terça-feira, 30 de setembro de 2014

Argélia-Comboios (Cemitério)








Filme-The Thing (2011)

A história de The Thing de 2011, pretende contar os dias anteriores ao filme de John Carpenter, The Thing de 19 e troca o passo.
Mas o tempo passou, e Carpenter não voltou...

domingo, 28 de setembro de 2014

Reflexão-Alberto Gonçalves in DN

À semelhança do que acontece no futebol, em que todos roubam o que podem e só os adversários o fazem com acinte, a moralidade, no país dos partidos e dos fanáticos dos partidos, é questão de perspectiva. Mesmo que se desconfie, ou até se prove, que Fulano desvia fundos comunitários, aceita subornos e nas horas vagas atropela velhinhas por gozo, os seus fiéis estarão sempre prontos a ignorar os deslizes do chefe na medida em que Sicrano, o chefe dos rivais, também escapou a umas multas por estacionamento em 1982 (ou ao atropelamento de velhinhas em 2005).
Vem isto a propósito do "caso" Tecnoforma. A título de esclarecimento, noto que votei nos senhores que nos governam, por exclusão de partes e talvez por incúria. Informo ainda que acho o Governo em funções uma coisa deprimente, se bem que menos nocivo do que os antecessores e os candidatos a sucessores. Se, contas feitas, PSD e CDS não mudaram quase nada do que se impunha e preservaram quase tudo o que se evitava, acredito que Portugal estaria bastante pior se o Eng. Sócrates tivesse continuado a sua senda de "momentos históricos" e voltará a piorar imenso se o Dr. Costa (em princípio) pegar um dia nisto.
As referências ao PS, porém, terminam aqui. Não pretendo evocar o Freeport, a Universidade Independente, os projectos na Guarda, as escutas do Face Oculta, os apartamentos de Lisboa e Paris e, lá está, as violações do regime de exclusividade parlamentar a fim de relativizar o que apenas os ceguinhos, ou os portugueses, se me permitem a redundância, relativizariam. As alhadas de Pedro Passos Coelho não se desculpam através da culpa alheia.
E a alhada em questão, revelada pela revista Sábado e entretanto assaz popular, resume-se aos 150 mil euros que o Dr. Passos Coelho terá recebido indevidamente entre 1995 e 1999 (por causa da exclusividade do deputado que então ele era) e omitido ao exacto fisco que agora nos consome com sofreguidão. Embora a certeza do crime esteja por apurar, não confortam as garantias de honestidade fornecidas pelo próprio, além dos pedidos ao Parlamento e à Procuradoria-Geral da República para que o ajudem a recordar se recebeu ou não uma quantia que, com sorte, o cidadão médio demora dez anos a ganhar. Por incrível que pareça, residir em Massamá e voar em turística não asseguram a honra de um homem.
Se a história se provasse, não importaria a palavra dada à AR, a baixeza da denúncia anónima, a estabilidade, o futuro, o passado de trapalhadas que outros cometeram: o Dr. Passos Coelho deveria demitir-se. Mas não se demitirá, visto que os obstáculos do costume impedem que se saiba a verdade e a verdade não preocupa o eleitorado, que já condenou ou absolveu o primeiro-ministro de acordo com antipatias ou simpatias prévias. Quem hoje exige a queda do Dr. Passos Coelho defendia ontem o radioso currículo do Eng. Sócrates contra a "cabala". E quem ontem atacava o descaramento do Eng. Sócrates apoia hoje a firmeza do Dr. Passos Coelho. A política é suja porque o País não é muito limpo.
Terça-feira, 23 de Setembro
Testemunhas do vácuo
De vez em quando, regressa a ofensiva. Agora foi o físico britânico Stephen Hawking a proclamar, com vasta repercussão, que Deus não existe. Mesmo para um ateu como eu, ou sobretudo para um ateu, estas batalhas de certo ateísmo para aborrecer os crentes são um nadinha tontas. Pelos vistos, há por aí imensa gente a quem não basta não acreditar numa entidade divina: dá-se a uma trabalheira para converter os outros à sua falta de fé. Um ateu a sério não perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus. Aparentemente, os ateus militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O fervor deles é religioso.
Deixando a discussão teológica a cargo de especialistas de ambos os lados da trincheira, o facto é que a formulação do senhor Hawking tende para o pueril. De que maneira é que o homem chegou à conclusão acima? Há um teorema demonstrativo, passe a redundância? Viu a Luz? Ou apenas se levantou de manhã (sem brincadeiras com a doença do senhor) e decidiu assim? E depois temos a arrogância implícita da coisa: o senhor Hawking leva-se em tão alta conta a ponto de supor que a sua afirmação influenciaria um único devoto que fosse?
Qualquer dia, no frenesim de espalhar a palavra contra o Senhor, os evangélicos da descrença batem--me à porta de casa. E eu não abro.
Quinta-feira, 25 de Setembro
Os direitos a adquirir
Pelo menos o Bloco de Esquerda, que voltou a tentar criminalizar o piropo, ainda faz rir. O PS nem isso. Parece que esta semana houve novo debate entre António José Seguro e António Costa. Parece que o debate foi fértil em insultos. Parece que não saiu daquelas cabecinhas a sombra de uma noção acerca do País. Parece que um dos Antónios ganhará o partido. Fascinante.
Como se nota, troquei a contemplação do debate pela leitura da imprensa no dia seguinte, tarefa apesar de tudo mais rápida e suportável. Há limites para os sacrifícios a que um comentador profissional se deve submeter. Em quase todas as profissões existem direitos adquiridos que isentam os trabalhadores de esforços sobre-humanos ou prejudiciais à saúde. Ninguém espera que um técnico laboratorial deguste as mistelas habitualmente testadas em hamsters, ou que um maquinista da CP conduza trinta seguidas (nos tempos que correm, começa a perder-se a esperança de que os maquinistas conduzam trinta minutos). Mas considera-se normalíssimo que um colunista político seja sujeito a repetidas sessões com a parelha de Antónios, independentemente dos malefícios emocionais e até físicos associados a semelhante empreitada. Em quatro décadas de democracia, os colunistas não adquiriram direito nenhum, incluindo o de veto.
O veto é da maior importância. Se um empregado de restaurante pode recusar-se a servir alcoólicos, o colunista deveria poder vetar a emergência de nulidades extremas na política. Para comentar alguém, é preciso que esse alguém mereça comentários. Não é questão de simpatia ideológica: para o bem ou para o mal, Sá Carneiro, Soares e Cunhal eram altamente "comentáveis". Cavaco, Guterres, Louçã ou Jerónimo sempre providenciavam assunto. Com Sampaio, Santana, Sócrates ou Passos Coelho, a coisa já se tolerava com dificuldade. Os Antónios não se toleram. E nós, colunistas que se prezam, não os toleramos a eles. Falta-nos um sindicato, uma greve, uma manifestação na avenida
Alberto Gonçalves in DN

