segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Reflexão - Diogo em Londres

Diogo,
Não aceites chocolates de desconhecidos, e utiliza sempre preservativos.
Podia ser assim, objectivo e conciso, mas prefiro complementar com outras palavras.
Espero que esta opção surta efeito. Tenho a consciência de que, desta vez (...),  mas tal como com o mano, fiz parte integrante deste desfecho. E não me arrependo. Acho que neste momento, bem como nos tempos mais próximos, a melhor solução para vocês (nós??), é partir. Isso é um dado assumido. E o local escolhido parece-me ser dos melhores. A ver vamos.
Os escolhos vão ser muitos. Antes de mais,
 viver fora do sítio onde se viveu toda a vida, deve ser difícil. Mas como  vais estar acompanhado de perto, por conhecidos e amigos, e ao longe pelos "suspeitos do costume", penso que as coisas irão correr pelo melhor. Ou não fosse Londres uma capital cheia de prestígio (apesar dos últimos acontecimentos), de tradição, e no teu caso específico, de cultura.
Os primeiros tempos, nomeadamente com a procura  (sensata!) de uma compensação monetária para os significativos encargos financeiros que todo este processo vai trazer, irá ser difícil. Sei que estás consciente dessa realidade.
Igualmente nos primeiros meses, entre as aulas num idioma diferente, a procura de um part-time, a ambientação "geral", uma "nova" habitação, etc., tens de estar consciente de que nem tudo irão ser rosas. Mesmo com o yoga a ajudar, em todos os sentidos (...), custar-te-á muito, e sei que estarás consciente do que irá ser essa nova realidade. Mas acho que não é demais alertar-te para esses primeiros tempos.
Tens exibido, nos últimos anos, um comportamento que é de louvar. Tens sabido, de uma forma ou de outra, contornar as dificuldades que te vão surgindo. Mas tu, e só tu - enfatizo -, é quem tem sabido orientar a vida. Certo que com a ajuda de todos e, claro, do yoga. Mas antes de tudo - yoga incluído!!! -, hás tu, e isso, sim "isso", é,  sem dúvida, o mais importante.
E por isso, não te iludas com aquilo que por vezes parecem ser verdades perfeitas.
Não existem,por muito que isso custe a " alguns donos da verdade". No meu entender, continuas, qual hereditariedade assumida, a pensar de uma forma  certa, apesar de, por vezes, exibires exactamente isso, a" posse da verdade", o que pode enviesar, episodicamente, uma opinião equilibrada e sensata.

Faz-se muita confusão, no meu entender, entre ser dono de verdades, e ter uma posição consolidada, sólida, estudada, defensável em torno de um assunto, mas que, em face de contra-argumentos lógicos e igualmente discutidos, tenham a primazia perante os nossos. É a lei da vida, das democracias, da partilha de opinião.

Mas gora que partes para esta nova, grande e invulgar etapa, sei que não te esquecerás (eu sei, eu sei que tu sabes muito e não te esqueces do que quer que seja...) do mais elementar; dos que, antes dos outros, gostam de ti, por aquilo que representas para eles. Eles, bem entendido, são a mãe, moi, e o suiçinho rechonchudinho (neste aspecto "específico", não lhe sigas as pisadas...;)). Estes, gostam, gostaram e gostarão sempre de ti, de uma forma insuspeita, que não se assemelha a outras.
São os insuspeitos do costume. Por isso neles encontrarás, sempre, o apoio que procurares. Daí também ser importante o reverso da medalha, ou seja, estares sempre disponível para eles, mas sobretudo (que não tanto no meu caso, nem no do mano...), teres a iniciativa do contacto...got it?...;). I know you'll do it.
Sei que sim, não só porque já falámos disto, como estás atento para isso, mas sobretudo, porque tu já pensaste - e sabes - isso.

Sei que tudo vais, da melhor maneira, ultrapassar, mas sobretudo - e isso é que fará a diferença -, gostar, e vais ter um enorme gozo nisso. Está-te (vos!) no sangue.

O resto, são - efectivamente! - cantigas.

bjc

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