terça-feira, 5 de novembro de 2013

Reflexões (vários)

Nicolau Vale Pais in Jornal Económico (comentadores de futebol)

Agora liguemos a televisão. Eis-nos perante um painel que debate até à exaustão o erro-ou-não-erro do árbitro. A tecnologia - indisponível para os juízes - brilha no LCD e surge uma linha amarela fictícia junto ao tal penúltimo homem, com a qual tem de estar alinhado o atacante, para que esteja "em jogo". Fala-se, gesticula-se, o "super slow motion" em HD hiperboliza: para uns errou, para outros não. E segue para o jornal do dia seguinte, com direito a "photo stills" que congelam rigorosamente o momento do passe. Andamos nisto há anos e, em 90% dos casos, é "bullshit" pura. Purinha. Um juiz aplica a lei, e o código que rege a aplicação da lei (o código do International Board da FIFA) é claro: nada a assinalar quando há dúvida razoável, beneficiar o ataque, o espectáculo. Ora, as discussões a que assistimos são entretenimento e não informação; porque se não houvesse "dúvida", também nada haveria que discutir e aquilo que tinha de ser dito era isto: o árbitro ajuizou bem ao não assinalar. Nós aqui - mesmo com tecnologia - não conseguimos consensos, portanto, há que, de acordo com as recomendações superiores, nada assinalar. E nada a discutir. Um juiz não faz a lei, senão não era um juiz, era um "Sheriff".

Alberto Gonçalves in DN (escutas da NSA ao Governo)

Alívio cómico

Todo vaidoso, o Governo jurou não existirem quaisquer indícios de que entidades nacionais tenham sido escutadas pelas agências de espionagem americanas. Em vez de orgulho, o Governo deveria mostrar vergonha e perguntar-se porquê. O pior era a resposta: porque não pesamos no mundo. A menos, claro, que a CIA e aparentados andem com demasiado tempo livre e reservem o fim do dia para a merecida galhofa. Temos um país falido cuja população exige nas ruas a manutenção das causas da falência. Temos um Governo que demora nove meses a parir um "guião" para a reforma do Estado que se limita a reformar, com pensão vitalícia, a lucidez dos que o levarem a sério. Temos um ex-primeiro-ministro vocacionado para o embuste e preparado para voltar a mandar no exacto país que arruinou com empenho. Temos a dra. Assunção. Temos o "repúdio" ao sr. Blatter. Temos o dr. Seguro. Temos os "trabalhadores" da CGTP em greves e manifestações tão sucessivas que não há quem lhes retenha as datas. Temos uma "inteligência" convencida de que o nosso atraso de vida é culpa do "estrangeiro". Temos, em suma, os ingredientes necessários para que os espiões dos EUA passem um bom bocado. Fora do expediente.

J. Nogueira Pinto in Sol

Não querem saber. Mas é bom saberem que um país em que não existe segredo de justiça e, qualquer dia, segredo bancário, é um país pouco convidativo, não só para os angolanos mas para quaisquer investidores. Mas viva a transparência.

Adriano Moreira in DN

Nesta crise ocidental, que participamos, o conceito de gente do passado é mais de definição orçamental, para enfrentar o fenómeno da "geração grisalha", gente do passado cujos impostos contribuíram para custearem a perfeição gestora atual, sem riscos de tributação retroativa.

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