mundo construído pela maioria branca e heterossexual dominante – o agressor – e construir um mundo novo, livre do pecado original. As políticas de identidade, na sua conclusão lógica, não são mais do que uma nova escatologia.
Por cá, ainda não assistimos a nada desta magnitude e gravidade, mas os indícios de que as políticas de identidade vão fazer parte integrante do futuro da política nacional são incontestáveis. A questão do Censos, o despacho nº 7247/2019, e todas as manifestações desta mundivisão violenta e segregadora em partidos como o Bloco de Esquerda, fazem-nos temer o pior. Poderá chegar o dia em que o assalto à linguagem em nome do género é uma realidade generalizada, que as escolas se tornam um instrumento de uma minoria radical, que o passado português seja condenado, distorcido e, no fim, esquecido. Deixando-nos subjugar ao programa extremista destes ideólogos, poderemos assistir ao dia em que Os Lusíadas e A Mensagem se transformarão em leitura proibida.

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