sábado, 27 de setembro de 2014

Livros-Amin Maalouf Les identités meurtrières








Vetvals-Mário Guerra


Luiz,
Estou a ver que continuas à Boavida, com tempo de sobra para pensares em coisas COMPLICADAS!!!
Tenho andado um bocado ocupado (não por causa dos treinos, que continuam a ser só uma vez por semana, fica descansado!) e só agora tive ocasião de dar uma olhadela aos emails pessoais (quero eu dizer, só te respondo agora não por ter passado os últimos dias a pensar o que iria escrever, mas por só agora ter lido o teu email!).
DESCOMPLICA!
Na PT tinha um maior compromisso com o grupo e sentia o peso de cada falta a um treino ou jogo; por outro lado a minha ‘qolidade’ de jogo estava a degradar-se um pouco e as minhas falhas são verdadeiramente o que mais me irrita! Para além disso também havia por lá um ou outro que eram um bocado COMPLICADOS.
Daí estabeleci este plano: vir aqui para os ‘Valsas’ mas despachar para o mais longe possível o gajo COMPLICADO!!! Blida pareceu-me um bom sítio, que pensei ser bem no meio do deserto, sem telefone, internet, emails, skypes e coisas dessas; afinal enganei-me, mas de qualquer modo a coisa está a resultar: os treinos correm lindamente! Claro que de vez em quanto surge um ‘encontro imediato’ com o primo desses ‘dois ou três primos afastados’ ou um pequeno desaguisado com algum mais sorumbático, mas para descomprimir é ótimo, e o grupo é realmente espetacular!!!
Portanto DESCOMPLICA: se tivesse algum problema ou arrependimento já tinha dito e basava; o meu único comprometimento convosco é o do convívio e camaradagem!
Gostei de saber que já jogas vólei aí com os beduínos e que te estás a divertir, mas fiquei apreensivo por dizeres que andas ‘...num virote, a penetrar...’, e mais por prometeres que ‘quando chegar aí, não sei o que vai ser...’!!!!! Penetrar sempre foi uma prerrogativa minha e em toda a minha vida voleibolística ou sou eu a penetrar ou fico no banco, que é mais seguro!!!
Bom, tomando estes cuidados, podes regressar; aqui já não se fala de outra coisa: o JANTAR (para celebrar o teu regresso).
Um abraço e força por aí (que deve ser uma bela praxe, mesmo com telefone, internet, emails, skypes e coisas dessas!!!),
Mário

Sent: Tuesday, June 03, 2014 8:55 PM
To: Mário Guerra
Cc: Manuel Vasques Oliveira
Olá Mário.
Espero que entre as tuas viagens ao Ceilão (...), e os treinos com o nosso grupo, tudo esteja a correr bem contigo.
Escrevo-te num dos meus intervalos nesta terra do "adia-tudo". Há tempos que desejava falar contigo, mas por uma razão ou por outra não me foi possível fazê-lo. Assim, tem que ir por escrito, depois confirmaremos ao vivo, este meu "recalcamento".
Ora, como introdução, e para que se entenda o discurso que mais à frente escrevo, tenho de dizer que, na última segunda-feira 26.05, fiz um treino de arromba, num núcleo que desencantei nas minhas deambulações pré e pós chegada a Blida. Os rapazitos? Todos com uma vintena a vintena e meia a menos do que eu e, por isso, com capacidades físicas bem mais visíveis. Aliás, dois deles batem a bola aos 2 metros sem espinhas. Devem ter deixado de jogar há pouco tempo, e daí ainda manterem este nível. Depois há mais 5 ou 6 que batem forte mas comprido, já que a barriguita começa a pesar. Mais dois ou três PRIMOS AFASTADOS do Luís Costa, e meia dúzia que jogou no liceu. E eu ...:). Sei apenas que com as equipas que temos feito, ando num virote, a penetrar, a fazer jogo rápido, é um ver se te avias. Quando chegar aí, não sei o que vai ser...:)
Como sabes, ou ouviste falar, desde que o Álvaro se afastou do núcleo, e de alguma forma me "empossou" no lugar, num jantar ainda com o Frederico vivo, que tenho tentado manter este núcleo de amigos, à pala do vôlei. Juntamente com o M.Oliveira e o Alfredo, tê-mo-lo conseguido todos, claro, mas não sem que me roa a consciência no que à forma como o núcleo tem evoluído.
Quando entrei, e à laia de bucha, e mesmo durante alguns anos, o nível que tive ocasião de ver (e participar) foi, sem dúvida, superior ao actual. Por uma razão ou por outra (tenho-o documentado em vídeo felizmente para meu gozo pessoal), a sustentação de bola era mais longa, já para não falar na técnica dos intervenientes. As pessoas eram outras, certo. Mas naquilo que diz respeito à "formação pessoal" temos sabido conservar o nível, e aí tenho de confessá-lo, parece-me que o temos mesmo melhorado. No historial do núcleo, eu, e o Álvaro quando cá estava, recusámos a entrada de elementos, e pedimos mesmo a um ou outro visado que não aparecessem mais, já que não tinham perfil adequado.
Temos um grande núcleo, com pessoas muito interessantes, mas que, devido à idade (TODOS sem excepção!), devido a não terem tido escola no voleibol, a lesões, ou a esta súbita intermitência na presença de alguns (:(...), tem vindo a perder competitividade.
Ora aqui é que entras tu. Quando te convidei, através do MP, para vires, obviamente que sabia com o que ia contar. Não só através de uma ou outra pessoa que te conheciam, mas também ao que sempre avaliei nos jogos em que participaste ;). Em termos voleibolísticos, esses eu sabia :).
Confronto-me agora com um dilema. E eu, como gajo complicado que sou, mas disso tenho consciência(!), tenho de desabafar.
Tan, tan, tan, tan...:)
Antes de estares connosco, ainda jogavas com os teus ex-colegas do CDUL nos campeonatos do Inatel. Apesar de o Manuel Piedade e eu, penso, te termos explicado como funcionava o nosso núcleo, não sei se tiveste plena consciência, no que ao nível voleibolístico diz respeito, do que "isto" era.
Agora que estás cá dentro, já saberás como a orquestra toca.
Tal como eu aqui, "tenho vindo a ser puxado para cima" nos treinos de vôlei. O mesmo se não passou contigo.
E o meu dilema é este: de te ter desencaminhado para uma orquestra (malta muito porreira, mas...Sociedade Filarmónica dos batedores de chincha) que não toca exactamente como, já não digo a Boston Symphonic Orchestra, mas pronto, uma das nossas orquestras de câmara ...:)
Estou convicto de que gostas e de que te ambientaste plenamente, temo apenas que te tenha desencaminhado para algo que poderias ainda ter adiado.
Penitencio-me por isso, se "sentires".
Mas digo-te, e com toda a honestidade e frontalidade, de que é um gosto, um gozo e um privilégio muito especial, saber que podemos contar contigo.
Depois ao vivo bates-me :)

