quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Reflexões (vários)

Vida portuguesa. Não acreditem em pantomineiros profissionais. Nestes 10 anos, criou-se muita riqueza, diminuiu-se muito a pobreza, aumentou-se muito a esperança de vida, reduziu-se muito a mortalidade infantil, etc. No mundo civilizado ou em vias de o ser, o capitalismo tem corrido bem, obrigado. E em Portugal? Nada de novo. Começámos a década com a típica bancarrota socialista. Prosseguimos com uma intervenção estrangeira para superar a bancarrota. Continuámos com interpretações sortidas da bonita “Grândola”. E concluímos com uma legislatura em que, para efeitos de experiência social, se adicionou ao socialismo os transtornados do leninismo. Entretanto, os portugueses perderam poder de compra, vibraram com a bola, pagaram mais impostos, vibraram com a bola, patrocinaram criminosos da banca, vibraram com a bola, toleraram criminosos e charlatães da política, vibraram com a bola, foram diária e metodicamente humilhados pelos avençados dos “media”, vibraram com a bola, viram a saúde pública escangalhar-se sem estrondo, vibraram com a bola, constataram que a educação abdicou em definitivo de educar, vibraram com a bola, assistiram indiferentes ao avanço do país para os fundilhos da Europa, vibraram com a bola. Ou com a “gastronomia”. Ou com o sol, que é tão lindo. Temos imensa sorte.

(Alberto Gonçalves in "Observador" 28.12.2019)



Ou seja, um tipo que não é racista e que fez um tweet sem intenções racistas vai ter de ser ensinado a não ser racista porque muita gente o considerou racista. Em que mundo é que isto faz sequer vagamente sentido?

(João Miguel Tavares no Público a propósito de Bernardo Silva)


Por fim e para o fim um aviso: ainda estamos a tempo de legislar sem dramatismos sobre a questão da burca
e do niqab, esses véus que cobrem completamente o rosto das mulheres, e que, embora raramente, já se vêem em Portugal. Ou vamos ficar à espera que a questão se coloque um dia num hospital, numa escola, num autocarro, num banco, num tribunal…?
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Assim  uma pessoa entra num hospital que funciona quando calha, tem acesso a medicamentos de forma
intermitente, médicos em escusa de responsabilidade ou em trabalhos forçados, mas fica tranquila porque
não só o direito à eutanásia está assegurado como não haverá discriminação de género na sua aplicação.
Realmente há momentos impressionantes na história das civilizações!

(Helena Matos in Observador)

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A bem dizer, nem sequer deveriam ser admitidos os termos ‘filho’, ou ‘filha’, dada a conotação sexista destas designações. Pelo contrário, a expressão ‘ente’, mas sem qualquer artigo, parece ideal, na medida em que não pressupõe nenhum sexo ou género. Em substituição do nome, masculino ou feminino, esse tal ente querido precisaria de ter, contudo, alguma designação que o identificasse na sua vida familiar e social, desde que essa menção não determinasse o seu género. Para efeitos práticos, e só enquanto o ente querido não decidir o seu género, deveria ser provisoriamente designado por Psst!, nome próprio de elevada beleza consonântica, de grande tradição na sociedade portuguesa e que – felizmente! – não pressupõe nenhum anacrónico estereotipo sexista hétero-patriarcal. Posteriores crias do mesmo casal poderiam adoptar o mesmo nome, seguido do cardinal correspondente à sua ordem nos nascimentos familiares, como sempre se fez com os papas e monarcas homónimos. E, para quem queira ter um petit nom carinhoso, que tal apenas Ps?! É, sem dúvida, um diminutivo muito politicamente correcto…

(Gonçalo Portocarrero de Almada no Observador)


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