segunda-feira, 19 de maio de 2025

Reflexão - LBC (as eleições)


Mais umas eleições. Mais um verdadeiro festim para esta amostra de comunicação social, para os nossos "políticos", para todos os que, gulosa e denodadamente subsistem à pála desta intermitente transumância que decorre de uma viciada transição política de há cinquenta anos.

Depois de umas legislativas em que o partido Chega saltou de uns escassos 11 deputados para 50, devido, entre outras razões, à diminuição da abstenção, eis que salta e ganha o título de "partido primeiro de oposição"

Atenhamo-nos ao período pré eleitoral, às sondagens (inexactas!), aos debates (força de expressão...) e à forma como os media "avaliaram" o líder daquele partido.

Secundarizando a habitual forma truculenta de debate do líder do partido que insiste no modelo e forma para, mais que não seja, não ser apelidado de hipócrita, como a generalidade dos outros efectivamente o são, os debates foram, quase sempre, liderados por ele. E todos os participantes adoptaram o mesmo registo: não informar, debater o acessório, espalhar o trivial, divulgar o poucochinho, fazer esquecer o passado.

Paradoxalmente, os "comentadores" - leia-se pseudo avaliadores - sempre lhe atribuíram a derrota, tirando um ou outro caso, facilmente justificável. Recorde-se, por exemplo, o caso de Paulo Raimundo. O PCP / CDU está, como se sabe e como os números revelam, a prazo.  E caiu em desgraça. Como tal, é fácil a comunicação social descartá-lo(s) da corte dos elegíveis (ao contrário dos joviais BE e Livre). Atribua-se, neste caso, uma pequena vitória ao Chega. Não "incomoda", até fica bem e de hoje para amanhã não poderão dizer que "não fomos imparciais"...

Como se explica que, finda a contagem, os eleitores continuem a atribuir a André Ventura uma pontuação que em nada condiz com a dos "comentadores"?  Será um problema de incompetência dos comentadores ou de estupidez dos votantes? Mas, neste último caso, tantos?

A primeira e mais elementar conclusão que a generalidade extrairá será: os eleitores, os que optaram por aquela linha política, são obviamente estúpidos. Mas, com a dimensão daquele resultado? E não evoluíram desde a última eleição? 

A segunda conclusão, por oposição à primeira, é que os "comentadores" - especialistas da matéria por definição -, terão falhado na sua apreciação dos debates pois sempre atribuíram a AV a derrota. Bem, mas então, são naturalmente incompetentes. Mas, por outro lado, eles não são OS especialistas? Não foram eles que passaram horas e horas a ocupar o espaço público a perorar, a criticar e rebaixar o líder do partido e a atribuir-lhe derrotas sucessivas e notas negativas, consecutivamente? 

Outra conclusão que poderá ser tirada e que me parece ser a mais assertiva, é que os "comentadores" tentaram influenciar a opinião geral, mas não conseguiram. Neste caso, além de confirmarem a sua incompetência por não terem atingido o objectivo, teremos de reflectir se terão o direito de o fazer da forma como foi feito; manhosamente, persistentemente, com o conluio maioritário dos outros profissionais, mas à revelia daquilo que é a sua obrigação principal: informar.

Como é que é possível ter o exército de "comentadores" que nos é, literalmente, atirado, e todos afinarem pela crítica generalizada a um líder de partido que consegue obter o resultado que obteve? Que paradoxo é este? Sim, porque o país já sabemos qual é.

O partido em causa tem, como todos, defeitos: nunca governou; não tem, de momento (terá no futuro?...), quadros para o efeito; tem uma percentagem inflacionada de votantes; tem um líder que sobressai pela truculência e pela suprema habilidade em virar o debate, etc. 

(Acresce que, tenho a certeza, esta supremacia do líder potenciará, um dia, cisões graves dentro do partido).

Mas, estamos em democracia. E o assunto, neste caso é, simplesmente, avaliar. Simples! E não, manipular.

Aos que têm hipótese e capacidade para governar, compete-lhes governar. Aos outros, fazer oposição Se for possível, serena, prudente e construtivamente.

Ao Pedro Nuno Santos, o homem dos tremores nas pernas dos alemães, da localização efémera do Aeroporto, da TAP, etc.,  o voto de melhores dias na sua empresa privada. Ao PS, nem sei...

Ao Bloco de Esquerda, inflaccionado com os "três estarolas" (como é possível?), o que se esperava...

Mas será que a Esquerda não (se) entende?

O mundo mudou, a Europa mudou. Mas há quem viva noutro mundo.

Esperemos apenas que não muda para o outro lado...


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