PS-Manuel (sim, sim, tu também me podes bater depois!!!), por sete razões, uma de grande respeito, e as outras seis da amizade que temos sabido manter, mando-te este mail, apesar de saber que discordas...
Mas deixa lá; concordamos em muitas outras coisas :)


Luiz Boavida Carvalho

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Desporto-Futebol (Sporting-Porto)

Sporting-Porto
Vi-o em Blida. Primeira parte com o Sporting a vencer por um a zero.
Mas vi o suficiente para perceber, apesar de não perceber puto de futebol, que o francês (Sarr?)defesa central do Sporting, não tem pinta nem ponta por onde se pegue. Logo na primeira parte o vi e pressenti. E na segunda interveio mais uma vez a despropósito, mas para fazer um golo na própria baliza, a favor do Porto.
Para lá disso, suspeito que a aquisição do Nani se vai revelar má. O feitio, dele e do Carrillo, vai minar o balneário da equipa, não devendo o jovem ex-treinador do Estoril saber controlar o problema.

Séries-Longmire S02


A música sempre foi uma componente, das séries que aqui em Blida continuo a seguir periodicamente, que dita em mim uma secreta tendência para as apreciar de uma forma diferente da que deveria, na realidade, ser. Esta série do Sheriff Longmire, passada nos nossos dias, tem tudo para passar por mais uma retinta e retorcida americanada. E de vez em quando tem destes momentos inolvidáveis, que me levam a perguntar porque sou eu assim? Porque ligo eu a momentos como o deste pequeno trecho de 2 minutos, do episódio 8 da segunda série, e que ditam em mim um sentimento tão piegas, no entanto tão apreciador de alguns, poucos, bons elementos da espécie humana?

O sheriff que doma um cavalo selvagem, e que depois o tenta devolver ao seu meio natural? O cavalo que reconhece o ser humano diferente que o tratou? Ou a sapiência de uma velha Índia num olhar ou numa simples pergunta? Ou o amigo Índio de Longmire que, apesar da sua acomodação aos tempos modernos, não deixa de estar completamente manietado, no bom sentido, pelas suas raízes cheyennes?

Momento para não esquecer este!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Argélia-O carimbo


Quando for grande, quero ser carimbo

Quando era pequenino, ainda mais do que sou hoje, queria ser polícia, bombeiro, homem de lavar as ruas, enfim, já evidenciava a vontade de trabalhar...Mais tarde, foi a vez de querer ser agente secreto, com o advento de séries como o Danger Man, ou o Mister Solo. Depois, mais velho, veio a vez de astronauta. Era a perfeita simbiose entre o físico, de que fui sempre simpatizante e praticante, e o intelectual, sendo ainda hoje uma visão que professo.

Aqui, em Blida, mas provavelmente por todo o país, as crianças quererão ser na sua maioria como os futebolistas nacionais mais reconhecidos, ou então como o Messi ou CR7. Este é, aliás, um sentimento que perpassa por todo o mundo, oriental ou ocidental. Na ausência de predicados para a prática do dito, suspeito que, influenciados pelos progenitores, deverão querer ser carimbos.

Em sentido figurado, claro, ser carimbo é ter um papel decisivo, senão decisor, nesta sociedade que insiste em não evoluir, mantendo velhos preconceitos e usos que, ancorados na religião, em nada contribuem para o avanço de que eles bem precisam.

Num documento que recebo aqui no estaleiro, ponho 4 (quatro) carimbos; o da data da recepção, o do “courrier arrivé” com o número de entrada, o do Agrupamento e o meu enquanto chefe de Missão. Mais um bom par de meses, e com as minhas capacidades no campo da motricidade fina, conseguiria fazer um número de manipulação com os ditos. Por mais que tente explicar-lhes as vantagens da era digital, insistem em não o entender. (In)Felizmente já não tenho tempo! Fiquem com os carimbos e com o resto. Bem o merecem!

Bem como o de serem carimbos quando forem grandes…

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Reflexão-Adriano Moreira (DN)

.A Escócia, com o rigor democrático esperado, rejeitou a separação, com relevo para a intervenção inesperada de Gordon Brown, quando lembrou o passado histórico comum dos povos do Reino, com a frase encantatória - "que nenhum nacionalismo separe aquilo que construímos juntos".
Uma pregação que a Europa inteira precisa escutar e compreender, mas ainda com dificuldades manifestas na falha de conceito estratégico. E sem poder esquecer que os vencidos perderam o voto, mas não perderam a memória, e podem repetir, assim como o contágio continua a ser um fenómeno não dominado.

Adriano Moreira in DN

sábado, 20 de setembro de 2014

Reflexão-Carlos Heitor (a artigo de J.M. Fernandes)

Luiz,

Concordo que a contratação de Escola resolveria muitos problemas.

Concordo que os professores não são todos iguais.

