Foi original, inesperado e, de alguma forma, "puzzling". Em 14.05.2025, o João Leite desafiou-me para um almoço à beira rio, na Trafaria onde, periodicamente, a nossa tertúlia "DSL2" da Escola Alemã, costuma almoçar.
E ofereceu-me este livro, "Remissão".
Há décadas, desde que dei o salto literário, que apenas leio ensaios, biografias e relatos históricos. Romances, esporadicamente. Há pouco tempo recordei "Aparição" de Vergílio Ferreira.
Deixei o romance, apesar de ter sido este um dos legados que a minha tia Ana me deixou, ou seja, o hábito de leitura. "A viagem do Port Polis" foi o primeiro grande livro, recordo-me, ainda em Fontanelas.
Este retorno às origens foi particularmente apreciado. Pela lembrança do João - mais uma -, e pelo ensaio em si.
Independentemente da escrita não ser a tradicional, e de eu ter tido, por isso, algum rebuço no início, a coisa fluiu. E bem.
Que bem está o romance lançado com a morte do João no desastre, e que bem construídas estão as personagens principais a partir dali. O drama da viúva Mariana; as conversas bem trabalhadas e filosóficas com o Padre Aleixo; o tormento do professor Júlio, autor do desastre que vitimou o João, e da sua mulher (comovente a conversa final entre ele e Beatriz); as amigas Beatriz com a "cruz" do marido (que bem trabalhada a parte profissional da farmacêutica, dos negócios paralelos de construção civil que mantinha e do amargo desfecho) e da amante; a Cláudia com a sua panca pela violação que sofreu, e a figura do capitão Rui Coimbra que a traz de novo à vida mas que, fica inapelavelmente marcado com a solução que encontra.
Foi uma alegre surpresa que li em meia dúzia de dias. Obrigado João.
Fica a expectativa, obviamente, de uma explicação sobre a razão de ser da oferta deste livro que versa sobre "o perdão", e que o João fez menção de sublinhar no almoço. Aguardemos, então.
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