sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reflexão-JPachecoPereira no Público

...Sócrates é o grande responsável por ter conduzido o país à bancarrota, e Passos Coelho pode vir a ser o grande responsável de, no afã de querer prosseguir um programa próprio de "revolução", deixar o país pior do que o que estava...

... É que é este o país e não outro virtual. É nos cafés do Minho, nas fabriquetas de Leiria, nas pedreiras ilegais, nas plantações subsidiadas, no electricista de bairro, na empresa de construção civil familiar que contrata os vizinhos e actua num raio de dez quilómetros da casa do "patrão", na loja de informática com refugo, no restaurante à beira da estrada, no camionista que faz uns biscates, na horta de alfaces de Loures, que está o país real e não nos artigos do Financial Times, na melhor das hipóteses. Há muito mais "empreendorismo" por metro quadrado nestas actividades económicas que se pretende "ajustar", ou seja extinguir, que em toda a Universidade de Lisboa. E depois há as PPPs, a oligarquia de cima, das velhas famílias do poder, e os seus criados, a oligarquia do meio, nos partidos políticos, e um mar de corrupção, patrocinato e clientelismo, que também não é alheio ao que o país é. Quase todos os efeitos perversos se devem à ignorância da realidade nacional, mas não só



...E depois há um "não só" que se agiganta todos os dias e seria bom que o Governo se apercebesse de que aí é que está a "tempestade perfeita": a questão da igualdade e justiça dos sacrifícios. E aqui o Governo tem mostrado ser submisso aos poderosos, à EDP, aos interesses dos bancos, aos donos das PPP, à elite de poder que circula entre a política as grandes sociedades de advogados, as consultoras, as administrações, etc. É verdade que mesmo esses já perderam alguma coisa, mas foram apenas beliscados, tocados ao de leve, se compararmos com o desastre absoluto que é estar desempregado aos 40 anos, sem qualquer esperança de voltar a ter emprego, com a derrocada da economia familiar, da casa, do carro quando havia, dos estudos dos filhos, de uma vida que era decente e que agora é indecente...

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