Não concordo que o problema não esteja no excesso de alunos por turma, no contexto da sociedade em que vivemos. Por outras palavras, enquanto os pais se demitirem da sua função de educadores, o que os leva a um peso na consciência, o qual, por sua vez os impele a assumirem que o seu filho é um santo e aparecem na escola a queixarem-se dos trabalhos de casa que os professores atribuem, ou porque houve um professor que foi mais duro com o seu rebento, quando este teve intervenções despropositadas e em português vernáculo. Sinceramente. A análise é de quem vive fora da realidade.

Resta dizer que ao Ministério da Educação e ao neoliberalismo também interessa uma má escola pública, para justificar a canalização de recursos financeiros para o setor privado.

Fomentem na sociedade o rigor, para que sejam os pais a exigi-lo aos seus filhos, não pode ser o professor a fazer isto na sala de aula, ainda por cima, quando todos os dias se assiste a uma classe política que não dá o exemplo.

Abraço

CArlos Heitor

http://observador.pt/opiniao/mario-nogueira-o-verdadeiro-ministro-da-educacao/

Mário Nogueira, o verdadeiro ministro da Educação

Segunda-feira, dia de início das aulas, a certa altura levantei a cabeça do computador e olhei para a parede onde estão as televisões. Que susto: Mário Nogueira em duplicado, em dois dos canais de notícias. Felizmente os aparelhos estavam sem som.

Depois interroguei-me: mas porque é que, num dia em que o foco deviam ser as expectativas de quem inicia, ou reinicia, as aulas, quem está por todo o lado é um sindicalista que há décadas não entra numa sala de aulas a não ser à frente de um piquete de greve? A resposta é simples: porque o nosso sistema educativo é, em muitos aspectos, mais fruto dos mários nogueiras deste país do que de muitos e sucessivos ministros da Educação. A forma como este ano lectivo voltou a abrir é uma boa ilustração deste paradoxo.

Perguntam-me porque é que, todos os anos, o arranque do ano escolar é sempre um drama. Porque é que faltam sempre professores. Porque é que tantas famílias só em cima da hora conhecem horários e regras. Porque é que há sempre protestos, manifestações, escolas fechadas a cadeado e por aí adiante. A resposta habitual remete para a incompetência do Ministério (uma incompetência historicamente comprovada, reconheça-se). Quem não gostar do ministro de turno, acrescentará que a culpa é dele. Quem preferir o discurso ortodoxo dos sindicalistas, acrescentará que é por se estar a desinvestir da "escola pública".

A verdade é outra: as dificuldades, maiores ou menores, que há todos os anos por altura da abertura do ano escolar são uma consequência directa do gigantismo paquidérmico do Ministério da Educação, do seu centralismo e da sua obsessão monopolista. É também uma consequência de o foco das suas políticas ser há muitos anos os professores, as suas carreiras e os seus direitos, e não os alunos e as suas famílias.

Basta olhar para o mastodonte. O Ministério da Educação não é só a maior "empresa" portuguesa, com mais de 150 mil funcionários e uma burocracia que vomita directivas sobre directivas. O ME é também uma empresa com milhares de locais de trabalho diferentes, com necessidades diferentes, mas que está capturado por interesses sindicais que o obrigam a tratar todos os funcionários e todos os candidatos a funcionários de forma uniforme e centralizada.

O nosso ministério é fruto de uma utopia estalinista – por muito estranho que possa parecer juntar utopia e estalinismo. A utopia é a de tratar todos os professores por igual, à ordem dos sindicatos. O estalinismo resulta da única forma de o conseguir: centralizando tudo. O sistema de colocação de professores leva estas políticas ao paroxismo.

Todos estarão recordados da crise das colocações em 2004. Nesse ano o sistema bloqueou e não havia forma de distribuir os professores pelas escolas. Mais uma vez, a culpa era da incompetência, talvez do computador. Poucos sabem com foi o problema resolvido: não cumprindo a lei. Eu explico. Nesse ano, após uma negociação entre a equipa de David Justino e os sindicatos, o sistema de colocação de professores passou a ser totalmente centralizado: todas vagas abriam ao mesmo tempo, todos os professores concorriam ao mesmo tempo, tanto os que queriam mudar de escola, como os que queriam apenas arranjar uma escola. Para cada lugar em aberto, era preciso ordenar os milhares de candidatos. Quando um professor da escola A conseguia lugar na escola B, abria um lugar na escola A que antes não estava a concurso. Era então necessário refazer todos os ordenamentos, vezes e vezes a fio. O computador não aguentou – nenhum aguentaria – pelo que fez-se um pequeno truque: para esses lugares não se recalculava tudo. Não era isso que dizia a lei, mas era isso que impunha a realidade. O problema lá se resolveu, desta forma algo kafkiana.

Dez anos depois voltamos a ter problemas com as colocações. Porquê? Porque o Ministério voltou a aceitar na negociação com os sindicatos a centralização de todas as colocações, agora para aquele grupo de escolas que pacientemente, lentamente, tinham vindo a conseguir alguma autonomia. É um absurdo: se as escolas têm autonomia, deviam poder escolher os seus professores de acordo com as suas necessidades e critérios. Mas é uma realidade: a lógica sindical é que exista um único patrão, a burocracia centralizada da 5 de Outubro, não as vontades descentralizadas das escolas, das suas equipas, das famílias cujas escolhas deviam respeitar.

A cereja em cima do bolo foi fazerem estas colocações seguindo uma fórmula que não respeita o que está escrito na lei, como demonstrámos aqui no Observador. Mas se esse comportamento mostra o nível de autismo do Ministério, não é nele que está o problema: o problema está em termos o sistema educativo mais centralizado, mais burocratizado e mais dependente das negociações com os sindicatos do Hemisfério Ocidental.

Num sistema educativo centrado nos alunos, as suas famílias pressionariam as escolas para ter os melhores professores e teriam a liberdade de escolher outra escola quando isso não acontecesse – escola pública ou mesmo escola privada. No nosso sistema a prioridade não é dar aos alunos o professor que melhor se adapta às suas necessidades, é dar aos professores a escola que está mais de acordo com as suas conveniências. E a perversidade de tudo isto reflecte-se no facto de acharmos que temos professores satisfeitos com os seus empregos é sinal de que temos boas escolas e boas aprendizagens, quando isso está longe de ser verdade. Ou é mesmo mentira.

