quinta-feira, 14 de maio de 2015

Reflexão-LBC

História de um calção de banho e de uns sapatos de ténis
Hoje, 12.05.2015, fui ao Décathlon comprar uns calções de banho para as minhas aulas de hidroterapia. Demorei praticamente duas horas. E porquê?
Porque me recordei de uma outra história, esta passada há cerca de quarenta anos. Andava eu na altura entusiasmado com o voleibol, enquanto Junior, ou pré-sênior, do NVLGV. Precisei de uns sapatos de ténis adequados para o efeito. Ora, na altura, não havia lojas de desporto, a não ser uma da Adidas na R. Forno do Tiljolo, logo ao princípio, mas que não tinha sapatos de vôlei. Os únicos sapatos de ténis eram da marca Onitsuka, misteriosa e selectivamente comercializados num escritório da Lacoste, ali num primeiro andar da R. Filipe Folque, mediante se dizer que "se vinha da parte do professor Nuno Barros". Quase que uma seita! A última vez que lá fui, comprei dois pares, com a cor branca, listas azul e encarnada, daqueles que se dobravam todos, com uma sola finíssima, pesando pouquíssimo. Um achado! Uma compra milagrosa, cada um custando 300 escudos, creio.
Ora hoje de manhã lembrei-me dessa aventura. Entrei na loja da Décathlon, e antes de comprar os calções de banho, passeeie-me, demoradamente, pelas dezenas ou centenas de prateleiras de tudo o que se posso imaginar ligado ao desporto.
É, aliás, curiosa a diferença que existe neste meio, e que tanto me sensibiliza; desde o ambiente, à iluminação, passando pela multiplicidade da oferta, pelas cores, pela variedade dentro da especificidade do produto, tudo me fez demorar para apreciar um pouco mais pausadamente, o que hoje em dia esta nova sociedade, e neste ramo, nos oferece.
Claro que nem tudo é positivo. Num artigo que li ontem ou anteontem, começa-se novamente a regressar às raízes, ou seja, a reconhecer a mediocridade da oferta do produto "ginásio", em comparação com a gratuitidade e riqueza da prática ao ar livre. O que quer dizer que as pessoas tardam, mas reconhecem, que o que nos é oferecido encerra, por vezes, uma vacuidade e uma superficialidade de conteúdo, que não traz qualquer vantagem, de qualquer ordem, ao indivíduo. Ao que comercializa, não. Esse, tenta vender, por todos os meios, o barrete que ali está. Veja-se, a propósito, a mudança de política nos ginásios: deixou de haver obrigatoriedade em estar dois anos, oferecem agora a primeira mensalidade, semanas à borla, etc. E, claro, ginásios a fechar, são muitos. A velha história que tantas e tantas vezes aqui no blog tenho abordado.
Mas voltando ao Décathlon, e apesar de vacinado contra esta doença da obsolescência que vinga em todo o lado, sou obrigado a reconhecer o bom ambiente do local! Quanto ao produto, é necessário ir com a lição bem preparada para não se trazer, em vez de uns calções da banho, enfiar uns chinelos, uns óculos , uma pulseira para as pulsações, uma toca, uma toalha, etc...
(Apesar de não ter uma foto formal dos sapatos da Onitsuka, vou tentar incluir neste post uma foto tirada em Kieldrecht em 1981, onde estou com uma imperial dentro de um deles, deitado, a descansar.)
Quanto aos calções, e depois de muito procurar e experimentar, mas tendo em conta que ainda tenho três da Lacoste onde eu ainda me meto (...), foram baratos: seis euro. Experimentei outros por 3.95, em promoção, mas receei que depois da primeira lavagem, ficassem de outra cor, inclusive transparentes, o que no meio da piscina, confesso, me deixaria atrapalhado :)


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