ALGUMAS SÉRIES INGLESAS E O "MAIOR PASSATEMPO
NACIONAL"
É vulgar, nos dias que vivemos, e pelas razões sobeja e
commumente conhecidas, criticar o nosso país. Isto na continuidade, claro, do
que tem sido o "maior passatempo nacional" através dos tempos.
Seja pelos governantes que (não?) temos, pela triste
falta de civismo evidenciada no dia a dia, pela aculturação caracterizada pelo
excesso de novelas, talk-shows, reality-shows, etc., pelos desencantos do
desporto nacional, sobretudo no que à selecção nacional de futebol e/ou jogos
Olímpicos diz respeito, tudo é motivo para nos lamentarmos da gente que temos,
dos políticos que temos, e de tudo o resto que não temos, mas que alguns
(man)têm a mania que temos.A maior parte das vezes em que se critica, faz-se sem se provar, sem fundamentação, apenas naquele exercício livre enquanto "maior passatempo nacional"; o "desancanço", o "desbocanço", enfim, o "BA-BÁ", leia-se o "Bota-abaixismo básico e altruístico".
Ora, sendo um adepto ferrenho daquele passatempo, faço-o habitualmente, mas com uma diferença de fundo: é que encontro sempre, mas sempre!, motivo para o fazer.
Vem este intróito na sequência de mais uma incursão
internética por "terras de sua majestade", Escócia em particular.
Há umas semanas, descobri, nas minhas deambulações pela
net/ torrentz, algumas séries inglesas que me deixaram, uma vez mais, agarrado;
ao sofá pela qualidade, e ao coração pelo lamento de não termos no panorama
cultural nacional, algo parecido.O pormenor posto nos filmes, o carinho com que se defende a "sua terra", o entusiasmo que está por detrás de qualquer pequena (grande!) actividade que se faça na terra, mas sobretudo a tradição, o orgulho e o enlevo com que contam a sua história, sem "interesseirismos" de qualquer espécie, são alguns dos predicados que encontrei fosse na "Grand Tours of Scotland", no "Making Scotland Landscape", ou no "Mountains of Scotland"
Naquelas séries, é caso para dizer que "todo o cuidado é ...muito".
E porquê?
Para já, pela existência dos filmes em si. E, claro está, mas por oposição, pela inexistência, no caso nacional...
Tudo começou, no meu caso, há uns anos, com a série
"Coast", onde, e tal como o nome sugere, se conta a história da costa
das Ilhas Britânicas, em toda a sua real, selvagem e diversificada beleza;
continuou, tempos depois, com "Great British Railway Journeys", na
qual, de comboio, e com a apresentação e voz do ex-membro do governo de
Margaret Tatcher, Michael Portillo, se conhecem meandros diversos e realidades
únicas da Inglaterra; mais recentemente com "A picture of Britain",
onde David Dimbleby nos dá a conhecer, a partir de um conjunto fabuloso de
paisagens, os principais pintores das Ilhas.
E por cá?
Pois, a resposta é: todos bem. Quanto a séries deste cariz, não me lembro.
Quando penso que nunca vi, na nossa filmografia - excepção ao professor José Hermano Saraiva, mas num âmbito restrito da História com uma ou outra divagação noutra área-, qualquer reportagem de âmbito etnográfico semelhante a qualquer uma das que tenho visto relativamente às Ilhas Britânicas, sou obrigado, uma vez mais, a dar razão àqueles que muitas vezes infundadamente, afundam este cantinho.
Por detrás de todas as razões que possam ser avançadas, há aquela que para mim, é a "mãe-razão"; a cultura, ou "acultura", como se queira.
Cá vamos, aliás, cá continuamos...cantando e rindo...
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