Basta pensar em duas outras falácias sindicais adoptadas pelo discurso dominante: a de que com mais professores e com turmas mais pequenas teremos melhor educação. Ao analisar o mais recente relatório da OCDE Education At a Glance, a revista The Economist mostra como isso é falso. Mais: mostra como, apesar da evolução dos últimos anos, o sistema português continua a ser um modelo de ineficiência. Não é na remuneração dos professores ou na dimensão das turmas que reside o problema português: é em pensar-se que tudo se resolve a partir da 5 de Outubro, é em aceitar a chantagem sindical, é em não devolver a palavra às famílias, que deveriam poder "votar com os pés", trocando os seus filhos de escola livremente em função dos resultados obtidos.

Mais: uma das tragédias destes nossos tempos é vermos como um ministro que chegou a falar em "implodir a 5 de Outubro" acaba também ele prisioneiro desta máquina, desta lógica e, em última análise, prisioneiro de Mário Nogueira. Ele, e todos quantos vierem depois dele enquanto esta lógica não for alterada, vão continuar a ter insónias a cada abertura do ano lectivo, como meros CEOs de uma empresa tão gargantuesca como ingerível e ingovernável.

Música-Houses (A quiet darkness)


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Séries-Longmire (s01)

Longmire
Um sheriff do século XXI, mas com horror ao telemóvel e sem novas tecnologias. Lindas as paisagens do oeste americano. Um polícia sem CSI, à antiga, prezando os valores tradicionais que se vão perdendo. E o drama dos índios cheyennes, e dos acantonamentos que lhes arranjaram.


Reflexão- Vitor Bento

Surpreendo-me, com as pessoas que ainda se surpreendem  com acontecimentos como este.
E não me surpreendo com esta demissão de Vitor Bento. O rombo deve ser tal, que até este homem, que tem todo o perfil de ser íntegro, deverá ter ficado knock-out.
Cenas dos próximos capítulos a aguardar. O costume...

sábado, 13 de setembro de 2014

Séries-Copper S01


A recriação da vida em Nova Iorque, e da comunidade irlandesa em particular com o seu inconfundível sotaque, no final da Guerra da Secessão(1864), através do quotidiano de um detective.Uma fantástica banda sonora de Brian Keane, com Barry Lewinson como Executive producer.

Argélia-Tempos Livres

Televisão, com os canais da BBCWorld; da "ARTE" com as suas reportagens de avião (análogas às do "Coast"), de paisagens longínquas, de cozinhados estranhos mas deliciosos (fantástica a reportagem de um bananeiro da Madeira), de Naturezas maravilhosas; dos canais desportivos da Bein Sports com o andebol(Campeonatos Alemão e Francês-Jerôme Fernandez, que jogador!!, e que guarda -redes extraterrestres-!!!), o judo, o râguebi, o volei e claro, algum futebol.
Um jogo de volei no pavilhão de Blida, um café na "esplanada". enquanto se lê umlivroapropósito.


Entrevista-Johann Cfuyff ao The Guardian

Cruyff shakes his head and moves on to a different tangent. "Football is now all about money. There are problems with the values within the game. And this is sad because football is the most beautiful game. We can play it in the street. We can play it everywhere. Everyone can play it but those values are being lost. We have to bring them back."

...Cruyff turned Michels’s vision into a practical reality, especially at Barcelona, but it is striking how he seems even more proud of his work with the foundation that bears his name. After a day in which he has devoted himself to the cause of helping disabled children develop through playing various sports, Cruyff says simply: "It’s beautiful. And the crazy thing is that it gives you more. I am trying to help them but they are helping me too. The president of the Paralympics once told me the difference between able-bodied and disabled people. He said: ‘Disabled people don’t think about what they don’t have. They just think about what they do have.’ If only we could all learn to think like this.

...Cruyff looks across the old Olympic arena in Amsterdam and, with a familiar shrug, he says, finally: "It’s like everything in football – and life. You need to look, you need to think, you need to move, you need to find space, you need to help others. It’s very simple in the end."

Luiz Boavida Carvalho

 

 

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reflexão-Paulo Veríssimo


Paulo Veríssimo: “Portugal ainda não concretizou a sua estratégia de cibersegurança”
Desde a passada segunda-feira que Paulo Veríssimo, reconhecido especialista mundial de cibersegurança e até aqui director de uma reputada unidade de investigação universitária em Lisboa, está a trabalhar no Luxemburgo. Durante os próximos cinco anos, o seu objectivo vai ser transformar aquele país europeu numa potência científica numa área estratégica para a integridade de qualquer nação: a dos sistemas de alerta e defesa contra ataques informáticos às infra-estruturas essenciais ao funcionamento da sociedade, que vão da energia às telecomunicações e ao sistema bancário.
Foi ao mesmo tempo que recebeu a notícia de que o seu projecto fora aceite e de que a fundação de investigação luxemburguesa lhe disponibilizava cinco milhões de euros ao longo de cinco anos para o pôr em prática, que Paulo Veríssimo soube que a Fundação para a Ciência e Tecnologia portuguesa (FCT) tinha chumbado o seu laboratório lisboeta, o LaSIGE, reduzindo drasticamente o seu financiamento anual. Desde a sua nova “casa” no Interdisciplinary Centre for Security, Reliability and Trust (SnT), na Universidade do Luxemburgo, o investigador falou connosco ao telefone.
Como surgiu o convite para ir trabalhar para o Luxemburgo?
A Universidade do Luxemburgo estava interessada em fazer uma aposta grande numa área específica da cibersegurança: a segurança e a confiabilidade das infra-estruturas de informação críticas. Segurança e confiabilidade consistem, no fundo, em fazer as coisas funcionar bem contra ataques informáticos deliberados (segurança) e contra acidentes (confiabilidade). Ora, o know-how que o meu grupo tem vindo a desenvolver até agora em Portugal, no laboratório LaSIGE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, diz precisamente respeito à abordagem destas duas áreas. Por outro lado, estamos no topo da investigação internacional na área das infra-estruturas de informação críticas.
O que é que são as infra-estruturas de informação críticas?
A rede eléctrica, a rede de telecomunicações, as redes de emergência, o gás, etc. Hoje em dia, nada do que é crucial para o funcionamento das sociedades funciona sem computadores. O tempo da mecânica e da electromecânica já passou. Muitas subestações eléctricas em Portugal e algumas centrais eléctricas são comandadas remotamente – não está lá ninguém. Tudo correu bem durante uns anos, até os hackers – os piratas informáticos, sobretudo aqueles a sério, ciberterroristas, cibercriminosos, agências de espionagem – começarem a perceber como atacar essas infra-estruturas. E aí surgiu um problema gravíssimo para as sociedades modernas, que é a possibilidade de bloquear, de parar um país com um ciberataque. Basta imaginar o que seria Portugal sem rede eléctrica ou sem rede de telecomunicações.
Em que consiste o projecto que vai desenvolver agora?
É um projecto estratégico que eu propus ao Fonds National de la Recherche do Luxemburgo (FNR), a análoga da FCT. Um projecto de desenvolvimento de uma grande capacidade de investigação de topo, a nível internacional, na área da segurança e confiabilidade das infra-estruturas de informação críticas. O programa chama-se PEARL, é muito ambicioso, e a bolsa que foi dada é de cinco milhões de euros, o dobro das maiores bolsas dada pelo Conselho Europeu de Investigação. É muito dinheiro. Um painel internacional avaliou a minha proposta e ela foi muito bem classificada. E aí abriram-se as portas para eu vir, com essa bolsa, para um instituto de investigação da Universidade do Luxemburgo, o SnT. O SnT já se dedicava à segurança e eu espero dar uma grande ajuda para o tornar mais conhecido internacionalmente.
Quantos concorreram para a bolsa da FNR?
Estas propostas não têm uma chamada formal. Foi um convite após um longo processo e só depois disso é que a FNR viu com bons olhos uma candidatura à bolsa. No fundo, foi um convite para submeter a candidatura. Houve uma boa meia-dúzia de candidaturas, mas a minha proposta foi aprovada. Soube formalmente da decisão no fim de Junho.
Foi precisamente nessa altura que soube também que o seu laboratório em Portugal tinha sido “chumbado” na avaliação em curso pela FCT.
É irónico, não é? Enquanto no Luxemburgo as pessoas acreditaram em mim e vão-me dar cinco milhões para gastar, fui confrontado em Portugal com o chumbo do laboratório LaSIGE, do qual fui director e fundador – um laboratório reconhecido e considerado pelos seus pares como um dos melhores. Não se percebe porquê, porque as próprias métricas da FCT colocam o nosso laboratório nos lugares cimeiros da excelência. O LaSIGE deverá receber, nos próximos cinco anos, 7500 euros por ano para suportar a actividade dia a dia de mais de 120 investigadores. A manter-se esta decisão (ainda estão as audiências prévias em apreciação), isto corresponde obviamente a uma intenção de fecho do LaSIGE por parte da FCT. Mas não é por eu me ir embora que deixa de haver investigação nesta área em Portugal. O meu grupo é muito forte, e ficam em Portugal pessoas muito boas que continuam a trabalhar. E eu espero vir a colaborar com elas no futuro.
Por que decidiu submeter a sua proposta ao PEARL?
Foram-se passando tantas coisas más em Portugal... Comecei a sentir que o Governo estava a fazer coisas absolutamente loucas, não tenho outra palavra para as designar. E a dada altura, telefonei a um amigo da Universidade do Luxemburgo a dizer que iria considerar uma candidatura ao PEARL.
Os avaliadores perguntaram-lhe por que queria sair de Portugal. O que respondeu?
Respondi-lhes a verdade. Disse que em Portugal ia ser quase impossível uma pessoa montar projectos grandes. Não só porque não houvesse dinheiro, mas porque não há disposição, as pessoas estão umas contra as outras, não querem facilitar as coisas. E acho que eles perceberam. A fundação deu-me o montante máximo, o que não é sempre o caso. Eu não sabia, só soube quando se criou um ambiente de euforia aqui no SnT, com as pessoas a dizer: “Deram-te mesmo os cinco milhões!” E eu: “Porquê? Não eram para dar?” [ri-se]. Mas eu sei em que vou gastar cada euro, portanto queria mesmo os cinco milhões! [ri-se]
Portugal tem um sistema de segurança e confiabilidade das infra-estruturas de informação críticas?
Em Portugal, os responsáveis no Estado por montar uma estratégia nacional de cibersegurança, de protecção de infra-estruturas críticas, nunca quiseram ligar muito ao que eu dizia… [ri-se]. Nunca ninguém pôs em causa a minha expertise (era o que faltava), mas o que eu digo desagrada porque dou um toque de realidade. Na verdade, em Portugal, as pessoas nunca estiveram muito interessadas no que eu tinha para dizer e, portanto, não vão notar muito a minha falta.
Qual é a situação dos países em geral e de Portugal em particular em termos de ciberseguranca? Existe realmente o risco de um ataque informático parar um país?
Existe. É possível a uma força bem organizada, com o financiamento, tempo e expertise suficientes, fazer danos de monta e que vão desde parar um país até danificar infra-estruturas críticas. E penso que é possível fazer isto, hoje em dia, mesmo a países que sempre levaram esta questão a sério e que têm uma estratégia e uma política de cibersegurança activa. Mesmo nesses países, ainda é possível fazer danos – e estamos a falar de uma América, de uma Holanda, de uma Inglaterra e de alguns outros países. Acerca de Portugal, só lhe posso dizer que está dez ou 15 anos atrasado em relação a esses países. Portugal ainda não concretizou a sua estratégia de cibersegurança e não tem um centro de cibersegurança completamente operacional (está agora a ser montado).
O que é um centro de cibersegurança?
O que devia ser é uma entidade que faz a supervisão estratégica e táctica dos problemas de cibersegurança com que o país se confronta e que serve para agilizar as capacidades de defesa. Quando as coisas estão a correr extremamente mal, este centro, que está em contacto permanente com o primeiro-ministro, devia ser capaz de fazer compreender ao Governo que é preciso passar para outra esfera, que é a ciberdefesa, que entra com outro músculo, com outras capacidades e com as suas alianças internacionais. Em Portugal, a ciberdefesa [sob a alçada do exército] está mais adiantada do que a cibersegurança. Mas um centro nacional de cibersegurança não pode ser um super-bunker. Na informática distribuída e segmentada de hoje em dia, seria um erro gravíssimo centralizar. No fundo, o Centro de Segurança é uma estrutura onde estão os contactos, a capacidade de acção, a capacidade de reacção imediata do ponto de vista estratégico. E que orienta vários outros centros, chamados CERT [Serviço de Resposta a Incidentes de Segurança Informática], que devem ser sectoriais e existir em todo o país.
Existem CERT em Portugal?
Há vários. O primeiro, que inspirou os outros, foi criado pela FCCN [Fundação para a Computação Científica Nacional], na altura dirigida pelo meu colega da Universidade de Lisboa, Pedro Veiga. E tem tido um papel absolutamente crucial no país, substituindo-se (lá está…) à tal estratégia e política que não existiram durante muito tempo. Mas como entretanto a FCCN foi extinta e passou para a égide da FCT, nem sequer sei como está agora a capacidade de acção do CERT.
E as armas da ciberdefesa, também são informáticas?
Sim. A cibersegurança é para quando o país está equilibrado – é uma actividade de todos os dias. Toda a gente tem de ter, todas as grandes empresas têm de ter peritos de cibersegurança e trabalhar em rede. Em tempos normais, as pessoas não desatam aos tiros, pois não? É essencialmente uma capacidade de defesa e alerta – contra vírus informáticos, por exemplo. Mas quando as coisas começam a correr mal, a ciberdefesa prevê a utilização de ciberarmas. Sei que isto pode fazer confusão, mas as ciberarmas de hoje em dia podem fazer tudo, incluindo destruir coisas. E acho que é precisa uma Convenção de Genebra das ciberarmas.
Ou seja, não é por se tratar de software que não causam danos físicos.
Exactamente. Há já uns anos, lembro-me de ter escrito um artigo no PÚBLICO sobre infra-estruturas críticas, com um parágrafo muito mansinho a explicar que o software podia fazer explodir coisas, porque senão os leitores iam achar que eu era um marciano… E esse cepticismo era mundial. Durante a década de 2000, só uma meia-dúzia de grupos de investigação no mundo previram que seria possível causar danos violentos apenas com pacotes [de dados] da Internet. Um deles foi o nosso. Entretanto, em 2010, surgiu o Stuxnet. Foi uma ciberarma [um worm] que sabemos que foi desenvolvida pelos serviços secretos americanos e israelitas – e não tenho dúvidas nenhumas, com a intervenção de investigadores de topo. É uma arma muito complexa, que se propagou na Internet, que foi andando pela rede e foi essa ciberarma que atacou as centrifugadoras de urânio iranianas e deu cabo de uma série delas. Nós já falávamos dessa possibilidade há dez anos.
Tenciona voltar para Portugal quando acabar o projecto?
Nada é impossível. Gosto muito de mar e de sol e, portanto, tudo vai depender da minha capacidade de me adaptar aqui. Mas o meu próximo prazo são cinco anos. Depois, logo penso.

Música-Dave Thomas Junior (Lost at sea)


Reflexões

...Agora, o terrorismo apresenta-se reclamando a condição de Estado, e não deixando de tornar a ameaça mais grave pondo o acento tónico religioso na designação, nos objetivos e na prática brutal da crueldade. As alianças, como os países, apenas se fortalecem sem benefício de inventário, e, portanto, não há erros cometidos entre os ocidentais que devam ser tomados em conta na tomada de decisões. Isso apenas agravaria a dificuldade de enfrentar os desafios do presente. Foi importante que Obama declarasse que "os EUA não serão intimidados pelas decapitações feitas pelos Estados islâmicos". O Ocidente deve ter prestado atenção ao toque do clarim do principal aliado.

Adriano Moreira in DN

Reclamam alguns que não se corrigiu o que correu mal no Brasil mas como se recuperariam num par de meses anos de trabalho por fazer e que resultaram em quantidade diminuta, qualidade discutível e inexperiência óbvia dos jogadores que poderiam protagonizar a renovação? Portugal tinha obrigação de ganhar à Albânia? Ninguém duvida. Paulo Bento tem cometido erros? Vários, e não conheço treinador que os não cometa. A demissão do selecionador é a solução? Do problema de fundo, não é, de todo. E não me convidem por favor para os grupos do Facebook que a reclamam, que há muito que me habituei a desconfiar de multidões ululantes e dos humores dos adeptos sazonais da seleção.

Carlos Daniel in DN

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Séries-Black Sails S01


Uma série diferente, sem fato e gravata, e com uma recriação engraçadita da época. Claro que a bonecada, sobretudo nos exteriores, e no mar em particular,  são fraquinhas.

Música-Sunday girl (where is my mind)


Reflexão-JPPereira in Abrupto

... como no Inferno quando se entra pela porta maldita e se deixa a dita esperança à entrada. Agosto é um bom mês para percebermos tudo. Milhares e milhares de jovens que não lêem um livro, passam o mês em festivais no meio do lixo, do pó, da cerveja e dos charros. Milhares e milhares de adultos vão meter o corpo na água e na areia, sem verdadeira alegria nem descanso. Outros muitos milhares de jovens e adultos nem isto podem fazer porque não tem dinheiro. No interior, já que não há correios, nem centros médicos, nem tribunais, proliferam as capitais, da chanfana, do caracol, do marisco, do bacalhau, dos enchidos, da açorda, as "feiras medievais" de chave na mão, as feiras de tudo e mais alguma coisa desde que não sejam muito sofisticadas. Não é uma Feira da Ciência, nem Silicon Valley.
As televisões, RTP, SIC e TVI “descentralizam-se” e fazem arraiais com umas estrelas pimba aos saltos no palco, mais umas “bailarinas”, nem sequer para um grande público. Incêndios este ano há pouco, pelo que não há imagens fortes, ficamos pelo balde de água. Crimes violentos “aterrorizam” umas aldeias de nomes entre o ridículo e o muito antigo, que os jornalistas que apresentam telejornais com tudo isto gostam de repetir mil vezes. Felizmente que já começa outra vez a haver futebol, cada vez mais cedo. O governo, com excepção das finanças e dos cortes contra os do costume, não governa, mas isso é o habitual. 
A fina película do nosso progresso, cada vez mais fina com a crise das classes ascendentes, revela à transparência todo o nosso ancestral atraso, ignorância, brutalidade, boçalidade, mistura de manha e inveja social. No tempo de Salazar falava-se do embrutecimento dos três f: futebol, Fátima e fado. Se houvesse Internet acrescentar-se-ia o Facebook como o quarto f. Agora não se pode falar disso porque parece elitismo. Áreas decisivas do nosso quotidiano hoje não são sujeitas à crítica, porque se convencionou que em democracia não se critica o "povo".
 Agosto é um grande revelador e um balde de água fria em cima da cabeça para aparecer na televisão ou no You Tube. Participar num rebanho, mesmo que por uma boa causa, podia pelo menos despertar alguma coisa. Nem isso, passará a moda  e esquecer-se-á a doença. Pode ser que para o ano a moda  seja meter a cabeça numa fossa séptica, a favor da cura do Ebola.

Assim não vamos a lado nenhum. Como muito bem sabem os que não querem que vamos a qualquer lado.

Argélia-sexta (La prière)


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Séries-Enemies of Reason

Esta série de dois episódios (...), em que Richard Dawkins, um ateu convicto, uma vez mais tenta desmontar a panóplia de trapaceiros que vingam na nossa sociedade, é particularmente acutilante, e talvez por isso, pouco dada a conhecer, já que mexe com muitos valores, a começar pelos da Religião.

Séries-Justified s05

Acabou-se o que era doce. A série Justified com o Timothy Elephant, xérife na outra famosa série de  western - Deadwood-, terminou na quinta temporada, apesar de terem deixado a porta aberta para outras.
Esta figura do Raylon Givens, marshall dos USA, é imparável, e povoa os nossos sonhos de criança, e até alguns dos meus de adulto, quando faz justiça de uma forma curta, sem espinhas e com poucas ou nenhumas palavras. O meu herói dos últimos tempos, pronto!


Reflexão - Saragoça da Matta

A sorte política de Portugal está traçada. E aborrece. Todos sabemos onde vai dar: a nenhures! A parte alguma nos conduzem, apesar de estarmos própria e devidamente ajaezados. Uma retrospecção mostra que o futuro, rebus sic stantibus, será igual ao passado. Seja na vida pessoal, seja na colectiva, não podem esperar-se mudanças sem alteração de atitudes. E se é difícil encontrar novas atitudes na vida individual, é virtualmente impossível modificá-las num colectivo.

Pior que tudo, temos por essência aceitar sempre, e de bom grado, o cabresto, o freio e as esporas! A confiança na perícia dos caudilhos é cá sebastiânica. E o busílis está aí: têm sido o que se vê! Desde os que mansamente nos sangram até onde podem, até aos que, alardeando mudança do rumo, apenas continuam as sangrias. "É preciso que algo mude, para que tudo fique na mesma", disse alguém um dia. Esses caudilhos, de comum entre si, têm sempre o mesmo denominador: a auto-preservação. Ora cavalgam a montada usando selas distintas, ora, cansados desta, saltam para montadas noutras paragens. Sempre aprumados e sorridentes. E saindo sempre abastados.

Os últimos anos, fossem de oficial fartura, fossem de assumida crise, foram sempre e apenas anos de abundância de crédito. Festivais de aparência política. Galas de sacrifício do futuro de gerações aos objectivos dos partidos. A desfaçatez levou a erigir em filosofia do Estado o princípio de que as dívidas não são para pagar: como se a prudência, o bom senso e até a Justiça não exigissem precisamente caminho inverso.

A máxima da condução do todo tem sido o "quem vier a seguir, que feche a porta"! Se Portugal sempre sobreviveu, não há-de ser agora que acaba. Mas o que pode acabar não é Portugal. É a qualidade mínima de vida da classe que produz. Mas isso pouco importa, se a base e o topo estiverem contentes: aí segue a máxima do "pão e circo".

Entre os apertos de cinto de Soares e os festins de Cavaco, entre a tanga de Barroso e os tempos de prodigalidade de Guterres e de Sócrates, só há uma certeza: a de que as esperanças de desenvolvimento económico, industrial e tecnológico de Portugal morreram... sem culpas! Ficam as tristezas e angústias dos que descreram do regime. E fica a inércia dos demais, que se vão intoxicando com as oficiais liberdades civis e políticas para olvidar a miséria económica da Nação. Infelizmente, o volume dos inertes é milhares de vezes superior ao dos descrentes.

Por isso, aproximando-se eleições, temos um Governo que agora diz ponderar o aumento do salário mínimo, que sempre recusou; que tendo subido impostos como nenhum outro o fez na história, agora diz desagradar-lhe o que fez. Também por isso temos um líder da oposição que sempre foi contra os aumentos de impostos, mas confessa agora que não os baixará. E temos, por fim, dois candidatos a líder da oposição entretidos em guerrilhas pessoais, mas sem darem a conhecer qualquer ideia que possa mesmo mudar o rumo de Portugal.

Em qualidade política estamos na mesma desde os tempos d' "A Pátria" de Guerra Junqueiro!

Advogado, escreve à sexta-feira

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Reflexão-LBC

 

A malta do "é igual ao litro"

Lagos - Esta tampa de esgoto está assim há anos e anos; e vai continuar a estar, pois quem trata destas "pequenas coisas" tem outras preocupações.

Carlos Medina Ribeiro no blog Sorumbático.

Reflexão (LBC)

"Estamos assim" ou "tempos difíceis, muito difíceis" são os termos que utilizo para definir o que se passa hoje em dia. Carlos Medina Ribeiro, no blog "sorumbático" mantém esta luta, seja contra os graffitis que invadem as paredes, seja contra as calçadas deficientemente recolocadas, seja com outros sinais que hoje em dia está sociedade exibe, e que não é mais do que o desprendimento individual, e a ausência de valores e de reconhecimento para com o mundo à sua (dos "selvagens"!) volta.

Por isso acho que "a malta do é igual ao litro" se aceita. Preferiria "os insurgentes do costume", ou os "vândalos do 5o esquerdo", ou "os canalhinhas sem cara", mas assim está mais "cousy". Digamos que o CMR, no fundo, no fundo, ainda acha que há remédio...

Espere, mas sentado, claro!

Séries-Tinker, tailor, soldier,spy (1974)

Uma história em sete episódios, de espiões britânicos, do tempo da guerra fria, com Sir Alec Guiness, e a sua voz inconfundível